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A história da barbearia como profissão de saúde

Se você corta seu cabelo no barbeiro e nem imaginava, saiba que no passado, os que hoje fazem a barba e cortam os cabelos dos clientes tinham outras formas de ganhar a vida. Ir à barbearia é uma rotina comum para muita gente, periodicamente, mas que em outras épocas era um privilégio, exclusividade das classes mais altas.

Os cirurgiões-barbeiros, como eram chamados, realizavam diversos procedimentos invasivos nos clientes (ou seriam pacientes?), e por muito tempo, ficaram responsáveis como os únicos profissionais que acumulavam funções de dentista, cirurgião e “sangrador”.

Sim, pois é, por muito tempo se acreditou na sangria como forma de curar doenças e males do corpo. Seguindo a obsoleta “teoria dos humores”, derivada do pensamento hipocrático-galênico (Hipócrates foi o grego criador da Medicina e Galeno foi um médico e estudioso romano), os cirurgiões-barbeiros eram confiados às funções de cortar e sangrar pessoas. Detinham inúmeras habilidades manuais e eram portadores de navalhas, um dos instrumentos de corte disponíveis na época. Ao se eliminar sangue dos “clientes” (pacientes), estariam eliminando maus humores e curando corpo e alma do indivíduo.

E como dito antes, procedimentos odontológicos também eram feitos, ficando famosa a extração de dentes cariados com o auxílio do boticão. Poucos conheciam ou possuíam habilidade suficiente para invadir as bocas das pessoas. Realizavam incisões de modo bastante grosseiro, sem qualquer técnica das que conhecemos atualmente.

Com o avançar do conhecimento acadêmico, os barbeiros-sangradores foram se especializando em trabalhos menos invasivos e mais focados no aspecto estético, deixando de lado, gradualmente, as chamadas “artes populares de cura”.

O símbolo do barber pole

O poste giratório de padrão azul-vermelho-branco, que simboliza a barbearia clássica, nasceu do ofício de sangrador que o barbeiro também exercia. A princípio seria somente vermelho e branco, com a cor branca representando as bandagens utilizadas para estancar o sangramento, simbolizado pela cor vermelha. As bandagens eram penduradas nas portas das barbearias, num poste, e devido à ação do vento, ficavam enroladas. Assim, nasceu o símbolo indicativo de que ali trabalhava um barbeiro.

A cor azul, adicionada posteriormente, pode ser explicada de três maneiras: por simbolizar o sangue venoso; ou o azul com branco teria surgido para diferenciar os barbeiros que não faziam sangria; ou por questões de patriotismo, mais notadamente nos EUA, onde se combinava as três cores no padrão conhecido ainda hoje.

Referências

Pedro H. Costa

Pedro H. Costa

Bacharel em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Atuo desde 2012 no Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas, pela mesma instituição. Interessado em saúde, educação, ciência e filosofia. Faça uma pergunta: ask.fm/phcs91