“O seguinte texto foi apresentado na VI Jornada Filosófica no colóquio estudantil de epistemologia. Note-se também que o texto foi corrigido graças aos comentários e críticas feitas pelo meu professor Mario Alberto Lozano, a fim de que o conteúdo permaneça legível e melhor. Sem maiores esclarecimentos, espero que desfrutem de minha defesa do que é conhecido como cientificismo moderado, uma postura racional e coerente com a atividade científica e a sua filosofia. Como vocês sabem, críticas e comentários são bem-vindas.”
Antes de você decidir se retirar, me perseguir ou me acusar de herege em sua mente apenas pelo título provocativo, peço que você conte até dez e escute a minha proposta. Contou? Agora que você está relaxado, vou explicar melhor esse assunto.
Desde tempos imemoráveis, os “intelectuais” separaram a cultura humana com todas as suas riquezas em dois grandes blocos que são agora conhecidos como as duas culturas¹. Essas são as ciências por um lado (e por ciência aqui não entram aquelas que chamamos de ciências sociais, mas tem lugar para as ciências naturais, a tecnologia e a técnica) e as humanidades por outro (aqui entram a filosofia, a arte, a política e as ciências sociais). Com o mesmo conceito que nós nos referimos as ciências, elas não podem ser “humanas” ou “humanistas”, e que as humanidades não podem ser “científicas” (no sentido de cientificidade que tem a física ou a astronomia).
O que há de errado em ver a nossa cultura desse modo? Em primeiro lugar, essa é uma visão falsa e inadequada da cultura; em segundo lugar, por ser uma visão falsa da cultura ela tem implicações obviamente falsas sobre as manifestações culturais e sua relação em manifestações humanas. Explicando esses pontos. A noção de duas culturas é falsa porque não pode existir ciência sem humanidades, e é tão indiscutível que não se pode nem imaginar hoje humanidades sem ciência. É falso que a ciência ou a tecnologia desumanizam o ser humano, muito pelo contrário, tanto quanto sabemos, nenhum outro ser vivo no universo é capaz de criar conhecimento científico e aplicá-lo para produzir ferramentas com um fim pragmático específico. A ciência é uma das variadas características do que nos torna humanos. A ciência é também cultura humana e humanista. E chamar de humanista ignorando o que é ciência, com base nisso, é um ato de irresponsabilidade intelectual.
Há um século, quem ignorava A Ilíada era rotulado de ignorante ou inculto. Hoje é, com igual justiça, quem ignora os conceitos básicos da física, da biologia, da química, da economia ou das ciências formais. E com muita razão, porque essas disciplinas nos ajudam muito melhor do que Homero a desenvolver-nos na vida moderna; e não são apenas as mais úteis, mas são também intelectualmente as mais ricas². E é aqui que entramos em conflito, porque muitas vezes, vários “humanistas” se sentem ofendidos por ter seu orgulho aparentemente depreciado por tudo aquilo que é chamado de filosofia, literatura, artes… enfim, uma ofensa ao orgulho das “humanidades”. Até certo ponto, eles têm boas razões para se sentirem assim, até porque muitas vezes os discursos do tipo “antihumanismo” são usados efetivamente para desprezar tudo o que não está no que é conhecido como o “método científico”.
Os “humanistas” feridos lançam sua ofensiva assegurando que a ciência é apenas uma construção social relativa ao contexto histórico e a localização geográfica. Alguns, como em um momento fez o showman Paul Feyerabend, que se autodenominava filósofo, à procura de uma ciência mais “artística” ou mais humana, chegou a assegurar que “em ciência tudo vale” e que a validade dessa é igual ao da religião ou do mito. Os “científicos” contestaram essas afirmações assegurando que elas carecem de conteúdo real, que são apenas palavras, uma bonita retórica que demonstra que as “humanidades” morreram ou que não têm nada a contribuir para a sociedade como a ciência faz na atualidade. Assim, tanto os “humanistas” como os “científicos” lançaram grandes pedaços de fezes para desprezar uns aos outros.
