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Amamentação tem efeitos positivos que duram até a adolescência

As mitocôndrias são organelas intracelulares responsáveis pela produção de energia, produzindo adenosina trifosfato (ATP), um substrato necessário para o metabolismo. Cada célula contém várias mitocôndrias, cada uma com várias cópias do DNA mitocondrial (mtDNA). Nesse sentido, a diminuição da função mitocondrial pode causar comprometimento das funções celulares e originar uma variedade de distúrbios, incluindo doenças cardiovasculares, câncer, diabetes mellitus e síndrome metabólica, doenças autoimunes e doenças neurodegenerativas e comportamentais.

A pesquisa conduzida na Hasselt University, Bélgica, publicado na Scientific Reports, levantou uma hipótese de que condições precoces contribuem para a predisposição para saúde ou doença mais tarde na vida. Os pesquisadores analisaram em adolescentes se a amamentação infantil está associada ao conteúdo celular referente à mitocôndria, uma organela envolvida com a produção de energia na célula.

Este estudo fez parte do terceiro ciclo do estudo de ambiente e saúde (FLEHS), o qual recrutou 355 adolescentes de 14 a 15 anos da população geral de Flandres, Bélgica.

O conteúdo mitocondrial foi analisado por amostras sanguíneas para isolar o DNA das mitocôndrias. A quantidade relativa de mtDNA foi medida determinando a razão de dois números de cópias de genes mitocondriais (MTF3212 / R3319 e MT-ND1) para um gene de controle nuclear de cópia única (RPLP0) usando o sistema de PCR em tempo real rápido.

Como principal resultado, foi observada uma associação positiva entre a amamentação durante a infância com o conteúdo de DNA mitocondrial na idade adolescente. Quanto mais o adolescente foi amamentado, maior o conteúdo de DNA mitocondrial no sangue na idade do adolescente, indicando melhor funcionamento das células e melhor condição de saúde.

Os cientistas destacaram que existem vários mecanismos por meio dos quais a amamentação pode exercer seus efeitos positivos no mtDNA, como metabolismo energético, hormônios metabólicos, compostos antioxidantes e desenvolvimento cognitivo com base nos efeitos no sistema nervoso central.

Em vista disso, a pesquisa reforça que a amamentação tem benefícios que duram no mínimo até a adolescência.

Referência

Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br