Pular para o conteúdo

Um exoplaneta minúsculo e ridiculamente denso acaba de ser descoberto e está muito perto

Por Michelle Starr
Publicado na ScienceAlert

Um exoplaneta recém-descoberto absolutamente excêntrico foi encontrado orbitando uma estrela a apenas 31 anos-luz de distância.

Chama-se GJ 367b e é um dos menores exoplanetas já descobertos, apenas um pouco maior que Marte; mas também um dos mais compactos, com uma densidade quase igual à do ferro puro. Além disso, está incrivelmente perto de sua estrela hospedeira, completando uma órbita total uma vez a cada oito horas.

Os astrônomos ainda não descobriram como este planeta teria se formado, mas acreditam que sua descoberta é importante.

“A partir da determinação precisa de seu raio e massa, GJ 367b é classificado como um planeta rochoso”, disse a astrônoma Kristine Lam, do Instituto de Pesquisa Planetária do Centro Aeroespacial Alemão. “Parece ter semelhanças com Mercúrio. Isso o coloca entre os planetas rochosos de tamanho inferior à Terra e traz a pesquisa um passo à frente na busca por uma ‘segunda Terra'”.

A maneira como caçamos exoplanetas resulta em certos vieses no que acabamos descobrindo; temos dois métodos principais. O método de trânsito baseia-se na busca por pequenas quedas na luz das estrelas à medida que um exoplaneta se move (ou transita) entre nós e sua estrela hospedeira.

Isso tende a favorecer grandes exoplanetas em órbitas próximas, uma vez que um exoplaneta maior resultará em uma queda maior na luz das estrelas (conhecido como curva de luz) e passa na frente da estrela com mais frequência, o que confirma uma órbita periódica e permite os astrônomos caracterizar essa órbita com mais precisão.

A velocidade radial, ou método de oscilação, depende de mudanças no comprimento de onda da luz de uma estrela, pois a atração gravitacional de um exoplaneta em órbita faz com que ele se mova levemente. Novamente, quanto maior a massa do exoplaneta, mais forte é o sinal. Exoplanetas menores, gerando um sinal menor, são mais difíceis de detectar.

Ao que tudo indica, GJ 367b foi, portanto, uma espécie de descoberta fortuita. Por estar tão perto (31 anos-luz é bem perto, cosmicamente falando), seus trânsitos foram detectados pelo telescópio espacial de caça a exoplanetas da NASA, TESS. TESS olha fixamente para regiões do céu por longos períodos, procurando exatamente por essas quedas na luz das estrelas.

As quedas podem nos dizer o quão grande é o exoplaneta em trânsito; foi assim que a equipe de pesquisa descobriu que o exoplaneta tem pouco mais de 9.000 quilômetros de diâmetro.

Em seguida, os cientistas usaram o método da velocidade radial para ver o quanto a atração gravitacional do exoplaneta afeta a estrela. Isso permitiu que eles calculassem a massa do GJ 367b e, portanto, sua densidade – 8,106 gramas por centímetro cúbico. A densidade da Terra é de 5,51 gramas por centímetro cúbico; a do ferro é de 7,874 gramas por centímetro cúbico à temperatura ambiente.

Isso poderia nos dizer algo sobre a composição do exoplaneta, já que temos algo muito semelhante aqui no Sistema Solar.

“A alta densidade indica que o planeta é dominado por um núcleo de ferro”, disse o astrônomo Szilárd Csizmadia, do Centro Aeroespacial Alemão. “Essas propriedades são semelhantes às de Mercúrio, com seu núcleo desproporcionalmente grande de ferro e níquel que o diferencia de outros corpos terrestres do Sistema Solar”.

Para ser claro, não é possível que GJ 367b seja uma segunda Terra. Embora orbite uma estrela anã vermelha com cerca de metade da massa do Sol – um tipo de estrela muito mais fria – sua proximidade significa que o exoplaneta está acoplado por maré, com um lado sempre voltado para a estrela e sujeito a radiação absolutamente abrasadora. No lado diurno do exoplaneta, as temperaturas ficariam entre 1.300 e 1.500 graus Celsius.

Esse não é um clima habitável.

Mas a própria descoberta do GJ 367b poderia nos levar a outros mundos que poderiam muito bem ser mais hospitaleiros.

“Para esta classe de estrela, a zona habitável seria algo entre uma órbita de duas a três semanas”, disse o astrônomo George Ricker, do Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT. “Como esta estrela está tão perto e é tão brilhante, temos uma boa chance de ver outros planetas neste sistema. É como se houvesse um sinal dizendo: ‘Procure aqui planetas extras'”.

A pesquisa da equipe foi publicada na Science.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.