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Ronco pode ter relação com doenças no fígado

A doença hepática gordurosa não alcoólica é uma das doenças crônicas no fígado mais comuns em todo o mundo. O avanço dessa doença, em conjunto com a pandemia de obesidade e síndrome metabólica, representa uma perigosa situação para a saúde pública global.

Um estudo publicado na Scientific Reports, conduzido pela Shanxi Medical University, China, analisou a relação entre o ronco e a doença hepática gordurosa não alcoólica.

Foram analisados 4.341 funcionários (84,2% homens, idade entre 18 e 65 anos) entre julho de 2013 e dezembro de 2013. Os critérios de exclusão foram (1) consumo de álcool relatado ou falta de dados do histórico de consumo de álcool; (2) cirrose hepática; (3) presença de doenças da tireoide ou câncer; (4) uso de medicamento que possa afetar o ronco ou a doença hepática não alcoólica, ou o uso prolongado de medicamentos hipnóticos e sedativos; (5) falta de dados de ultrassom ou dados pertencentes a outras covariáveis; (6) sem dados de acompanhamento; (7) participantes que relataram beber durante o acompanhamento; e (8) participantes com cirrose hepática durante o acompanhamento.

O status de ronco foi relatado pelos participantes e frequentemente foi verificado com a assistência dos membros da família, com relação à pergunta “Você já ronca enquanto dorme?”. Havia três opções de resposta para essa pergunta: “nunca”, “ocasionalmente (1 ou 2 vezes / semana)” e “habitualmente (≥3 vezes / semana)”.

Os resultados indicaram que o ronco autorrelatado foi significativamente associado a um risco maior de desenvolver doença hepática gordurosa não alcoólica durante 10 anos de acompanhamento. Essas associações foram independentes de fatores de risco conhecidos para esse quadro hepático, como obesidade (definida de acordo com índice de massa corporal e circunferência de cintura), síndrome metabólica e seus componentes, idade, tabagismo, comportamento sedentário, inatividade física, proteína C reativa elevada, transaminases elevadas e ingestão de sal elevada. Desta maneira, a pesquisa reforça que o ronco é uma variável importante para ser monitorada.

Referência

Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br