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Sítio de fósseis revela que artrópodes gigantes dominavam os mares há 470 milhões de anos

Traduzido por Julio Batissta
Original de Universidade de Exeter

Descobertas em um novo e importante sítio de fósseis no Marrocos sugerem que artrópodes gigantes – parentes de criaturas modernas, incluindo camarões, insetos e aranhas – dominaram os mares há 470 milhões de anos.

Evidências iniciais do sítio paleontológico em Taichoute, que no passado estava submerso no mar mas agora é um deserto, registram numerosos grandes artrópodes “nadando livremente”.

Mais pesquisas são necessárias para analisar esses fragmentos, mas com base em espécimes descritos anteriormente, os artrópodes gigantes podem ter até 2m de comprimento.

Uma equipe de pesquisa internacional diz que o local e seu registro fóssil são muito diferentes de outros locais previamente descritos e estudados dos xistos de Fezouata a 80 km de distância.

Eles dizem que Taichoute (considerado parte da “Biota de Fezouata”) abre novos caminhos para pesquisas paleontológicas e ecológicas.

“Tudo é novo nesta localidade – sua sedimentologia, paleontologia e até a preservação de fósseis – destacando ainda mais a importância da Biota DE Fezouata para completar nossa compreensão da vida passada na Terra”, disse o principal autor, Dr. Farid Saleh, da Universidade de Lausanne e da Universidade de Iunã.

O Dr. Xiaoya Ma, da Universidade de Exeter e da Universidade de Iunã, acrescentou: “Embora os artrópodes gigantes que descobrimos ainda não tenham sido totalmente identificados, alguns podem pertencer a espécies descritas anteriormente da Biota de Fezouata e outras certamente serão novas espécies.”

Grandes fragmentos de artrópodes nectônicos. (Créditos: Bertrand Lefebvre)

“No entanto, seu grande tamanho e estilo de vida de natação livre sugerem que eles desempenharam um papel único nesses ecossistemas”.

Os Xistos de Fezouata foram recentemente selecionados como um dos 100 sítios geológicos mais importantes do mundo devido à sua importância para a compreensão da evolução durante o período Ordoviciano Inferior, cerca de 470 milhões de anos atrás.

Fósseis descobertos nessas rochas incluem elementos mineralizados (por exemplo, conchas), mas alguns também mostram preservação excepcional de partes moles, como órgãos internos, permitindo aos cientistas investigar a anatomia da vida animal primitiva na Terra.

Os animais dos Xistos de Fezouata, na região de Zagora, no Marrocos, viviam em um mar raso que passou por repetidas atividades de tempestades e ondas, enterrando as comunidades animais e as preservando no local como fósseis excepcionais.

No entanto, os animais nectônicos (ou de natação livre) continuam sendo um componente relativamente menor na Biota de Fezouata.

O novo estudo relata a descoberta dos fósseis de Taichoute, preservados em sedimentos alguns milhões de anos mais jovens que os da área de Zagora e dominados por fragmentos de artrópodes gigantes.

O local recém-descoberto dos Xistos de Fezouata. (Créditos: Bertrand Lefebvre)

“As carcaças foram transportadas para um ambiente marinho relativamente profundo por deslizamentos de terra subaquáticos, o que contrasta com as descobertas anteriores de preservação de carcaças em locais mais rasos, que foram soterrados por depósitos de tempestades”, disse o Dr. Romain Vaucher, da Universidade de Lausanne.

A professora Allison Daley, também da Universidade de Lausanne, acrescentou: “animais como braquiópodes são encontrados presos a alguns fragmentos de artrópodes, indicando que essas grandes carapaças agiam como reservas de nutrientes para a comunidade de habitantes do fundo do mar, uma vez que estavam mortos e soterrados no fundo do mar. “

O Dr. Lukáš Laibl, da Academia Tcheca de Ciências, que teve a oportunidade de participar do trabalho de campo inicial, disse: “Taichoute não é importante apenas devido ao domínio de grandes artrópodes nectônicos.

“Mesmo quando se trata de trilobitas, novas espécies até agora desconhecidas da Biota de Fezouata são encontradas em Taichoute.”

O Dr. Bertrand Lefebvre, da Universidade de Lyon, que é o autor sênior do paper e que tem trabalhado na Biota de Fezouata nas últimas duas décadas, concluiu: “a Biota de Fezouata continua nos surpreendendo com novas descobertas inesperadas”.

O paper, publicado na revista Scientific Reports, intitula-se: “New fossil assemblages from the Early Ordovician Fezouata Biota” (Novos conjuntos de fósseis do início do Ordoviciano na Biota de Fezouata, na tradução livre).

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.