Por Jake Spring e Pedro Fonseca
Publicado no Reuters
O Brasil pode ter 12 vezes mais casos do novo coronavírus do que está sendo oficialmente divulgado pelo governo, com poucos testes e longas esperas para confirmar os resultados, de acordo com um estudo divulgado na segunda-feira.
Pesquisadores de universidades e institutos brasileiros examinaram a proporção de casos que resultaram em mortes até 10 de abril e compararam com dados sobre a taxa de mortalidade esperada da Organização Mundial da Saúde.
A taxa de mortalidade muito acima do esperado no Brasil, de acordo com o estudo, indica que há muito mais casos do vírus do que está sendo divulgado. O estudo estima que apenas 8% dos casos estão sendo oficialmente relatados.
O governo concentrou-se em testar casos graves e não todos os casos suspeitos, de acordo com o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde. O grupo, juntamente com os profissionais médicos, também relatou longo tempo de espera para obter os resultados dos testes.
Oficialmente, o número de mortes por coronavírus no Brasil subiu para 1.924 na quinta-feira, enquanto o número de casos confirmados atingiu 30.425, segundo dados do Ministério da Saúde.
“O elevado grau de subnotificação pode dar uma falsa impressão sobre o controle da doença e, consequentemente, levar a um declínio nas medidas de contenção”, afirmou o grupo.
A epidemia tem gerado tensão no governo brasileiro. O presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, tem minimizado os riscos do vírus e insistido para que o país volte ao normal, enquanto governadores e autoridades locais defendem medidas mais rigorosas para conter o vírus.
Até o momento, o grupo tem sido preciso em prever a evolução do vírus no Brasil, com o número confirmado de casos de coronavírus até 30 de março estando dentro do intervalo que os pesquisadores haviam prevido anteriormente.
Os pesquisadores agora estão prevendo que em 20 de abril o número chegará a 60.413 casos, de acordo com um cenário mais pessimista.