Por Jessica Hamzelou
Publicado na New Scientist
No final de 2019, as autoridades de saúde na China haviam alertado o mundo sobre um novo vírus, que estava causando pneumonia em diversas pessoas em Wuhan, desde meados de dezembro. Desde então, o número de casos explodiu, com mais de 600 casos confirmados em 23 de janeiro. O vírus foi confirmado como um novo coronavírus, na mesma família que a SARS e a MERS.
O que é um coronavírus?
Os coronavírus são comuns e geralmente causam sintomas respiratórios leves, como tosse ou coriza. Alguns são mais perigosos. A SARS, que infectou mais de 8000 pessoas, foi responsável por 774 mortes durante um surto iniciado em 2003. A MERS, identificado pela primeira vez em 2012, é ainda mais mortal – cerca de 34% das pessoas infectadas pelo vírus morrem.
Quais são os sintomas do novo vírus?
As pessoas que foram diagnosticadas com o vírus tendem a ter febre e tosse, e algumas têm dificuldade em respirar. Os sintomas parecem se manifestar em algum momento entre dois dias e duas semanas após a pessoa ter sido exposta ao vírus, segundo as autoridades de saúde.
Como é o diagnóstico e o tratamento?
As autoridades de saúde chinesas sequenciaram o genoma do vírus e compartilharam essas informações, permitindo que grupos ao redor do mundo pudessem testar o vírus. Como ainda não existem tratamentos antivirais específicos para a infecção, os portadores do vírus são tratados por seus sintomas.
De onde vem o vírus?
A Organização Mundial da Saúde disse que ainda está trabalhando para identificar a fonte do vírus. Mas muitos dos primeiros casos confirmados foram em pessoas que visitaram um mercado de alimentos em Wuhan, China. O mercado, que vende animais de criação e selvagens, foi fechado e desinfetado.
Uma análise genética recente sugere que o novo vírus é semelhante ao que costuma infectar morcegos e cobras. Os pesquisadores acreditam que isso pode ter sido resultado da separação dos vírus em morcegos e cobras que, em seguida, recombinaram-se. Isso poderia ter acontecido na natureza, mas também no mercado, onde os animais foram mantidos próximos um do outro.
Como o vírus se espalhou para os seres humanos?
A mesma análise genética sugere que o vírus pode ter desenvolvido a capacidade de saltar de cobras para pessoas graças a uma mutação no gene de uma proteína. Se o vírus fosse secretado nas fezes dos animais, isso poderia ter sido aerossolizado e inspirado, especulam alguns pesquisadores.
Para onde o vírus se espalhou até agora?
A maioria dos casos confirmados ocorreu em Wuhan, onde pelo menos 444 pessoas foram diagnosticadas com o vírus. Mas muitos outros casos foram confirmados na China, incluindo em Pequim, Xangai e Guangdong. No total, existem mais de 600 casos confirmados somente na China.
Mas o vírus também se espalhou internacionalmente. Os casos foram confirmados na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, EUA e, mais recentemente, Cingapura e Vietnã. Até agora, todos esses casos confirmados estão em pessoas que viajaram da China. Mas centenas de casos suspeitos estão sendo investigados em países da Ásia, assim como no Reino Unido e no México.
O quão contagioso é o vírus?
É muito cedo para saber com que facilidade o vírus se espalhará. Ele está no ar e sabemos que pode ser transmitido entre as pessoas. As autoridades chinesas apresentaram evidências de casos de quarta geração em Wuhan e infecções de segunda geração fora da cidade.
A Organização Mundial da Saúde realizou cálculos preliminares para o número médio de infecções que cada pessoa infectada pode causar, conhecida como R0. Estima-se que seja de 1,4 a 2,5 pessoas por pessoa infectada. Em comparação, a gripe sazonal geralmente tem um R0 de cerca de 1,3.
O quão mortal é o vírus?
Até agora, 17 mortes foram ligadas ao vírus, o que sugere uma baixa taxa de mortalidade de cerca de 4%. “A maioria das pessoas pressupõe que esse é um espectro entre uma infecção relativamente leve e a SARS, que apresentou uma taxa muito alta de mortalidade”, diz Mark Woolhouse, da Universidade de Edimburgo, Reino Unido. Novamente, é muito cedo para ter certeza. Há preocupações de que o vírus possa sofrer mutações e se tornar ainda mais perigoso.