Se um filósofo, um sociólogo ou um poeta falar algo sobre a ciência, dirão que ele está abusando de termos científicos que nem sequer entende (e, em alguns casos, realmente isso acontece). No entanto, se um biólogo, um físico ou um astrônomo falar sobre as implicâncias filosóficas e culturais de alguma teoria, será acusado de reducionista (e, às vezes, também é verdade), de ignorante em humanidades, de positivista ou de cientificista. Em suma, ele é acusado de heresia por entrar em um campo que presumivelmente ignora. Entre os principais partidários de ambos os lados se encontram algumas das mentes mais brilhantes que conhecemos³. Embora seja verdade que as humanidades não possam ser disciplinas confiáveis quando ignoram por completo a ciência (e vice-versa, porque o conhecimento científico não está completo sem uma compreensão humanista), é provocante e insultante os rótulos que são lançados na ciência: reducionista, positivista e, a pior, cientificista. Esses termos pejorativos não são somente usados para demonizar a ciência, mas também para confundi-lá com tecnologias e teorias político-econômicas com visões de progresso industrial e enriquecimento privado (ou seja, neoliberalismo). Assim, se asseguram que a ciência é a força que oprime a sociedade, que é “uma verdade relativa”, um “relato” entre muitos outros. É claro que os mesmos estilos de ataques lançados a partir da postura “científica” merecem igual espaço para a reflexão e a análise crítica, mas nesse momento vamos nos concentrar nas acusações de reducionista, positivista e cientificista.
Sempre que se critica alguma proposta do tipo religiosa, filosófica, política, econômica ou sociológica a partir do pensamento crítico sustentado na ciência, pelos mais válidos argumentos que a crítica pode conter e por mais fatos sobre os quais se sustenta a dizer que o discurso atacado seja contraditório ou não se ajusta a realidade, o certo é que nunca vai faltar alguém que sairá gritando: Reducionista! Positivista! Cientificista! Esse fenômeno (se é que posso dizer assim) ocorre independentemente da ideologia ou posição política que se tem. Desde a direita que acusa a ciência de promover um ateísmo que atenta contra a moral e os valores da sociedade tradicional; desde a esquerda que afirma que o imperialismo científico só existe para “explorar o homem pelo homem”, para criar armas de destruição em massa, para contaminar ou envenenar a prole com alimentos transgênicos e outras coisas sintéticas.⁴
Além da inegável carga emocional desse tipo de retórica, a ignorância científica e as falácias cometidas, é quase uma regra que nos discursos como esses se tachem pessoas de reducionistas, positivistas ou cientificistas à crítica, como se isso fosse equivalente a dizer “bruxa!”, “herege!” ou algo parecido. Usam (ou melhor, abusam) desses conceitos como se fossem sinônimos e como se a visão científica poderia ser reduzida a eles. É o selo que indica que as críticas baseadas na ciência não têm lugar nas chamadas “humanidades”. Mas o quão honesto e correto é usar esses tipos de acusações que são basicamente estigmatizantes?
Quando falamos de reducionismo, geralmente, se refere à ideia de que os fenômenos sociais podem ser explicados e reduzidos a fenômenos biológicos ou, melhor dizendo, físicos, de modo que só bastaria a biologia ou ainda mais com a física para explicar coisas como a criatividade, a socialização, os sentimentos, a oferta e a demanda ou as crenças religiosas. Isso é claramente o pior pesadelo de qualquer humanista. Mas acaba por ser um pesadelo sem fundamento, tal como explica Gilber Ryle⁵, pois isso carece de fundamento, mas não só por temer um contingente, mas também por não ter sentido tal contingência. Ryle explica que talvez seja possível que os físicos encontrem algum dia uma resposta para todos os problemas da física, mas a verdade é que nem todos os problemas são problemas físicos. Uma analogia disso é comparar a física com o jogo de xadrez: um físico reducionista treinado que não sabe nada de xadrez olha alguns jogos. Depois de olhar para um jogo de xadrez e prestar atenção nos movimentos, o reducionista, ainda que ninguém tenha explicado o jogo, deduzirá ‘leis’ gerais do xadrez que sempre se cumprem. Assim, ele deduz os movimentos que podem ser realizados com o peão, o bispo ou a rainha (junto com o resto das peças).
