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Restos mortais de 5.000 anos podem ser os cavaleiros mais antigos conhecidos

Traduzido por Julio Batista
Original de Isaac Schultz para o Gizmodo

Pesquisadores que investigaram restos mortais em kurgans – túmulos de 5.000 anos – encontraram evidências de que algumas pessoas do Neolítico andavam a cavalo.

As descobertas preenchem uma lacuna em dois momentos fundamentais da relação da humanidade com os cavalos: a primeira evidência da domesticação do cavalo (cerca de 5.500 anos atrás) e as primeiras carruagens puxadas por cavalos (4.000 anos atrás). A pesquisa foi publicada hoje na Science Advances.

Uma equipe de arqueólogos e bioantropólogos oferece a primeira análise científica dos restos mortais de cinco pessoas da Cultura Yamna, encontrados em sítios arqueológicos na Romênia, Bulgária e Hungria. Os Yamnaya, como também são chamados, eram um grupo de agricultores das estepes que viviam nas áreas ao norte dos mares Negro e Cáspio durante o período neolítico. Os pesquisadores também analisaram mais de 200 esqueletos previamente estudados de 39 sítios arqueológicos no sudeste da Europa.

Eles descobriram que os cinco esqueletos da Cultura Yamna – junto com outros 19 da amostra maior – mostravam sinais de cavalaria, incluindo locais específicos de fixação de músculos nas pernas, mudanças na forma dos encaixes do quadril, degradação das vértebras de movimentos regulares para cima e para baixo, e algum trauma indicativo de quedas, coices ou mordidas de cavalos.

“Eles não exibem nenhuma deformação, apenas ligeiras adaptações e pequenas marcas degenerativas nas articulações”, disse Martin Trautmann, bioantropólogo da Universidade de Helsinque e principal autor do estudo, em um e-mail ao Gizmodo. “No total, o povo Yamnaya mostra um estado geral de saúde excepcionalmente bom.”

Trautmann acrescentou que esses sinais fisiológicos de cavalaria – tensão musculoesquelética e degeneração das articulações – não fariam com que os indivíduos parecessem particularmente diferentes de nós (da mesma forma, você não pode realmente diferenciar um cowboy de alguém que só anda de carro).

Pesquisas anteriores sobre restos de cavalos no sudeste da Europa dão uma indicação do tipo de animal que esses humanos antigos montavam. “Eles estavam, é claro, mais próximos do extinto tipo de cavalo selvagem, que se parecia com os cavalos de Przewalski – qu eram médios, atarracados, com peito largo e pescoço grosso”, disse Trautmann. Isso os coloca na mesma categoria dos cavalos de guerra medievais do tamanho de pôneis da Europa.

Como a parafernália associada à equitação é feita de materiais perecíveis, como pedaços de madeira ou corda à base de fibra, olhar para restos humanos em busca de sinais de equitação pode ser mais produtivo do que olhar para restos de cavalos ou para a cultura material associada a cavalos, escreveram os pesquisadores.

Um indivíduo mostrou a evidência mais antiga de equitação: um esqueleto de 6.300 anos da Hungria. Esse indivíduo “surpreendentemente mostrou quatro das seis patologias da equitação, possivelmente indicando a equitação um milênio antes dos Yamnaya”, disse David Anthony, antropólogo do Hartwick College e da Universidade de Harvard, em um comunicado da Universidade de Helsinque.

“Um caso isolado não pode sustentar uma conclusão firme, mas em cemitérios neolíticos desta época nas estepes, restos de cavalos foram ocasionalmente colocados em sepulturas humanas com os de gado e ovelhas, e maças de pedra foram esculpidas em forma de cabeças de cavalo”, acrescentou Anthony.

Um amplo conjunto de estudos publicados no ano passado demarcou 10.000 anos de história humana por meio de mistura genética, incluindo como a Cultura Yamna se espalhou no Arco Sul, a região que conecta o sudeste da Europa com a Ásia Ocidental. O DNA dos Yamnayas também está presente nos povos antigos da Bacia de Junggar, no noroeste da China. Adicionar cavalos à história da Cultura Yamna e sua distribuição pode ajudar a explicar a migração humana no Neolítico.

Abordagens baseadas em DNA para estudar a domesticação de cavalos nos ajudam a entender como os cavalos selvagens modernos derivam dos antigos. Mas também é útil observar cavalos no registro arqueológico humano – e pode revelar detalhes fascinantes, como a forma como alguns cavalos foram enterrados vivos com humanos da Idade do Ferro.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.