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A Guerra dos Ossos

“A partir dos anos de 1800, achados incríveis de dinossauros na Europa e descobertas de esqueletos completos na América do Norte, permitiram um estudo com progressos surpreendentes a respeito dos dinossauros! Durante o século XX, mais descobertas em outros continentes mostraram para todos, como essas criaturas dominaram a Terra por mais ou menos 175 milhões de anos”.

O INÍCIO DA RIVALIDADE

Quando falamos de velho oeste já pensamos logo de cara em caubóis duelando, cactos, deserto e etc. Mas para os paleontólogos de plantão naquela época, tudo era uma questão de FÓSSEIS. Realmente este nome, Guerra dos Ossos, é estranho, mas não significa que não pareça ser algo interessante na história da paleontologia. Durante o século XIX, dois grandes amigos cientistas trabalhavam juntos, mas que após uma descoberta minuciosa, a amizade desses dois acabou instantaneamente; levando a descoberta de diversas espécies de dinossauros.

A guerra teve início no ano de 1877. Até então os renomados amigos Othniel Charles Marsh e Edward Drinker Cope trabalhavam juntos em nome da ciência, sendo um ao outro fiéis parceiros. Mas no ano de 1868 tudo mudou. Edward havia recebido de um médico um estranho esqueleto, que no entanto ele montara e estudara. Edward então nomeou o espécime como Elasmosaurus (um réptil marinho); mas durante a montagem do esqueleto do animal, Edward acabou colocando o crânio do animal na ponta da cauda e não no final do pescoço! Segundo a história, o seu amigo Othniel acabou humilhando Edward por seu erro absurdo, alegando mentiras sobre o amigo. Ou seja, Marsh no fundo teve inveja.

Othniel C. Marsh à esquerda e Edward D. Cope à direita.
Othniel C. Marsh à esquerda e Edward D. Cope à direita.

Após a briga sobre o Elasmosaurus, os dois grandes amigos acabaram se tornando inimigos. Mas a verdadeira guerra teve impasse por mais um motivo. Edward novamente avançara à frente, descobrindo um sítio fóssil em Nova Jersey, o que rendeu o fóssil de um hadrossauro. Quando Othniel soube do sítio e de suas riquezas fósseis, ele subornou todos os escavadores, pedindo para que cada fóssil achado ali então, fosse enviado à ele! Quando Edward soube disso ficou furioso. A partir daí, a verdadeira guerra começara!

RUMO AO OESTE DOS EUA

Todos os acontecimentos que foram visto até agora foi apenas o primeiro passo da guerra. Ela realmente alcançou um patamar enorme no ano de 1870, quando diversos fósseis começaram a ser achados no oeste dos Estados Unidos. Apenas em 1877, Marsh, recebeu uma carta do professor Arthur Lakes do estado do Colorado, dizendo que havia encontrado diversos ossos durante suas caminhadas. Porém, o que Marsh não sabia era que o professor também havia enviado algumas amostras desses ‘tais ossos’ para o seu rival, Edward Cope. O mais intrigante é que Marsh mais uma vez utilizou a técnica do suborno! Deu a Arthur US$ 100,00 para manter suas descobertas em segredo! Marsh ao descobrir que o ex-amigo estava perto do sítio fóssil, pediu para que um agente desviasse o rival, enviando Edward para outro lugar do estado do Colorado.

A rivalidade era tanta, que Marsh pedira para que seus funcionários utilizassem armamentos para evitar quaisquer roubo! Autor da imagem desconhecido.
A rivalidade era tanta, que Marsh pedira para que seus funcionários utilizassem armamentos para evitar quaisquer roubo! Autor da imagem desconhecido.

Até nessa altura, percebemos que ambos estavam competindo pelos melhores fósseis já encontrados! Marsh durante os anos seguintes achou fósseis do famoso Allosaurus, Diplodocus e Stegosaurus! Ambas equipes, certas vezes, acabavam brigando para retirar os exemplares fósseis de maior quantidade, como também de maior qualidade! Os escavadores sempre se metiam em brigas, desviando as descobertas para um dos cientistas rivais.

Uma das descobertas mais famosa da paleontologia: o Stegosaurus, descoberto por Othniel Marsh. Créditos pela imagem: US Geological Survey
Uma das descobertas mais famosa da paleontologia: o Stegosaurus, descoberto por Othniel Marsh. Créditos pela imagem: US Geological Survey

O GANHADOR DA GUERRA

Após o ano de 1880, ficara claro que Othniel C. Marsh fora o vencedor da guerra… graças a seu tio rico, George Peabody, que emprestou seu nome ao Museu de História Natural de Yale, onde Marsh poderia contratar mais funcionários e abrir novos sítios de escavações. Já Edward, como não tinha muito ajuda financeira, ficou para trás com apenas 70 espécimes de seres fósseis (incluindo o Camarasaurus e o Coelophysis), enquanto seu ex-amigo Marsh, nomeara 80 espécimes!

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Uma tirinha que mostra de modo ‘figurativo’ a Guerra dos Ossos. Créditos pela imagem: Blamoscience.

O LEGADO DE AMBOS CIENTISTAS

Após anos de expedições, brigas e descobertas, Othniel e Edward não perceberam que mesmo estando trabalhando separados, estavam contribuindo em “equipe” para a paleontologia. Graças aos dois (e a rivalidade de ambos), a paleontologia recebeu em torno de 150 espécies de dinossauros, sendo uma grande parte deste número, dinossauros famosos! A guerra acabara no ano de 1895.

A disputa científica, levou as descobertas incríveis, provando que mesmo em rivalidade, Othniel e Edward estavam trabalhando juntos em pró da ciência, e conseguiram mostrar o quanto os dinossauros se tornaram diversificados, e que dominaram a milhões de anos atrás, o planeta Terra.

AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS DA “GUERRA DOS OSSOS”

Parece ter sido algo bom para a paleontologia, mas as aparências enganam. Em primeiro lugar, cientistas europeus ficaram horrorizados com a disputa e rivalidade entre os cientistas norte-americanos. Em segundo, Cope e Marsh estavam tão obcecados em nomear a maior quantidade de fósseis possíveis, que acabavam montando e estudando os fósseis de maneira errada e descuidadosa! Por exemplo, houve uma confusão sobre o Apatosaurus e o Brontosaurus, onde ambas espécies eram na realidade a mesma – da mesma forma que Edward colocou no início a cabeça do Elasmosaurus em sua cauda.

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Desenho da réplica do esqueleto de um Brontosaurus, que logo mais tarde teve seu nome mudado para Apatosaurus.

REFERÊNCIAS

Barret, Paul. Dinossaurs: a natural history; [tradução Carlos S. Mendes Rosa]. — São Paulo : Martins Fontes, 2002.

Benton, Mike. The Kingfisher dinosaur encyclopedia; [tradução Marcelo Guerreiro]. — São Paulo : Zastras, 2009.

Strauss, Bob. The War Bone; about.dinosaur.com, data da publicação desconhecida.

Aryel C. Goes

Aryel C. Goes

23 anos, bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela UNESP - Rio Claro. Atualmente mestrando em Biologia Celular, Molecular e Microbiologia pela mesma instituição. Interessado por imunologia social, etologia, ecologia comportamental, psicobiologia e sua aplicabilidade em insetos sociais. Atrelado a isso, desenvolvo projetos de pesquisa para entender o reconhecimento, defesa e adaptabilidade de formigas saúva-limão contra fungos antagonistas. Sou deísta e creio em um sistema infinito do Universo, aproximando-me demais de outras áreas como a Cosmologia.