O físico reducionista concluiria que todo o jogo está regido por leis invioláveis; a partir do momento em que se move o peão, a jogada que ele vai fazer é previsível na maioria dos casos. O curso total do que tragicamente denominam de “jogo” já está pré-ordenado, sem alternativa. O jogo então é regido por uma necessidade inflexível que não deixa espaço para a inteligência ou a atenção. Portanto, o jogo de xadrez é redutível. Certamente, uma conclusão assim não seria minimamente científica, nem seria ajustada com a realidade do jogo de xadrez. Um jogador experiente iria rir de uma conclusão semelhante, dizendo que, embora seja previsível que ao mover um bispo ele tenderá ir em uma casa de mesma cor graças as “leis físicas do xadrez”, isso não é dedutível se o bispo for movido em um momento ou outro durante o jogo. Existe no jogo um amplo campo para que se manifeste a inteligência ou a estupidez de pensar e escolher. Nada disto é redutível às “leis”. As regras são inalteradas, mas as partidas não são uniformes.⁶
Certamente, com essa analogia não se pretende sugerir que as leis da física são semelhantes às regras do jogo de xadrez, mas o que se pretende deixar claro é que não há contradição em dizer que um único e mesmo processo acomoda dois princípios de distinta classe e que nenhum deles é redutível ao outro. Assim, não apenas o reducionismo físico total seria sem sentido, mas, de maneira semelhante, o reducionismo sociológico ou cultural também seria sem sentido. Isso tampouco significa que não existe um nível de redução na ciência, mas que o pesadelo dos humanistas em que suas amadas disciplinas sejam explicadas por leis físicas é falsa, e então não faz sentido a acusação de que algumas teorias e propostas feitas da ciência são ingenuamente reducionistas. Tampouco pode usar esse termo como um sinônimo para cientificista, embora talvez sim de positivista, como veremos mais adiante.
O reducionismo científico real procura entender os fenômenos por meio de explicações mais simples e elegantes. Esse é um ponto que está bem presente a partir das ciências naturais, pois uma explicação ingenuamente reducionista não pode ser uma explicação científica. No entanto, é igualmente errado assumir que as ciências naturais não têm nada a contribuir para a compreensão dos fenômenos sociais e psicológicos. Em ambos os pontos extremos estão os pseudocientíficos e pseudointelectuais, que são extremamente ingênuos.
Por outro lado, o conceito de positivismo é geralmente tratado com mais ambiguidade e confusão. Na história, o positivismo foi uma das primeiras propostas contemporâneas que considerava a ciência como base para a reflexão filosófica, proposto no século XIX por Auguste Comte, que é considerado o primeiro filósofo da ciência no sentido moderno⁷. Comte buscava suprimir os sentidos da metafísica, exaltando o valor exclusivo da ciência como produtora de conhecimento e única guia para a filosofia e a vida⁸, mas sua proposta se desviou em uma doutrina religiosa solipsista. Embora no século XX o positivismo proposto por Comte estava morto, no final da década de 1920 o Círculo de Viena, um grupo de filósofos que buscavam formar uma nova epistemologia, estava surgindo com o nome de empirismo lógico, mas indo para a história com o injusto nome de positivismo lógico. Assim, desde então, tachar alguém de positivista ou de “neopositivista” acabou se tornando uma etiqueta para identificar alguém como um reducionista que presta mais atenção na análise lógica da linguagem do que na atividade filosófica e científica do mundo real.
