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Ciência, previsão e probabilidade

Texto em parceria com o astrônomo português Carlos Oliveira, do AstroPt.

“A ciência não pode prever o que vai acontecer. Só pode calcular a probabilidade de alguma coisa acontecer”.

Para alguns, essa frase do físico brasileiro César Lattes (1924-2005) pode parecer um fator negativo. Assustador, até mesmo. Contudo, trata-se mesmo é de uma vantagem! Ao basear-se em probabilidades, a ciência distancia-se de preconceitos. Abre espaço para perguntas como “Por quê?”, “Como?”, “Quando?”… “Onde”. Impede-nos de ficar à margem de pensamentos e conceitos alheios. A investigação é algo que nos concede asas.

Pode notar… Nascemos cientistas! Quando crianças, queremos saber sobre tudo! Algo que, de certo modo, é ceifado com o tempo. E não apenas porque descobrimos algumas das respostas. Os motivos? Vários. Inclusive os adultos. Muito pior que não ter refutar as questões dos pequenos é limitar-se a dizer “Porque sim”, “Você faz muitas perguntas”, entre outras. Ah… E sem esquecer-se do famoso “Mas que bagunça é essa?”, usado por adultos quando crianças se metem a fazer “experiências científicas”.

De fato, um excelente artifício é incentivar as crianças à leitura. E, se ainda não são alfabetizadas, deveríamos ler com elas. Entender e transmitir tais informações, de modo simples e preciso.

Esta característica, a da probabilidade, é o que faz a ciência pulsar. É o que nos garante computadores, internet, frigoríficos, máquinas hospitalares, entre outros itens de extrema importância ao nosso cotidiano. É desta forma que sabemos, por exemplo, como funciona a gravidade. Tudo aquilo usado em nosso cotidiano baseia-se neste simples conceito científico. Mesmo aquilo que não notamos – ou que damos pouca importância. Assumir que a gravidade funcionará no segundo seguinte baseia-se neste incrível conceito da probabilidade.

É o nosso cérebro a fazer muitas previsões em um segundo e a chegar à mais provável. Até toda a matemática que regula a nossa vida em todos os segundos sem nos darmos conta, tem por base este simples conceito. O conceito da probabilidade. E o que mais ainda governará… Sabendo que a mecânica quântica na base do que será o nosso mundo também tem a probabilidade como rainha.

Ciência, conhecimento, vida. Tudo isso é uma sequência de probabilidades. Algo que traz à mente outra frase. Essa, porém, de Carl Sagan: “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer dividir um planeta e uma época com você”.

Rafael Ligeiro

Rafael Ligeiro

Jornalista e publicitário, atua em Comunicação desde 2002. Com mais de 400 artigos sobre diversos segmentos publicados no Brasil e no Exterior, escreve sobre astronomia para os sites AstroPt e Universo Racionalista, além da revista da Associação Brasileira dos Planetarios (ABP), a Planetaria. Fascinado por ciência desde a infância, é fã de documentários como O Universo e Cosmos.