Toda pessoa, seja criança ou adulta, já se pegou em algum momento olhando para o céu e imaginando se em alguma estrela perdida por aí existe um planeta com seres como nós. Isso não é só uma dúvida de crianças ou adultos, mas é um assunto que mobiliza os melhores cientistas e pensadores que existem ou já existiram. Nesse artigo não vou abordar a possibilidade de vida em outros planetas, mas olharei sob um outro aspecto: quais seriam as implicações de sermos únicos no Universo?
Não existe nenhum problema se olharmos pelo ponto de vista do Universo. Ele existe e continuará existindo independente de nós. Nesse caso somos apenas hospedeiros de uma imensa nave cósmica chamada Terra. Nossas ações, pensamentos ou descobertas nada interferem na dinâmica cósmica. O problema de estarmos sozinhos no Universo é exclusivamente humano e até um pouco antropocêntrico. Pense o seguinte: embora as probabilidades de outras formas de vida existirem sejam altas, até agora estamos sozinhos. Ou seja, possuímos um diferencial que até agora nos torna únicos. Estamos cuidando bem para que esse diferencial realmente seja aproveitado?
Como eu disse antes, esse problema pode envolver um pouco de antropocentrismo. Pessoalmente não vejo mal em utilizar um pouco de pensamentos antropocêntricos (gostamos de colocar o ser humano como centro de tudo) como uma forma de proteger a espécie, mas basta olhar um pouco os noticiários para perceber que não estamos cuidando como deveríamos de tudo o que é nosso. A vida propriamente dita é uma coisa rara, é uma exceção, não uma regra. Sabemos, por exemplo, que o aquecimento global está acontecendo e que pode ser uma ameaça à nossa espécie, mas o esforço de poucos para alterar o quadro não é o suficiente para convencer grandes corporações e governos de que estamos aos poucos destruindo nosso ecossistema. Também não é novidade que o consumismo desenfreado criado pelo sistema capitalista do início do século XX nos obriga a sempre desgastar ecossistemas em busca de matéria-prima.
Felizmente conseguimos sair vivos de um período que poderia ser a nossa extinção: a guerra fria. Como dito por Carl Sagan, talvez olharemos de volta para a guerra fria no futuro e a veremos como a quase extinção da espécie humana por armas nucleares. Quem sabe se os governantes da época estivessem um pouco mais preocupados ou até mesmo conscientizados sobre a raridade da vida não teriam posto uma civilização inteira em risco. É aí que entra a necessidade e emergência de pensarmos como se fôssemos os únicos no Universo. Não faz sentido desgastar o ambiente em que nossos filhos viverão se propostas de sustentabilidade já se mostraram eficientes. Tampouco faz sentido permitir que tais propostas de sustentabilidade sejam engavetadas para que grandes corporações continuem devastando e dificultando a propagação de vida na Terra.
Nós, como humanos e até como (por enquanto) os únicos do Universo devemos tratar melhor essa questão. Nosso planeta abriga uma exceção, precisamos agir como tal. Dizem que é uma característica humana esperar até o último momento para resolvermos nossos problemas ou realizarmos tarefas. Seria uma pena se o último momento fosse tarde demais.
Qual é o problema de estarmos sozinhos? Se realmente estivermos sozinhos, não estamos fazendo o suficiente para garantir que a vida seja mantida a salvo. O velho discurso de “cada um faça a sua parte” faz sentido quando aplicado a populações. Talvez esteja na hora de pensarmos e agirmos como se fôssemos uma só civilização, sem distinção de país, raça, língua ou conhecimento, fazendo jus a nossa raridade como seres vivos.