Publicado na EurekAlert!
Cientistas conseguiram pela primeira vez determinar a estrutura molecular de um novo antibiótico que pode ser a chave para combater bactérias resistentes à drogas (comumente chamada no Brasil de “superbactéria”).
A equipe da Universidade de Lincoln, Reino Unido, já havia produzido dois derivados sintéticos da Teixobactin – que tem sido considerada uma potencial revolução na luta contra resistência antimicrobiana – e os pesquisadores se tornaram os primeiros no mundo à documentar a composição molecular do antibiótico.
Esse é um passo importante para a compreensão de como diferentes variantes da Teixobactin funcionam, e quais elementos são necessários para que ela destrua eficazmente bactérias resistentes.
Teixobactin, que mata patógenos sem resistência detectável, foi descoberta pela primeira vez em 2015 por cientistas americanos. Ela foi isolada de microrganismos (que não crescem em condições laboratoriais – portanto, desconhecidos) encontrados no solo – a fonte natural de quase todos os antibióticos desenvolvidos desde 1940. Cientistas ao redor do mundo passaram a explorar maneiras de criar versões do antibiótico através da síntese química, para que pudesse ser desenvolvida como uma potencial droga para tratamento.
Na universidade de Lincoln, o Dr. Ishwar Singh da Escola de Farmácia liderou um time que produziu sinteticamente diferentes derivados da Teixobactin. Esses derivados foram testados biologicamente pelo Dr. Edward Taylor, da Escola de Ciências da Vida da Lincoln. Os pesquisadores agora publicaram novos achados na relação entre a estrutura molecular de um antibiótico e sua atividade biológica. O estudo foi publicado na Chemical Communications da Sociedade Real de Química.
“O aumento dos níveis de resistência antimicrobiana representa um grande desafio à saúde global. A descoberta de um antibiótico altamente potente como a Teixobactin proporcionou um ímpeto extremamente necessário de pesquisa antimicrobiana em todo o mundo. Apesar de a Teixobactin não mitigar todos os problemas relacionados à resistência antimicrobiana, ela é um passo definitivo na direção certa, e nossa pesquisa continua rumo à esse objetivo vital”, disse o Dr. Singh.
A equipe da Universidade de Lincoln descobriu que a estrutura molecular da Teixobactin se relaciona diretamente com a sua ação antimicrobiana e sua capacidade de destruir patógenos. Os pesquisadores descobriram que uma desestruturação relativa é essencial para a atividade biológica da Teixobactin, com variações mais estruturadas do antibiótico demonstrando-se inativa. Eles também identificaram uma maneira de manter essa “desordem” quando sintetizando novas variantes.
“Nós definimos com sucesso a estrutura molecular de sete análogos da Teixobactin”, explicou o Dr. Singh. “Isso nos permite entender a importância de aminoácidos individuais dentro do antibiótico, e compreender a contribuição que cada um faz para a estrutura molecular da Teixobactin. Nós descobrimos que um aminoácido em particular (D?Gln4) é essencial e outro (D?Ile5) é importante para manter a estrutura desordenada da Teixobactin, que é imperativa para sua atividade biológica”.
“Ao explorar as estruturas de diferentes versões da Teixobactin nós somos, pela primeira vez, capazes de começar a entender como essa molécula funciona. Esse conhecimento nos permite produzir diferentes formas de Teixobactin de forma mais fácil e em maior escala com potencialmente melhores propriedades farmacêuticas”, disse o Dr. Taylor.
Esse trabalho representa um passo importante rumo ao desenvolvimento da Teixobactin como uma droga, já que cientistas agora terão uma compreensão muito mais clara de quais componentes são essenciais para assegurar a efetividade da droga e quais não são.