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Agora você pode baixar 150.000 ilustrações gratuitas do mundo natural

Por Theresa Machemer
Publicado na Smithsonian Magazine

Ilustrações botânicas nos dão vislumbres fascinantes, detalhados e em cores vivas do mundo natural. E agora, como divulgado por Hakim Bishara no Hyperallergic, mais de 150.000 obras de arte estão disponíveis gratuitamente para download na Biodiversity Heritage Library (BHL), um arquivo digital de acesso aberto que preserva imagens e documentos relacionados à botânica, vida selvagem e biodiversidade.

Feitas através de pinturas em aquarela, impressões litográficas e linhas de tinta preta, as ilustrações coletadas demonstram a diversidade da vida selvagem da Terra, conforme observado ao longo de centenas de anos. Os primeiros textos da BHL datam de meados dos anos 1400; sua coleção digital inclui ilustrações criadas no início do século XX.

A prática de  elaborar ilustrações detalhadas da flora e fauna, seja para documentar uma expedição científica ou uma prática médica, ganhou popularidade bem antes da fotografia ser inventada. Ainda hoje, uma ilustração pode oferecer mais clareza do que uma fotografia.

Pequenas maçãs vermelhas siberianas de Nova York. Crédito: Biodiversity Heritage Library.

“Uma ilustração pode mostrar várias partes de uma planta ao mesmo tempo, algo que uma foto não poderia”, disse Robin Jess, diretora do programa de Arte e Ilustração Botânica do Jardim Botânico de Nova York, à Katherine Roth da Associated Press em 2019. “A ilustração pode mostrar detalhes extras da fruta, por exemplo, e como ela é dividida.”

Fundada em 2006 por um consórcio de bibliotecas de história natural, entre elas as Bibliotecas Smithsonian, a BHL lançou seu portal online no ano seguinte. Depois de 300 títulos, o banco de dados cresceu para mais de 200.000 volumes, 150.000 ilustrações e informações sobre cerca de 150 milhões de espécies. De acordo com o Hyperallergic, as seleções variam de esboços de animais a diagramas históricos e estudos botânicos.

Ilustrações coletadas e páginas digitalizadas de plantas preservadas, chamadas herbárias, fornecem informações para os pesquisadores que estudam a maneira como as plantas se adaptam a um clima em mudança. Outras obras, como os esboços zoológicos de Joseph Wolf, mostram como as normas sociais moldaram a maneira como as pessoas imaginam animais.

Os elefantes africanos de Joseph Wolf refletem uma estrutura familiar vitoriana em vez do comportamento real dos elefantes selvagens. Crédito: Biodiversity Heritage Library.

Wolf ilustrou dois volumes de animais raros retratados em seu ambiente natural, e não no zoológico de Londres, onde eles realmente estavam. Numa litografia, um trio de elefantes africanos estão juntos próximos de um rio. Como Elisa Herrmann, da BHL, aponta em uma matéria do blog, a ilustração “reflete o ideal de uma família vitoriana”, com dois pais e um filho, mas falha em capturar o comportamento real dos elefantes selvagens. Ao contrário do que é mostrado na ilustração, os elefantes machos são desleais e as fêmeas adultas têm presas.

Flora Graeca, compilada pelo botânico John Sibthorp entre 1806 e 1840, exemplifica a importância das anotações de campo dos ilustradores. Descrito pelo botânico do século 20 WT Stearn, como “o livro mais rico e bonito dedicado a flora em geral”, o texto apresenta desenhos impressos com placas gravadas coloridas à mão, com base nos mais de mil esboços de campo do artista austríaco Ferdinand Lukas Bauer.

Atualmente, a BHL está catalogando milhares de livros de campo em parceria com o Smithsonian Institution Archives, a Smithsonian Libraries e o Museu Nacional de História Natural do Smithsonian. Desde que o projeto começou em 2010, o grupo catalogou mais de 9.500 livros de campo e digitalizou cerca de 4.000.

As estimativas do número de animais perdidos nos recentes incêndios florestais da Austrália não incluem insetos. Crédito: Biodiversity Heritage Library.

Na declaração da iniciativa, a BHL cita ecossistemas em rápida mudança e extinções como motivos para reunir um corpo de conhecimento sobre biodiversidade que pode ajudar os pesquisadores a registrar como o mundo está mudando hoje. Após os incêndios florestais da Austrália, por exemplo, os cientistas poderiam fazer uso desse catálogo de insetos da Austrália de 1907.

Hoje, escreve Adrian Higgins para o Washington Post, os ilustradores botânicos são “raros e estão ameaçados de extinção quanto algumas das plantas que desenham”. Os frutos de seu trabalho, no entanto, têm e continuam sendo “essenciais” para os botânicos, detalhando novas espécies ou fazendo listas de plantas nativas da região.

Em entrevista a Associated Press, Jess, do Jardim Botânico de Nova York, explicou: “Os artistas botânicos contemporâneos compartilham uma preocupação com o meio ambiente, principalmente à luz das mudanças climáticas, chamando a atenção para o caso particular das plantas”.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.