O empirismo lógico marca o ponto de partida da filosofia da ciência como uma disciplina acadêmica, e com o seu inquestionável valor histórico e filosófico. O posterior desenvolvimento da filosofia da ciência se estrutura em maior ou menor grau em comentários e críticas das teses defendidas ou atacadas a partir do Círculo de Viena. No entanto, o empirismo lógico defendia uma série de afirmações únicas como características para que um enunciado ou uma teoria pudesse ser classificada como científica ou por ter sentido. A teoria ou enunciado analisado, dizia-se, tem sentido se, e somente se, existir um procedimento experimental que verifique isso. Se não tiver como, isso é metafísica e não-ciência e, portanto, não tem sentido. Os enunciados que não cumpriam com o anterior eram pseudoenunciados que não faziam outra coisa senão causar pseudoproblemas filosóficos. Isso limita tanto a ciência como a epistemologia ao ver como as únicas formas viáveis de ser ter enunciados e teorias com sentido, apenas mediante ao verificacionismo, o indutivismo e o reducionismo conceitual⁹. Teses que desde as críticas de Popper, Hempel, Kuhn, Lakatos, Moulines e Bunge (entre outros) não são mais defendidas e acabam em contradição. O enunciado “existe um mundo além da nossa própria mente”, é um enunciado que é aceito como válido para fazer uma pesquisa científica, mas no empirismo lógico ele é considerado sem sentido, uma vez que não há maneira absoluta de provar essa afirmação. Também dizem que o princípio de verificabilidade é o único critério de validade científica que não pode ser verificado, portanto, ele é sem sentido e, por conseguinte, o empirismo lógico acaba se autoaniquilando. Isso fez com que a atual corrente que todos chamam de positivismo lógico morresse mais ou menos no final da Segunda Guerra Mundial.
Apesar do reducionismo total carecer de base científica e o positivismo lógico estar morto há mais de meio século, isso não impediu que o seu nome não seja aclamado, pois uma vez ou outra, as desqualificações de reducionistas e positivistas continuam aparecendo, mas agora com a intenção de desqualificar mais do que salvar alguma proposta pertencente a alguma doutrina ou postura que obedeça a esses conceitos. Já na história, essas ideias são recordadas como fracassos intelectuais, mas quando alguma proposta da ciência é feita para complementar qualquer ideia ou teoria em antropologia, sociologia ou filosofia, se desqualifica de positivista ou reducionista de forma ambígua, com a única finalidade de assegurar de forma implícita que tal proposta não seria mais do que um fracasso intelectual como as de Comte e Carnap. Aqui e na China tal postura é denominada de retórica tramposa, um sinal de arrogância e preconceito. Mas a ambiguidade e o prejuízo não para por aqui.
