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Redução dos níveis de gordura no sangue reduzem estresse e melhoram bem-estar

A coexistência de estresse psicológico com maior obesidade e adiposidade fornece subsídios para indicar o estresse como fator determinante essencial da saúde. Do ponto de vista fisiológico, o estresse tem sido associado à hipertensão, alteração do controle do metabolismo de carboidratos (diabetes) e de gordura (dislipidemia), pressão arterial elevada, aumento da frequência cardíaca e alterações da cascata de coagulação sanguínea, sugerindo o estresse como fator de risco para distúrbios metabólicos. Os mecanismos biológicos que ligam o estresse psicológico à aterosclerose e obesidade foram propostos anteriormente, incluindo inflamação e atividade alterada do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal ou via neuroendócrina.

A pesquisa conduzida na University of Eastern Finland, Finlândia, publicada na Scientific Reports, analisou como metabolitos plasmáticos específicos refletem alterações no bem-estar psicológico e na composição corporal.

Foram avaliados indivíduos com sobrepeso ou obesidade moradores de Helsinque, Jyväskylä e Kuopio (Finlândia) com sintomas de estresse auto-percebido e relatados. A pesquisa englobou um estudo de intervenção com estilo de vida controlado aleatoriamente, em setembro de 2012 a junho de 2013 e janeiro a outubro de 2013. Os participantes tinham entre 25 e 60 anos de idade, índice de massa corporal entre 27 e 34,9 kg/m2, estresse psicológico ≥3 pontos, de acordo com o General Health Questionnaire (GHQ-12).

O programa de intervenção teve como objetivo apoiar mudanças no estilo de vida e melhorar o bem-estar por meio de ações comprometidas com base em valores pessoais importantes. Os tópicos das seis sessões foram: (i) minha vida aqui e agora; (ii) valores e vida consciente; (iii) ações e barreiras baseadas em valor; (iv) o eu observador e aceitação; (v) alimentação consciente; e (vi) resumo e reflexão.

Um grupo de 60 voluntários formaram o grupo com intervenção e 64 voluntários não passaram pela intervenção.

Os resultados mostraram que o grupo intervenção apresentou melhora mais acentuada no bem-estar psicológico, indicado por maiores índices de relaxamento e menor estresse, referente a maior flexibilidade psicológica.

Portanto, a pesquisa fornece fortes evidências de que reduzir parâmetros sanguíneos referentes à gordura (colesterol, triglicérides) repercute positivamente no bem-estar.

Referência

  • Noerman, S., Klåvus, A., Järvelä-Reijonen, E. et al. Plasma lipid profile associates with the improvement of psychological well-being in individuals with perceived stress symptoms. Sci Rep 10, 2143 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-59051-x
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br