Por David Nield
Publicado na ScienceAlert
Centauros são objetos celestes raros que podem combinar algumas das diferentes características dos asteroides e cometas. Eles são basicamente rochosos por natureza, como asteroides, mas também podem lançar nuvens de poeira e gás à medida que sua parte externa evapora, como os cometas.
Quando os centauros emitem esses gases, eles são considerados ativos. Só encontramos 18 centauros quimicamente ativos no século passado, mas agora um novo foi adicionado à lista – e pode ser capaz de nos revelar mais sobre como essas misteriosas rochas voadoras desenvolvem suas características únicas.
Ficar de olho nos centauros é um grande desafio – eles estão muito longe, orbitam de maneira irregular e ocupam muito tempo do telescópio que poderia estar sendo usado para outras coisas – mas, nesse caso, os pesquisadores estudaram imagens de arquivo e usaram novos dados coletados da Câmera de Energia Escura no Observatório Interamericano de Cerro Tololo e do Telescópio Walter Baade no Observatório Las Campanas, ambos no Chile, e do Large Monolithic Imager no Observatório Lowell, no Arizona (EUA).
“Desenvolvemos uma nova técnica que combina medições observacionais – por exemplo, cor e massa de poeira – com esforços de modelagem para estimar características como a sublimação volátil do objeto e dinâmica orbital”, disse o astrônomo Colin Chandler, da Universidade do Nordeste do Arizona (EUA).
Essa técnica, envolvendo um algoritmo especialmente desenvolvido para procurar traços de atividades em imagens espaciais existentes, revelou evidências do Centauro 2014 OG392 convertendo sólidos em gases (sublimação) e deixando para trás um longo halo semelhante a um cometa.
Com o respaldo de novas observações registradas ao longo dos últimos dois anos, parece claro que esse centauro em particular é especial. A modelagem por computador, então, ajudou os astrônomos a descobrir quais tipos de gelo poderiam estar queimando a rocha.
É um cálculo complicado de fazer, até porque o asteroide provavelmente não é feito de um tipo de gelo, mas de uma mistura de materiais que podem queimar de maneira diferente. No entanto, os pesquisadores acham que sabem o que está acontecendo e o que pode estar ocorrendo com outros objetos semelhantes.
“Detectamos uma coma de até 400.000 km a partir de 2014 OG392″, diz Chandler, “e nossa análise dos processos de sublimação e da vida dinâmica do centauro sugerem que o dióxido de carbono e/ou amônia são os candidatos mais prováveis para causar essa atividade nesse e em outros centauros ativos”.
Uma coma é uma nuvem de gelo e poeira cometária que se forma ao redor do núcleo do cometa quando ele passa perto do Sol. É a coma que dá aos cometas sua aparência difusa.
Por causa da descoberta, o centauro não é mais um centauro – é um cometa mesmo, com a designação C/2014 OG392 (PANSTARRS), algo que deixou os pesquisadores “muito entusiasmados”.
Acredita-se que esses tipos de objetos, e outros como eles, quase não tenham mudado desde os primeiros dias do Sistema Solar, e isso significa que são cápsulas do tempo incrivelmente úteis para estudar como nossos planetas se formaram e se estabeleceram em suas próprias órbitas.
Quaisquer centauros, cometas e asteroides que ainda vagam pelo espaço ainda estão por aí por uma razão – eles não saíram do Sistema Solar ou foram para o Sol – e os cientistas podem estudar o passado a partir disso.
Há muito mais a descobrir sobre os centauros e estamos aprendendo mais sobre como eles funcionam o tempo todo. À medida que mais dados são coletados e melhores técnicas de análise são desenvolvidas, devemos finalmente ser capazes de resolver alguns dos mistérios que cercam esses estranhos e maravilhosos viajantes do Sistema Solar.
A pesquisa foi publicada no The Astrophysical Journal Letters.