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Veja fotos incríveis de pedaços recuperados do asteroide Ryugu

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

O melhor presente nesta temporada de férias veio em um pequeno pacote, lançado de paraquedas no deserto australiano de dentro do nosso Sistema Solar em 5 de dezembro de 2020.

Lá dentro, os astrônomos ficaram maravilhados em desembrulhar as primeiras amostras em grande quantidade de um asteroide rochoso que está atualmente a 9 milhões de quilômetros de distância

Fotografias dessas preciosidades foram finalmente divulgadas e, embora os pequenos grãos de cor preta possam se parecer com nada mais do que carvão sujo, este presente galáctico dificilmente pode ser considerado pouca coisa. É o culminar de uma jornada de cinco anos, exigindo planejamento e métodos de execução cuidadosos. 

As amostras foram coletadas originalmente pela missão japonesa Hayabusa2 , que foi enviada para circular e amostrar o asteroide em forma de diamante chamado Ryugu, após o sucesso de sua primeira missão.

Segundo o Twitter da agência espacial japonesa, “as amostras do asteroide Ryugu na cápsula de reentrada pesam cerca de 5,4 g! Isso excede em muito a meta de rendimento de 0,1g (a quantidade necessária para a análise científica inicial) definida durante o projeto de Hayabusa2.”

A espaçonave Hayabusa inicial retornou do asteroide Itokawa em 2010 com a primeira amostra direta de um objeto próximo à Terra. Ao todo, o material da superfície pesava menos de um miligrama e, ainda assim, era o suficiente para fornecer informações cruciais sobre a idade do asteroide e a história geológica

As novas amostras de Ryugu – coletadas no final do ano – são mais antigas e contêm mais material do que os astrônomos ousaram esperar, totalizando cerca de 5,4 gramas.

O nome Ryugu se refere a um “palácio do dragão” mágico subaquático no folclore japonês, onde um pescador é presentado com uma caixa misteriosa – mais ou menos como as cápsulas lacradas de Hayabusa.

Neste caso, acredita-se que o tesouro tenha mais de 4,5 bilhões de anos – uma relíquia do nosso Sistema Solar primitivo, contendo o material potencialmente mais antigo que já formou nosso Sol e seus planetas em órbita.

Abrindo as câmaras cuidadosamente seladas, os astrônomos encontraram muitas partículas maiores do que um milímetro. Os da câmara C eram ligeiramente maiores do que o resto e foram coletados no segundo pouso da missão.

Câmara de coleta de amostra A, capturada por um microscópio óptico. (Créditos: JAXA)

Como essa aterrissagem ocorreu um pouco ao norte de uma cratera criada intencionalmente no início da missão, os pesquisadores esperavam que a amostra contivesse pedaços de material subterrâneo. Isso seria um grande feito, uma vez que todas as outras amostras de asteroides coletadas no espaço vêm apenas da superfície.

Antes dessas amostras diretas, a maior parte do nosso conhecimento sobre asteroides vinha de meteoritos, que são asteroides ou cometas que se chocam contra a superfície da Terra.

Infelizmente, sem a proteção de uma cápsula artificial, muito desse material é destruído ou contaminado pela atmosfera do nosso planeta ao entrar, sem mencionar todos os danos que ocorrem quando essas rochas pousam no solo.

Ryugu é um asteroide do tipo C, o que significa que sua rocha é altamente porosa e contém muito carbono e água. Os astrônomos suspeitam que esta pilha de escombros escuros em particular foi formada bilhões de anos atrás, quando se fragmentou de outro grande corpo de rocha em algum lugar no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. 

Como a superfície de Ryugu parece excepcionalmente seca e apresenta coloração vermelha, alguns especialistas acreditam que o asteroide uma vez voou mais perto do Sol.

Mesmo assim, nem todo o material coletado nesses recipientes parece ser primordial. Uma das cápsulas contém um anacronismo óbvio (foto abaixo).

Câmara de coleta de amostra C, capturada por um microscópio óptico. Tradução da imagem: objeto artificial? (artificial object?) (Créditos: JAXA)

“Parece haver material artificial na câmara C”, diz um comunicado à imprensa do projeto Hayabusa2. 

“A origem está sob investigação, mas uma fonte provável é o alumínio raspado do mecanismo do amostrador da nave espacial quando o projétil foi disparado para agitar o material durante o pouso.”

Mais tarde, uma atualização do Twitter disse que o objeto ainda não foi confirmado, mas que pode ter se separado do disparador do amostrador usado durante a coleta. 

Os cientistas já estão começando a analisar essas novas amostras, incluindo vendo se há algum gás preso dentro das cápsulas, que se acredita ter sido coletado na superfície de Ryugu também.

Se os pesquisadores estiverem corretos, será a primeira amostra de gás retornada do espaço profundo no mundo.

É um belo presente, de fato.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.