Nos últimos tempos, quando um cientista aparece para apresentar uma teoria com implicações sociais, ou assegura que a ciência pode explicar os por quês filosóficos¹⁰ ou o dever da moral¹¹, dizem, sem uma análise prévia do ensaio, que essa é uma proposta cientificista. Mas o que é o cientificismo? Se tentarmos pedir a definição daqueles que abusam desse conceito, “o cientificismo é qualquer coisa, menos claro”. O cientificismo, em um sentido forte, é a postura que assegura que somente as afirmações científicas fazem sentido, no entanto, essa afirmação não é um enunciado científico e, portanto, carece de sentido.¹² O cientificismo forte é, portanto, igual ao empirismo lógico, autoaniquilante. Essa concepção parece ter sido formulada por Ludwig Wittgenstein em seu Tractatus Logico-Philosophicus (1922) quando ele afirma que “a totalidade das proposições verdadeiras é o conjunto das ciências naturais…”; segundo a lenda, Wittgenstein repudiou tempos depois essa conclusão.¹³
Nessa perspectiva, qualquer pessoa que dizer que isso não é um absurdo estará negando algo evidente. Mas isso não é nada mais do que uma forma de interpretar o cientificismo. O uso pejorativo do termo cientificismo como algo negativo usado por “humanistas” foi lançado por defensores das pseudociências e dos movimentos anticiências. Os pesquisadores do fenômeno UFO, parapsicólogos, defensores do criacionismo do design inteligente, psicanalistas, sociólogos pós-modernos e gurus new age, acusam todos aqueles que não compartilham de suas retorcidas formas de ver a realidade de cientificistas, causando ainda mais confusão. O cientificismo agora parece mais uma palavra para assustar do que um rótulo para qualquer doutrina coerente.¹⁴
Devido à ambiguidade do cientificismo como pejorativo, alguns autores como o historiador da ciência e colunista da Scientific American Magazine Michael Shermer, viram a necessidade de fazer uma definição coerente desse conceito em um sentido fraco ou moderado. Isso garante que a ciência, mesmo que não seja perfeita, nem uma verdade última ou revelada, é a melhor fonte de conhecimento, a melhor ferramenta para explicar o mundo natural e social. “O cientificismo é uma visão científica do mundo que engloba explicações naturais para todos os fenômenos, evita as especulações sobrenaturais e paranormais, e que abraça o empirismo e a razão como os dois pilares de uma filosofia de vida adequada para uma Era de Ciência”, disse Shermer.¹⁵
É nesse ponto que eu queria chegar com essa brevíssima revisão da denúncia infundada e ambígua, o ponto em que se define o cientificismo, não como um adjetivo negativo que mostra ignorância e arrogância, mas como uma postura. Para uma definição mais completa, defensável e que se ajusta com a autêntica visão dos cientistas com interesses filosóficos e dos filósofos que buscam filosofar cientificamente, Steven Pinker em seu artigo “A ciência não é sua inimiga”, publicado em agosto de 2013 na New Republic nos diz que “o cientificismo… não é a crença de que os membros de um grêmio profissional chamado ‘ciência’ são particularmente sábios ou nobres. Pelo contrário, as práticas de definição da ciência, como o debate aberto, a revisão por pares, e os métodos de duplo-cego, são expressamente concebidos para evitar os erros e os pecados que os cientistas, sendo humanos, são vulneráveis. O cientificismo não significa que todas as hipóteses científicas atuais são verdadeiras; a maioria das novas não são, o ciclo da conjetura e da refutação é um elemento vital da ciência. Não é uma unidade imperialista para ocupar as humanidades; a promessa da ciência é enriquecer e diversificar os instrumentos intelectuais da erudição humanista, não destruí-los. E não é um dogma de que o físico é tudo que existe. Os próprios cientistas estão imersos no meio etéreo de informações, incluindo as verdades das matemáticas, a lógica de suas teorias e os valores que norteiam a sua empresa. Nesse conceito, a ciência vai de mãos dadas com a filosofia, a razão e o humanismo do Iluminismo. Ele se distingue pelo compromisso explícito de dois ideais¹⁶ e são esses que o cientificismo pretende exportar para o resto da vida intelectual”.¹⁷
Esse ponto é, na minha opinião, o mais importante, a aceitação de que a cultura não é composta de ciências “E” humanidades, mas de que há apenas uma cultura. A cultura que une as humanidades com a ciência, ou seja, a cultura científica é o que melhor pode nos ajudar não só a entender o mundo que nos rodeia, mas para expressar nossos sentimentos, desejos e decisões sobre isso. Ademais, isso é essencial para uma boa educação, bem como para nos ajudar a definir à luz da escuridão. Na sociedade, a ignorância, o obscurantismo, a superstição e a pseudociência são vendidas como verdades reveladas, representam uma ameaça em vários graus. A cultura científica, a postura cientificista moderada, é a melhor ferramenta para nos defendermos do ataque da irracionalidade. A ciência é vital para entender a sociedade. Ninguém expressou melhor a ideia do que o astrônomo e grande divulgador científico Carl Sagan, que escreveu: “Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por algum tempo, porém mais cedo ou mais tarde essa mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na nossa cara… Minha preocupação é que, especialmente com a proximidade do fim do milênio, a pseudociência e a superstição parecerão mais sedutoras a cada novo ano, o canto de sereia do irracional mais sonoro e atraente. Onde o escutamos antes? Sempre que nossos preconceitos étnicos ou nacionais são despertados, nos tempos de escassez, em meio a desafios à autoestima ou à coragem nacional, quando sofremos com nosso diminuto lugar e finalidade no Cosmos, ou quando o fanatismo ferve ao nosso redor – então, hábitos de pensamento conhecidos de eras passadas procuram se apoderar dos controles. A chama da vela escorre. Seu pequeno lago de luz tremula. A escuridão se avoluma. Os demônios começam a se agitar.”¹⁸
Referências:
1. Término Tomado de la Conferencia de CP Snow, Las dos culturas y la revolución científica (La Conferencia Rede, 1959), Cambridge University Press, Nueva York, 1961.
