A pseudociência é todo o conjunto de informações que se diz baseado em evidências científicas, mas não segue a metodologia científica, tem falsas premissas, informações vagas e hipóteses absurdas com conclusões ainda mais absurdas.
Existem vários tipos e origens de pseudociências, mas as mais comuns são as motivadas por teorias de conspiração, fundamentalismo religioso e crenças no sobrenatural, etc. Quando crenças se tornam pseudociências, é obviamente uma tentativa de obter a credibilidade que a ciência possui, uma vez que funciona. Antigamente, bastava pregar para obter fiéis e assim promover sua crença – hoje porém essa prática perde eficiência e ainda encontra a refutação, por parte dos estudos cada vez mais avançados do mundo real. Em consequência a isso, os defensores de crendices tentam de tudo para obter para si a credibilidade científica – é uma questão de tentativa de sobrevivência. Quando rejeitados pela ciências, os pseudos praticam falácias, que são falsos argumentos. Vejamos algumas apelações muito comuns, que podem ajudar a identificar quando um assunto é pseudocientífico, e quando o seu argumentador está sendo falacioso.
Apelo à autoridade
“Mas temos muitos cientistas PhDs que acreditam no Criacionismo (…)”.
O Apelo à autoridade é sem dúvida um dos mais procurados, em especial por defensores de uma pseudociência. Essa é a mais evidente tentativa de credibilidade científica: citar cientistas que acreditam na ideologia, é uma prática muito comum, e é garantido que encontrará, pois cientistas são pessoas, e estão sujeitos a colocar sua crença acima de sua razão, por mais graduados que forem.
Há PhDs defensores do criacionismo assim como há defensores da atividade alienígena na Terra, da Terra-Oca, da Terra-Plana, etc. O fato que por mais que pareça que tal apelo seja algo confortável para a sua crença, o valor prático dele é extramente exíguo. Para o tipo de argumento acima, o fato é que são uma grande minoria no meio científico, e que a maioria desses graduados defensores do criacionismo sequer são formados em Ciências da Terra e da Vida. Esse apelo não só é inútil, como também funciona mais contra do que a favor da pseudociência defendida – em virtude de que é a maioria dos graduados que despreza essa pseudociência em todas as instâncias.
Apelo à maioria
“Pessoas pelo mundo todo acreditam na Astrologia, e dizem que ela funciona (…)”
Esse Apelo é baseado na falsa premissa de que a credibilidade de algo se dá pelo número de crentes nele – o que os faz parecer acharem que a realidade das coisas se define pela maioria de votos, ou algo assim.
É preciso entender que ciência de verdade não é democrática, não se faz ciência por maioria de credores num assunto. A ciência se faz com evidências, experimentos, fatos descobertos. Ela é insensível às nossas predileções, sensível apenas aos fatos. Assim como o Apelo à Autoridade, o apelo à maioria também funciona mais contra que a favor das pseudociências – pois a maioria se manifesta apenas nos meios cientificamente menos informados. No meio científico, a vasta maioria rejeita a Astrologia, o Criacionismo, a Homeopatia etc – mas é claro que não é nisso que a ciência se baseia, mas sim nas evidências, que mostraram que essas crenças não se aplicam à realidade dos fatos.
Apelo às teorias conspiratórias
“Não existe nenhum artigo científico criacionista nos meios acadêmicos porque os evolucionistas manipulam este, e a revisão por pares é um engodo, e (…)”
É mais confortável dizer que os artigos criacionistas são rejeitados por preconceito e conspiração, do que admitir a verdade: que não passaram pelo rigor da validação científica. É, basicamente, um vitimismo sem limites.
Esse apelo deve ser dos mais comuns a todas as pseudociências refutadas pelos cientistas de verdade, porque é a única forma de conseguir a simpatia das pessoas e de quebra uma forma de invalidade aqueles que refutaram o seu “estudo”. A prática mais comum é escrever livros como se fossem “ciências alternativas”, afinal, diferente do meio acadêmico, papel aceita tudo.
Apelo à ignorância
“Ninguém provou que Deus não existe, portanto existe (…)”
O apelo à ignorância é uma falácia lógica que assume que todas as premissas são apenas ou falsas ou verdadeiras, partindo dum princípio de desconhecimento anterior sobre o assunto. É um falso dilema.
Essa falácia é típica no criacionismo, baseando-se nas lacunas do nosso conhecimento sobre como se dá evolução – formando um falso pressuposto de que isso invalidaria toda o arcabouço da Teoria da Evolução. Ela também aparece na negação à origem natural da vida (Abiogênese), num pressuposto de que como não sabemos exatamente como surgiu a vida, ela deve ter sido criada.
Embora esse apelo faça um certo sucesso no meio popular e entre os crentes, sua aplicabilidade científica é inexistente. Esse tipo de apelo é sumariamente rejeitado pela própria metodologia científica – em que aquilo que não sabemos, procuramos evidências antes de ter qualquer conclusão.
Apelo à Física Quântica
“A física quântica prova a possibilidade da espiritualidade, esoterismo, etc.”
A base desse apelo é um desconhecimento tremendo sobre o que realmente é Física Quântica, baseando-se no ar de mistério e complexidade que, apenas a palavra “quântica”, já desperta nas pessoas. Paralelo ao apelo à ignorância, o charlatanismo pseudo quântico tem se tornado uma moderna forma de pseudos se passarem como detentores de alguma credibilidade científica.
A Mecânica Quântica, basicamente é o ramo da Física que estuda o Universo em suas menores dimensões: o Universo Quântico, as partículas, campos e ondas que formam a essência subatômica de tudo que existe. Ela pode sim explicar a essência de todo o Universo, e tem uma aplicabilidade fenomenológica vasta, mas absolutamente nada a ver com magias e sobrenatural, essa associação existe apenas nas mentes dos crentes e falsos entendedores do assunto.
Deixem em seus comentários as sugestões para mais apelos, falácias e outros disparates que ajudam a identificar pseudos-científicos, pra irmos listando um guia de como identificar pseudos. Isso não é um passatempo, mas um trabalho importante, para que a verdadeira ciência possa obter mais espaço no meio popular, e melhorar a vida de todos. Façamos parte disso.
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