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Vacina contra Ebola passa no primeiro teste em humanos

O primeiro teste da vacina contra o Ebola foi bem sucedido, mas levará alguns meses (melhor cenário) para que ela possa ser usada para conter o surto da doença no Oeste da África.

A origem da vacina remete à mais de uma década. O vírus de um chimpanzé congelado foi modificado para poder carregar o material genético do Ebola que confere proteção contra uma cepa Zaire. Esse procedimento se mostrou efetivo em macacos mas os resultados foram diminuindo com o tempo.

O progresso da vacina foi atrasado não por questões técnicas mas sim econômicas. Surtos anteriores foram controlados apenas rastreando os doentes e colocando-os em quarentena. Como as pessoas mais afetadas também eram as que tinham menos condições de pagar, os fundos para a produção da vacina era limitada.

Entretanto, o surto recente de março de 2014 mudou o cronograma e agora, novos testes estão agendados para o ano que vem. “O surto do ebola que aflorou no Oeste da África intensificou os esforços para desenvolver vacinas seguras e efetivas”, disse Dr. Anthony Fauci do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. O instituto está produzindo uma vacina em colaboração com o GlaxoSmithKline (Companhia Farmacêutica Britânica).

A Fase I contou com 20 voluntários que injetaram a vacina em Setembro de 2014. Dois deles sofreram febres leves mas nenhum ficou seriamente doente. Em quatro semanas, todos estavam produzindo anticorpos contra o Ebola. Metade do grupo recebeu uma dose 10x maior que do resto do grupo, o que resultou em uma maior concentração de anticorpos.

Além dos anticorpos, os pesquisadores estavam ansiosos para ver células imunitárias T CD8. “De estudos anteriores com primatas não humanos nós sabemos que células T CD8 possuem um papel crucial na proteção do sistema dos animais” disse a Dr. Julie Ledgerwood. A vacina não está produzindo células CD8 em quantidade confiável, mas 7 dos pacientes que administraram altas doses da vacina e 2 dos que tomaram doses baixas começaram a produzir essas células, relata Ledgerwood no The New England Journal of Medicine.

Essa bateria de testes foram designadas para proteger tanto contra a cepa Zaire que está afetando o Oeste da África quanto contra o Ebola do Sudão. Alguns pacientes produziram anticorpos apenas contra uma cepa ou outra, mas a maioria deles apresentaram resultados contra ambas. Duas outras vacinas (uma contra a cepa Zaire sozinha) estão na Fase I dos testes em humanos.

Duas semanas atrás, Fauci deu esperanças de que os “ensaios de campo” para ajudar pessoas com alto risco de contágio vão começar em Janeiro de 2015. Os esforços para reduzir a velocidade de propagação do surto têm sido mais bem sucedidos do que os previstos em Setembro de 2014 pelo Centro de Controle de Doenças, que estimou que o pior cenário para Janeiro de 2015 era 1.4 milhões de infectados. Ainda assim, as taxas de infecção ainda estão crescendo em Serra Leoa e apenas uma vacina é plausível para parar o número de mortes.

Para saber mais acesse:

http://www.huffingtonpost.com/2014/09/30/ebola-us-cdc_n_5909394.html

Ebola

Guilherme Canella

Guilherme Canella

Formado em Bacharelado em Química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), amante das áreas de Termodinâmica Química e Teoria Quântica de Informação e atual divulgador científico do Universo Racionalista. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9271643129147912