Por Nathan Rosenberg
Publicado na OpenMind
Serendipidade vai além do puro acaso. Obviamente, é de se esperar que mentes científicas bem treinadas possam apresentar descobertas inesperadas em muitos lugares. Como Pasteur expressou em meados do século XIX, “no que diz respeito à observação, o acaso favorece apenas a mente preparada”.
Em contraste, considere Thomas Edison, por consentimento universal, um brilhante inventor, mas alguém que pouco se interessou por observações que não tinham relevância prática imediata. Em 1883, ele observou o fluxo de eletricidade através de uma lacuna, dentro de um vácuo, de um filamento quente a um fio de metal. Como ele não viu nenhuma aplicação prática e não possuía treinamento científico, ele apenas descreveu o fenômeno em seu caderno e passou a outros assuntos de maior utilidade potencial em seu esforço para melhorar o desempenho da lâmpada elétrica.
Edison estava, é claro, observando um fluxo de elétrons, e a observação até chegou a ser chamada de “Efeito Edison” – nomeado em homenagem ao homem que, estranhamente, falhou em descobri-lo.
Se ele fosse um cientista curioso e paciente, menos preocupado com questões de utilidade a curto prazo, Edison poderia mais tarde ter compartilhado um Prêmio Nobel com Owen Richardson, que analisou o comportamento dos elétrons quando aquecidos no vácuo, ou mesmo com J. J. Thomson com a descoberta inicial do próprio elétron. A “mente preparada” de Edison, no entanto, foi trabalhada apenas para observações que, provavelmente, teriam alguma relevância prática a curto prazo.
O artigo foi retirado do ensaio “Innovation: it is Generally Agreed that Science Shapes Technology, but is that the Whole Story”, do economista e historiador da tecnologia Nathan Rosenberg.