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O buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia está se tornando mais ativo

Por Michelle Starr
Publicado na ScienceAlert

Sagitário A*, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, não é bem um lugar tumultuado. Não é classificado como um núcleo galáctico ativo – ou seja, aqueles núcleos galácticos que brilham de forma extremamente intensa enquanto se alimentam de grandes quantidades de material do espaço ao redor.

No entanto, o brilho do centro da nossa galáxia flutua um pouco pelo espectro eletromagnético diariamente. Os astrônomos agora confirmaram que, nos últimos anos, as explosões de raios-X mais energéticas de Sgr A* aumentaram.

O artigo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics e já está disponível no arXiv durante o processo de revisão por pares. Os resultados corroboram com as conclusões de estudos anteriores que descobriram que nosso centro galáctico está realmente ficando inquieto.

Especificamente, uma equipe de pesquisadores franceses e belgas liderados pela astrofísica Enmanuelle Mossoux, da Universidade de Liège, na Bélgica, continuou seu trabalho a partir de um artigo de 2017 que constatou que a taxa de erupções luminosas aumentou três vezes a partir de 31 de agosto de 2014.

O trabalho anterior – também de coautoria de Mossoux – estudou dados de raios-X sobre Sgr A* dos observatórios XMM-Newton, Chandra e Swift coletados entre 1999 e 2015. Eles detectaram 107 explosões no total. Não só os raios mais brilhantes aumentaram após agosto de 2014, como os mais fracos diminuíram a partir de agosto de 2013.

Para descobrir se essas tendências continuaram, Mossoux e colegas coletaram e analisaram os dados dos três telescópios entre 2016 e 2018. Eles detectaram mais 14 explosões para adicionar aos dados anteriores, totalizando 121.

Em seguida, eles analisaram todos as erupções, usando os métodos anteriores, e revisaram os métodos para determinar a taxa e a distribuição das erupções. Eles descobriram que uma das conclusões anteriores estava incorreta – não houve redução na taxa de erupção fraca; estas permaneceram bastante estáveis ​​durante o período coberto pelos dados.

“No entanto, isso não mudou nosso resultado global: uma alteração na taxa de erupção é encontrada nas explosões mais brilhantes e energéticas na mesma data que foi encontrada na seção anterior”, escreveram os pesquisadores em seu artigo.

Embora esses estudos se refiram apenas à erupção de raios-X, eles não são a única dica de que nos últimos temposalgo está acontecendo em Sgr A*. No ano passado, o buraco negro brilhou 75 vezes seu brilho usual no infravermelho próximo – o mais brilhante que já observamos nesses comprimentos de onda.

A equipe que analisou as observações no infravermelho próximo compilou um conjunto de dados de 133 noites a partir de 2003; e no ano passado, eles encontraram três noites em que a atividade de infravermelho próximo de Sgr A* foi elevada. Eles disseram em seu artigo que isso era “sem precedentes em comparação com os dados históricos”.

(Não se preocupe, Sgr A* está a 26.000 anos-luz de distância. O grande buraco negro do mal não pode nos pegar.)

Mossoux e sua equipe também verificaram se a atividade de 2019 é consistente com suas descobertas recentes. Eles analisaram os dados do Swift a partir de 2019 e encontraram quatro explosões brilhantes, o maior número já observado em uma único trabalho, confirmando que o buraco negro não está se acalmando.

Além disso, os dados de XMM Newton e Chandra de 2019 – com lançamento previsto para este ano – podem revelar ainda mais sobre a atividade peculiar de raios-X e o que pode estar causando isso – se é o disco de acreção, ou alguma outra coisa, como um evento de perturbação de marés causado pela passagem asteroides.

Observações em outros comprimentos de onda também podem revelar mais informações. Mais observações periódicos em infravermelho próximo e ondas de rádio podem nos ajudar a descobrir o que está causando a agitação de Sgr A*.

“Desde 2014, a atividade de Sgr A* aumentou em vários comprimentos de onda”, escreveram os pesquisadores.

“Dados adicionais de vários comprimentos de onda são necessários para concluir algo sobre a persistência desse aumento e obter pistas sobre a fonte dessa atividade sem precedentes do buraco negro supermassivo”.

A pesquisa foi publicada pela Astronomy & Astrophysics e está disponível no arXiv.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.