Por Carlos Zahumenszky
Publicado no Gizmodo
A foto acima causa ansiedade ou repulsão? Se a resposta for afirmativa, você faz parte de 15% da população que sofre de tripofobia. O problema é que a tripofobia não existe. Um novo estudo identificou a verdadeira causa desse desconforto, analisando as pupilas de um grupo de voluntários.
As pessoas que sofrem tripofobia geralmente descrevem sua ansiedade como um medo ou repulsão de coisas com muitos olhos ou furos. Na realidade, é uma aversão mais específica. A aversão aos padrões formados por conjuntos geométricos iguais, especialmente quando se trata de pequenos buracos como os da fruta de lótus, um favor de mel ou alguns fungos. O prefixo trypo vem do grego e significa pontada, perfuração ou o ato de perfurar um buraco. Os casos mais graves desse alegado transtorno incluem a sensação de ansiedade ao ver bolhas agrupadas. Os sintomas dessa fobia incluem coceira, ansiedade ou, até mesmo, náuseas.
Ninguém duvida desses sintomas, mas não é uma fobia.
Os dicionários definem fobia como o medo persistente e irracional de um determinado objeto ou situação. As fobias são um assunto muito sério, porque provocam uma grande quantidade de problemas sociais nas pessoas que as sofrem. Muitas delas simplesmente não conseguem controlar seus medos, chegando a correr aterrorizadas ou a sofrer sintomas físicos, como desmaios ou náuseas.
Apesar de seu nome, a tripofobia nunca teve o status oficial de fobia. Documentos de referência como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais evitaram colocá-la ao nível de outras fobias reconhecidas, porque ainda não havia sido suficientemente estudada. Um estudo liderado pela psicóloga Stella Lourenco, da Universidade de Emory, acaba de encontrar evidências tangíveis de que a tripofobia não tem suas raízes no medo, como o resto das fobias, mas simplesmente com o nojo.
Lourenco e seus colegas submeteram um grupo de 85 voluntários a um teste em que foram mostrados uma bateria de 60 imagens enquanto passavam por uma pupilometria. As pupilas dos voluntários se dilataram (uma reação associada ao medo) ao ver imagens de animais perigosos, como aranhas ou cobras. No entanto, a reação das pupilas ao ver imagens selecionadas para ativar uma reação em uma pessoa com tripofobia não se dilataram, mas se contraíram. Esse movimento não está associado ao medo, mas com o nojo. Mesmo as pessoas que afirmam sofrer de tripofobia não experimentam uma fobia, mas uma sensação extrema de repugnância.
Nojo do que? No início, os cientistas acreditavam que era uma reação baseada nos padrões salpicados de alguns predadores, mas a hipótese mais provável é que simplesmente associamos a presença anormal de buracos com o estoque de parasitas, infecções e decomposição tecidual. Os sintomas são os mesmos que experimentamos quando nos são mostrados os sintomas de uma doença infecciosa, e sofremos ansiedade porque não queremos nos contagiar. É uma reação lógica que pode ser mais ou menos forte dependendo do quão escrupulosa é a pessoa, mas não é uma fobia.