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Uso de corticosteroides na gestação pode aumentar riscos de complicações no recém-nascido

A hipertensão durante a gestação é uma complicação perigosa nessa fase da mulher, à qual aproximadamente 20% dos nascimentos prematuros podem ser desencadeados por esse quadro.

Em alguns casos, como na pré-eclâmpsia, os fetos são expostos a hipóxia crônica, desnutrição, estresse oxidativo, várias citocinas pró-inflamatórias e fatores antiangiogênicos, que dificultam o desenvolvimento saudável dos vasos sanguíneos.

Alguns estudos apontaram que o uso de corticosteroides pode elevar os riscos cardiovasculares em gestantes. Nesse sentido, uma pesquisa liderada por cientistas da Nagoya University Graduate School of Medicine, Japão, publicada na Scientific Reports, teve como objetivo investigar a associação entre o tratamento com corticosteroides e os resultados em curto e longo prazo dos recém-nascidos prematuros nascidos de mães com hipertensão e de recém-nascidos de mães sem hipertensão.

Esse estudo retrospectivo de base populacional foi conduzido com base em uma análise dos dados coletados pela Rede de Pesquisa Neonatal do Japão entre janeiro de 2003 e dezembro de 2016. O banco de dados registrou prospectivamente as informações clínicas sobre neonatos nascidos entre 22 e 31 semanas de gestação, pesando ≤1.500 g internados em unidades de terapia intensiva neonatal.

As informações sobre 48.569 recém-nascidos com peso ≤1.500 g entre 22 e 31 semanas de gestação foram registradas. A administração de corticosteroide pré-natal foi administrada por meio de injeção de 12 mg de betametasona por via intramuscular seguida por injeção repetida 24 horas depois. As variáveis analisadas nos recém-nascidos foram: (1) óbito hospitalar; (2) doença respiratória; (3) lesão neurológica; (4) enterocolite necrosante; e (5) sepse neonatal.

O tratamento com corticosteroide em gestantes com hipertensão foi associado a uma grande morbidade e mortalidade em curto prazo nos recém-nascidos prematuros. O tratamento com corticosteroide teve um efeito ligeiramente reduzido em comparação ao observado em recém-nascidos de mães sem hipertensão. O tratamento com corticosteroide não exerceu um efeito benéfico nos recém-nascidos em longo prazo, incluindo paralisia cerebral e atraso no desenvolvimento neurológico aos 3 anos de idade no grupo de gestantes com hipertensão. Em vista disso, o estudo alerta sobre os cuidados na prescrição de corticosteroide em gestantes hipertensas.

Referência

  • Ushida, T., Kotani, T., Hayakawa, M. et al. Antenatal corticosteroids and preterm offspring outcomes in hypertensive disorders of pregnancy: A Japanese cohort study. Sci Rep 10, 9312 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-66242-z
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br