2. Cfr. Bunge, Mario; “Filosofar científicamente y encarar la ciencia filosóficamente” (Facultad de Filosofía y Letras, Buenos Aires, 1957), en La Ciencia, su Método y su Filosofía, Siglo Veinte Editores, México, 1991.
3. Cfr. Bonfil Olivera, Martín; “¡Ciencia vs Filosofía!” en blog La Ciencia por Gusto. http://lacienciaporgusto.blogspot.mx/2012/10/ciencia-vs-filosofia.html
4. En su articulo Ciencias no es su enemigo (http://www.newrepublic.com/article/114127/science-not-enemy-humanities) , el profesor de psicología de la Universidad de Harvard y columnista de The New Republic , Steven Pinker, pone de EJEMPLOS Fragmentos de dos Discursos Lanzados desde la izquierda de Como from La Derecha Política. El Primero, Una “Crítica” de izquierda aparecida en 2011 en La Nación (http://www.thenation.com/article/160236/same-old-new-atheism-sam-harris) Hacia tres libros de Sam Harris , Por instancia de parte del historiador Jackson Lears dados:
“Los supuestos positivistas dieron fundamentos epistemológicos para el darwinismo social y las nociones pop evolutivas del progreso, así como para el racismo científico y el imperialismo. Estas tendencias se unieron en la eugenesia, la doctrina de que el bienestar humano se podría mejorar y eventualmente perfeccionar a través de la cría selectiva de los “aptos” y la esterilización o la eliminación de los “no aptos”. … Cada colegial sabe lo que sucedió después: la catástrofe del siglo XX. Dos guerras mundiales, la masacre sistemática de inocentes a una escala sin precedentes, la proliferación de armas de destrucción inimaginable, guerras en la periferia del imperio – todos estos acontecimientos involucraron, en distintos grados, la aplicación de la investigación científica a la tecnología avanzada.”
La segunda “crítica” a la ciencia que muestra Pinker como acusación paradigmática por parte de la derecha política viene del extracto de un discurso del 2007 de Leon Kass, asesor de bioética de George W. Bush, dice:
“Las ideas y los descubrimientos científicos sobre la naturaleza viviente y el hombre, perfectamente bienvenidos e inofensivos en sí mismos, están siendo reclutados para luchar en contra de nuestras enseñanzas religiosas y morales tradicionales, e incluso nuestra autocomprensión como criaturas con libertad y dignidad. Una fe cuasi-religiosa ha surgido entre nosotros -déjenme llamarla “cientificismo desalmado”- que cree que nuestra nueva biología, la eliminación de todos los misterios, puede dar una explicación completa de la vida humana, dando explicaciones puramente científicas del pensamiento humano, el amor, la creatividad, el juicio moral, e incluso por qué creemos en Dios. … No se equivoquen. Las apuestas en este concurso son altas: la cuestión radica en la salud moral y espiritual de nuestra nación, la vitalidad continuada de la ciencia, y nuestra propia autocomprensión como seres humanos y como hijos de Occidente.”
