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Cientistas capturam imagens raríssimas de um peixe do fundo do mar devorando um tubarão inteiro

Por Mike McRae
Publicado na ScienceAlert

Ter um banquete tão farto é algo raro na paisagem árida das profundezas do oceano. Portanto, os pesquisadores não conseguiram acreditar na sorte que tiveram quando se depararam com um espetáculo alimentar de tubarões do fundo do mar comendo um espadarte (às vezes, confundido com um peixe-espada) abatido na costa dos EUA em julho de 2019.

Mas eles nunca imaginaram que também iriam capturar imagens de um desses tubarões se tornando a presa de outra criatura do fundo do mar.

Com um rover navegando nas proximidades, um peixe aproveitou a sombra do veículo submersível. Ninguém poderia culpar um peixe cauteloso por se conter enquanto os tubarões famintos se alimentam, mas esse peso-pesado tinha planos de transformar um dos grandões em seu jantar.

Um vídeo postado pela Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) mostra as consequências da emboscada de um wreckfish faminto. Você pode assistir no clipe abaixo, com almoço de tubarão sendo servido por volta de 1:42.

https://youtu.be/0_JwNmU3HwM

A janta ocorreu a uma profundidade de cerca de 450 metros, perto de uma elevação no fundo do mar a 130 quilômetros da costa da Carolina do Sul (EUA).

Enquanto procurava os destroços do petroleiro SS Bloody Marsh, o veículo operado remotamente do NOAA Deep Discoverer encontrou os restos de um espadarte de 2,5 metros de comprimento sendo mastigado por quase uma dúzia de tubarões de alto mar.

“A causa da morte deste animal majestoso não é clara, talvez devido à idade, doença ou alguma outra lesão”, disse o cientista marinho Peter J. Auster, da Universidade de Connecticut (EUA).

“Não havia nenhum anzol visível ou linha de pesca sugerindo que se tratava de uma pesca perdida. No entanto, qualquer tipo de ferimento teria sido mascarado pelo dano maciço causado por centenas de mordidas de tubarão.”

Os tubarões eram duas espécies de cação de fundo do mar, comumente chamados de tubarões-dorminhocos. Dois dos maiores indivíduos eram provavelmente um cação de pele áspera (Centroscymnus owstonii).

Outros pertenciam a um animal recém-descoberto: o cação do Genie (Squalus clarkae), nomeado em homenagem ao fundador do Laboratório Mote Marine, Eugenie ‘Shark Lady’ Clark em 2018.

Ambas as espécies de tubarão-dorminhoco são comumente encontradas nesses tipos de profundidades, vagarosamente navegando até que alguma presa apareça. Ou, como neste caso, praticamente chove presas do céu nessa área.

Farejando comida nas correntes, ou talvez detectando as vibrações de visitas anteriores, acredita-se que eles teriam viajado de alguma distância apenas para encher a barriga de comida.

O que quer que tenha atraído os necrófagos, não demorou muito para que o que parecia ser um wreckfish do Atlântico solitário (Polyprion americanus) também aparecesse em cena para uma refeição fácil.

Esses peixes enormes podem exceder 2 metros de comprimento e geralmente ficam em torno de cavernas de águas profundas e navios naufragados.

Não está claro se ele veio para o prato especial do dia, mas ficou para a festa. Mas, à medida que a festa continuava, o wreckfish emergiu do brilho das luzes do Deep Discover para envolver sua boca em torno de um dos tubarões.

“Este evento raro e surpreendente nos deixa com mais perguntas do que respostas, mas essa é a natureza da exploração científica”, diz Auster.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.