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A história e o legado de Christa McAuliffe, a primeira professora no espaço

Por Jamie Mallette Especial e Mike Wall
Publicado no Brooklyn Daily Eagle e no Space

“Eu toco o futuro. Eu ensino.”
— Christa McAuliffe

Em 28 de janeiro de 1986, o ônibus espacial Challenger explodiu pouco mais de um minuto após o lançamento. Todos os sete tripulantes foram mortos, incluindo Christa McAuliffe, uma professora de New Hampshire que estava a caminho de se tornar o primeiro civil a ir para o espaço. A presença de McAuliffe a bordo levou a uma maior atenção da mídia, e pessoas de todo o país assistiram ao lançamento. Os espectadores testemunharam a explosão ao vivo. Após a desintegração do Challenger, o programa de ônibus espaciais foi suspenso por quase três anos, e mudanças significativas foram feitas na NASA e em seus protocolos de segurança.

Christa McAuliffe posando para a foto oficial da missão com uma miniatura do ônibus espacial Challenger.

McAuliffe queria fazer história: tornar-se o primeiro civil a ir para o espaço e transmitir aulas de ciências do ônibus espacial para os seus alunos. Em sua inscrição na NASA, ela escreveu: “Eu assisti a Era Espacial nascer e quero participar”. Ela foi a escolhida do grupo final de 10 candidatos por seu “entusiasmo contagioso”, segundo a NASA.

Os sete astronautas que morreram a bordo do Challenger. Da esquerda para a direita: Christa McAuliffe, Gregory Jarvis, Judith Resnik, Francis “Dick” Scobee, Ronald McNair, Michael Smith e Ellison Onizuka.

Os alunos de McAuliffe na Concord High School gostavam dela pelo mesmo entusiasmo, otimismo e capacidade de dar vida às matérias. Ela era conhecida por seus cursos que enfatizavam o impacto que as pessoas comuns podem ter na história, observando que eram tão importantes quanto qualquer rei, político ou general.

McAuliffe era professora na Concord High School, em New Hampshire.

Embora McAuliffe tenha nascido em Boston e lecionado em New Hampshire, seu entusiasmo e desejo de aprender inspiraram pessoas em todo o país, inclusive no sudoeste do Brooklyn. O ensino médio local IS 187, em Dyker Heights, foi renomeado para Escola Christa McAuliffe, logo após sua inauguração, em 1994. A mãe de McAuliffe, Grace Corrigan, falou na primeira cerimônia de formatura da escola em 1997. Em seu discurso, ela enfatizou o gosto pela vida e a habilidade da filha em superar problemas para seguir seus sonhos. Ela pediu aos alunos que se graduassem para “fazerem as coisas difíceis” e, assim, se tornarem heróis na vida cotidiana.

Grace Corringan, mãe de Christa McAulliffe, recebe aplausos da sala, durante a inauguração de um novo planetário no McAuliffe Challenger Center, na Universidade Estadual de Framingham. Ela morreu em 8 de novembro de 2018.

McAuliffe ainda está inspirando alunos da sua escola atualmente. Os alunos são incentivados a explorar seus interesses e paixões nas três academias da escola para Pesquisa Científica, Ciências Humanas e Negócios e Direito. Para conectar ainda mais o legado de McAuliffe à escola, o anuário é chamado “The Challenger” e o slogan é “Reach for the Stars”. A cada ano, há um concurso para estudantes para projetar a arte da capa e contracapa – os vencedores geralmente têm temas espaciais.

Christa e seus filhos Caroline Corrigan e Scott Corrigan.

Em entrevista ao New York Times, McAuliffe disse que não tinha modelos femininos porque, quando jovem, “as mulheres não voavam no espaço”. Graças a sua capacidade de inspirar seus alunos e superar obstáculos para se tornar a primeira professora no espaço, ela se tornou um forte modelo feminino para muitos.

Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir para o espaço, em 1963.

Barbara Morgan, a astronauta-substituta de McAuliffe no programa “Teacher in Space”, relembra o acidente: “Trinta anos parecem ontem. Essas pessoas ainda estão comigo o tempo todo, todos os dias”. Morgan disse que McAuliffe e o programa “Teacher in Space” tiveram um enorme impacto, mesmo que a missão tenha terminado em tragédia. “Foi uma época muito ruim para a educação. Um grande estudo havia sido publicado – um grande documento chamado ‘Uma nação em risco’, e falava sobre o quão ruim era o nosso sistema educacional, e meio que pintou todas as escolas e todos os professores. Um pincel grande, largo e ruim”, disse Morgan. “Havia um ditado muito popular na época: ‘Aqueles que podem, fazem. Aqueles que não podem, ensinam'”.

Barbara Morgan e Christa McAuliffe. Morgan tornou-se astronauta profissional em janeiro de 1998, e voou na missão STS-118 para a Estação Espacial Internacional, em 8 de agosto de 2007, a bordo do Endeavour, o orbitador que substituiu o Challenger .

Mas McAuliffe ajudou a mudar essa percepção, Barbara acrescentou: “Christa era uma professora maravilhosa, um ser humano maravilhoso e um representante maravilhoso de nossa profissão, e isso fez com que ela se tornasse mais valorizada”, disse Morgan. “Isso é algo pelo qual estou muito, muito grata e orgulhosa”.

A irmã de Christa, Lisa Bristol, em sua casa em Sterling. “Minha irmã era uma pessoa extremamente especial. Eu sabia que tinha algo verdadeiramente especial em tê-la como irmã mais velha”, disse Bristol. O mais especial é que, mesmo depois de sua morte, Lisa afirma que o legado de McAuliffe através dos centros de aprendizado carregava o que era mais importante para ela: “Christa era uma professora de coração. Ela ainda está nos ensinando”.

O legado de Christa vive através dos alunos de sua escola, além de várias bolsas de estudos e centros de educação. Ela foi introduzida no Hall da Fama Internacional do Ar e Espaço no Museu do Ar e Espaço de San Diego e também recebeu a Medalha de Honra Espacial do Congresso pelo ex-presidente George W. Bush. À medida que as viagens espaciais e a exploração continuam, mais pessoas podem continuar seguindo os passos de McAuliffe para “alcançar as estrelas”.

Túmulo de McAuliffe em Concord, New Hampshire.
Ruan Bitencourt Silva

Ruan Bitencourt Silva