Jackson Lear respondió a Pinker acusándolo de deshonestidad intelectual al sacar su cita fuera de contexto. Pinker, al parecer, acepta el reclamo al añadir al final de su artículo original la réplica de Jackson Lear.
5. Ryle, Gilbert; El Concepto de lo Mental, Paidos, Buenos Aires, 1967.
6. Cfr. Ibid. Pág. 68-69.
7. “Auguste Comte” en la Stanford Encyclopedia of Philosophy, http://plato.stanford.edu/entries/comte/
8. “Comte, Auguste”, Doce Mil Grandes, Los Mil Grandes de la Filosofía y la Religión (Tomo 8), Promexa, México, 1982.
9. Cfr. Moulines, C. Ulises; El Desarrollo Moderno de la Filosofía de la Ciencia (1890-2000), UNAM, Instituto de Investigaciones Filosóficas, México, 2011.
10. El astrofísico y divulgador científico, Lawrence Krauss afirma, tanto en su obra Un Universo desde la Nada (Pasado & Presente, 2012) como en un debate sostenido con el filósofo Julian Baggini (http://www.theguardian.com/science/2012/sep/09/science-philosophy-debate-julian-baggini-lawrence-krauss), que los “por qué” hechos desde los albores de la filosofía (como el clásico ¿Por qué hay algo en vez de nada?), no tienen sentido y pueden traducirse al “cómo” (¿Cómo llegó a existir algo en vez de nada?), pregunta que la ciencia se ocupa de resolver.
11. El licenciado en filosofía y doctor en neurociencias, Sam Harris, lleva desde hace un tiempo proponiendo una teoría moral basada en la ciencia que aunque en principio habló de ésta en The End of Faith, dio a conocer abiertamente en su propuesta extendida en su más reciente obra The Moral Landscape (Free Press, 2010). Harris asegura que los valores morales objetivos existen, pero que estos no se basan en la idea de un Dios personal ni en ninguna religión sino en el conocimiento científico y en lo que éste nos aporta sobre el mal o el bien que podemos causar a terceros, incluido el medio ambiente. Su teoría ha sido duramente criticada por sus colegas como Massimo Piggliucci: http://rationallyspeaking.blogspot.mx/2010/04/about-sam-harris-claim-that-science-can.html.
12. Carroll, Robert T .; “Cientificismo” en Diccionario del Escéptico, http://www.skepdic.com/scientism.html
13. Ibid.
14. Pinker, Steven; “Ciencias no es su enemigo”, en la Nueva República, http://www.newrepublic.com/article/114127/science-not-enemy-humanities
15. Shermer, Michael; “Los Chamanes de cientificismo”, cuarto de Scientific American, Septiembre, 2002. http://www.michaelshermer.com/2002/06/shamans-of-scientism/
16. Pinker señala que los dos ideales con los que la ciencia se encuentra comprometida son: que el universo es comprensible y que la adquisición de conocimiento es difícil. Es importante reconocer que este y otros puntos del ensayo de Pinker han sido ampliamente criticados por Massimo Pigliucci (http://rationallyspeaking.blogspot.mx/2013/08/steven-pinker-embraces-scientism-bad.html)
17. Pinker, Steven; “Ciencias no es su enemigo”, en la Nueva República, http://www.newrepublic.com/article/114127/science-not-enemy-humanities
18. Sagan, Carl; El Mundo y Sus Demonios, Planeta, México, 2002.
Fonte:
- Daniel Galarza Santiago. ¡Cientificismo sí, positivismo no! Denuncia de la arrogancia filosófica por ignorancia científica. El Escéptico de Jalisco. 15 de noviembre de 2013.