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Resfriados comuns podem ter ‘preparado’ o sistema imunológico de algumas pessoas para a COVID-19

Por Aylin Woodward
Publicado no Bussiness Insider

Um resfriado que você teve anos atrás pode ser útil se seu corpo precisar combater o novo coronavírus.

De acordo com um estudo publicado terça-feira, algumas pessoas que nunca foram expostas ao novo coronavírus podem ter células T que reagem a ele. Os cientistas pensam que é porque essas células aprenderam anteriormente a identificar e combater os coronavírus que causam resfriados comuns.

Um tipo de glóbulo branco, as células T são uma parte crucial da defesa do corpo contra um vírus: elas identificam e destroem as células infectadas enquanto também informam as células B sobre como criar novos anticorpos. Quando você está infectado, seu sistema imunológico gera anticorpos e esses glóbulos brancos.

Os níveis de anticorpos podem cair nos meses seguintes a uma infecção, mas as células T de memória permanecem por anos e podem ajudar a montar outro ataque, caso o mesmo vírus retorne.

Pesquisas recentes sugerem que as células T que se lembram de como combater outros coronavírus podem dar às pessoas uma vantagem imunológica contra o novo coronavírus.

“Isso pode ajudar a explicar por que algumas pessoas apresentam sintomas mais leves da doença, enquanto outras ficam gravemente doentes”, disse Alessandro Sette, coautor do novo estudo, em comunicado de imprensa. Ele alertou, no entanto, que é muito cedo para dizer se essa memória imunológica preexistente afeta os resultados dos pacientes com COVID-19.

Algumas células T reconhecem o novo coronavírus sem o terem visto antes

A equipe de Sette analisou amostras de sangue coletadas entre 2015 e 2018 de 25 pessoas que, é claro, nunca tiveram COVID-19. Eles descobriram que aqueles indivíduos não expostos tinham células T de memória que podiam reconhecer o novo coronavírus e os quatro tipos de coronavírus comuns do resfriado.

Essas descobertas foram baseadas na pesquisa de Sette publicada em maio, na qual ele descreveu 10 pessoas que nunca haviam sido expostas ao novo coronavírus e que tinham células T auxiliares capazes de identificar e reagir contra ele.

Ele também fez uma análise mais ampla, analisando dados de coortes nos EUA, Holanda, Alemanha, Cingapura e Reino Unido, e concluiu que os glóbulos brancos de 20% a 50% das pessoas não expostas ao novo coronavírus reagem de forma significativa a ele.

“A reatividade imunológica preexistente existe até certo ponto na população em geral”, escreveu Sette na análise.

Dois outros estudos recentes oferecem ainda mais evidências para essa conclusão.

O primeiro, publicado no mês passado, descobriu que entre 68 alemães saudáveis ​​que nunca tiveram COVID-19, mais de um terço tinha células T que reagiram ao vírus. O segundo, publicado na revista Nature, descobriu que mais da metade de um grupo de 37 pessoas saudáveis ​​que nunca receberam COVID-19 tinham células T de memória que podiam reconhecer o novo coronavírus.

O estudo da Nature também examinou 23 pessoas que sobreviveram à SARS – que também é um coronavírus – e descobriu que elas ainda tinham células T de memória específicas para SARS 17 anos após ficarem doentes. Essas mesmas células T também reconheceram o novo coronavírus.

Pessoas com células T com reatividades cruzadas podem montar uma resposta imunológica mais rápida

A explicação mais provável para essas observações é um fenômeno chamado reatividade cruzada: quando as células T especializadas em resposta a um vírus reagem a um patógeno semelhante, mas antes desconhecido.

Isso pode dar ao sistema imunológico uma vantagem.

“Nesse caso, você começa com um pouco de vantagem – um avanço na corrida armamentista entre o vírus que deseja se reproduzir e o sistema imunológico que deseja eliminá-lo”, disse Sette ao Business Insider.

Na ausência de células T com reatividades cruzadas, seu corpo precisa montar sua defesa a partir do zero – o que pode afetar a velocidade com que seu sistema imunológico pode responder ao vírus invasor. Níveis variados de reatividade cruzada podem, portanto, “traduzir-se em diferentes graus de proteção”, disse Sette.

“Ter uma resposta forte das células T ou uma resposta protetiva das células T pode lhe dar a oportunidade de montar uma resposta muito mais rápida e forte”, acrescentou.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.