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Blocos de construção da vida foram encontrados em um asteroide no espaço pela primeira vez

Traduzido por Julio Batista
Original de Ben Turner para a Live Science

Pela primeira vez, cientistas encontraram os blocos de construção para a vida em um asteroide no espaço.

Pesquisadores japoneses descobriram mais de 20 aminoácidos na rocha espacial Ryugu, que fica a mais de 320 milhões de quilômetros da Terra.

Os cientistas fizeram a primeira detecção de seu tipo estudando amostras recuperadas do asteroide próximo à Terra pela espaçonave Hayabusa-2 da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), que pousou em Ryugu em 2018.

Em 2019, a espaçonave coletou 5,4 gramas da superfície e do subsolo do asteroide, guardou em um recipiente hermético e enviou à Terra em uma trajetória bem ajustada.

Em vez de ser um grande pedregulho, Ryugu é composto de muitas pequenas rochas, e o asteroide obteve sua forma incomum pela rotação rápida, acreditam os cientistas.

Como um asteroide carbonáceo, ou tipo C, Ryugu contém uma grande quantidade de matéria orgânica rica em carbono, muito da qual provavelmente se originou da mesma nebulosa que deu origem ao Sol e aos planetas do Sistema Solar cerca de 4,6 bilhões de anos atrás. Análises de amostras anteriores também sugeriram que o asteroide abriga água.

“O material de Ryugu é o material mais primitivo do Sistema Solar que já estudamos”, disse Hisayoshi Yurimoto, professor de geociências da Universidade de Hokkaido e líder da equipe de análise química inicial da missão Hayabusa-2, enquanto descrevia as descobertas iniciais na Conferência Científica Lunar e Planetária em março.

(Créditos: Yada et al., Nature Astronomy, 2021)

Ao contrário das moléculas orgânicas encontradas na Terra, as amostras de asteroides pretos como breu que os cientistas descobriram refletem apenas 2 a 3 por cento da luz que os atinge e não foram alteradas por interações com o ambiente da Terra, dando-lhes uma composição química muito mais próxima da do Sistema Solar primitivo.

“Nós detectamos vários compostos orgânicos prebióticos nas amostras, incluindo aminoácidos proteinogênicos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos semelhantes ao petróleo terrestre e vários compostos de nitrogênio”, disse Hiroshi Naraoka, cientista planetário da Universidade de Kyushu e líder da equipe que procurou por matéria orgânica nas amostras, na conferência.

“Essas moléculas orgânicas prebióticas podem se espalhar por todo o Sistema Solar, potencialmente como poeira interplanetária da superfície de Ryugu por impacto ou outras causas”.

Inicialmente, a análise da amostra detectou 10 tipos de aminoácidos, mas agora o número aumentou para mais de 20, de acordo com o Ministério da Educação do Japão. Os aminoácidos são os blocos de construção fundamentais de todas as proteínas e são pré-requisitos indispensáveis ​​para a existência de vida em nosso planeta.

Um estudo de 2019 na revista Geochimica et Cosmochimica Acta encontrou moléculas orgânicas do espaço em um grupo de rochas de 3,3 bilhões de anos descobertas na África do Sul, levantando a possibilidade de que algumas – se não todas – dessas moléculas construtoras de vida tenham aparecido pela primeira vez na Terra em cometas e asteroides. As descobertas de Ryugu tornam a evidência de que os asteroides carregam essas moléculas ainda mais fortes.

“Provar que os aminoácidos existem na subsuperfície dos asteroides aumenta a probabilidade de que os compostos tenham chegado à Terra a partir do espaço”, disse Kensei Kobayashi, professor emérito de astrobiologia da Universidade Nacional de Yokohama, à Kyodo News.

Isso significa que os aminoácidos provavelmente podem ser encontrados em outros planetas e satélites naturais – uma pista de que “a vida poderia ter nascido em mais lugares do Universo do que se pensava anteriormente”, acrescentou.

Os pesquisadores continuam analisando amostras de Ryugu, e mais dados sobre a formação do asteroide e sua composição estarão disponíveis em breve.

E Ryugu não é a única rocha espacial sob investigação. Em 2021, a espaçonave OSIRIS-REx da NASA coletou uma amostra de rocha de outro asteroide em forma de diamante, chamado Bennu.

Quando a amostra retornar à Terra em 2023, os sinais de matéria orgânica contidos nela podem fornecer aos cientistas pistas importantes sobre a evolução do Sistema Solar e seus materiais, além de como a vida emergiu deles.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.