Nós fabricamos mais de 300 milhões de toneladas de PET por ano para serem utilizados com diversos fins desde embalagens até roupas.
O PET é um produto resistente e bastante duradouro, sua desvantagem é que uma vez descartado, ele permanece no ambiente, sujando ruas, campos e oceanos. Todos os cantos do nosso planeta têm sido marcados por nossa dependência desse tipo de plástico.
Mas parece que a partir de agora nós temos alguma ajuda para limpar a bagunça. Bactérias foram encontradas “mastigando” garrafas descartadas no lodo de um centro de reciclagem.
Plásticos são polímeros: moléculas longas feitas de blocos em repetição (monômeros). É um material maleável e durável. A maioria dos plásticos é feita a partir de monômeros à base de carbono, por isso, em tese, são uma boa fonte de alimento para microrganismos.
Mas, ao contrário de polímeros naturais, como a celulose por exemplo, a matéria plástica geralmente não e biodegradável. Bactérias e fungos evoluíram, se alimentando com materiais naturais, ao aproveitar os recursos de matéria morta.
Plásticos só passaram a existir há cerca de 70 anos. Microrganismos simplesmente não tiveram muito tempo para desenvolver as ferramentas bioquímicas necessárias para digerir esses polímeros, uma fonte de energia e carbono que eles precisam para crescer.
Agora, uma equipe da Universidade de Kyoto, encontrou um micróbio “mastigando” o plástico. Após cinco anos de pesquisa estudando 250 amostras, isolaram uma bactéria que poderia viver no Tereftalato de etileno (PET). Eles chamaram a nova espécie de bactéria Ideonella rakaiensis.
Pode ser que você já tenha lido algo parecido a respeito, mas essas bactérias são diferentes: Em primeiro lugar, os relatórios anteriores citavam fungos difíceis de cultivar, sendo que desta vez os pesquisadores deixaram o PET em um frasco quente com a cultura bacteriana e alguns outros nutrientes, e algumas semanas mais tarde todo o plástico havia sido digerido.
Em segundo lugar – e aqui está a verdadeira inovação – é que a equipe já identificou as enzimas que a Ideonella rakaiensis usa para digerir o PET. Todos os seres vivos contêm enzimas específicas usadas para acelerar reações químicas especificas
Os investigadores de Kyoto identificaram o gene responsável pela produção da à enzima de digestão de PET. Em seguida, foram capazes de produzir mais da enzima e ainda demonstram que o PET pode ser digerido usando somente a enzima.
Isso abre toda uma nova abordagem para reciclagem de plástico e descontaminação. Atualmente, a maioria das garrafas de plástico não são realmente recicladas. Em vez disso, são derretidas e transformadas em outros produtos de plástico rígido.
Empresas de embalagens normalmente preferem plástico “virgem” que são criados a partir de matéria prima normalmente derivados de petróleo. As enzimas digestivas de PET podem oferecer uma maneira verdadeira de reciclar plástico. Elas poderiam ser adicionadas a tonéis de lixo, degradando garrafas e outros artigos de plástico Estes poderiam então ser utilizados para fabricar o plástico fresco, ou seja, produção de um sistema de reciclagem de verdade.
Enzimas sintéticas já são usadas com grande eficiência num amplo espectro de coisas diárias. Sabão em pó de diversas marcas contém enzimas que digerem as manchas de gordura. As enzimas conhecidas como renet que são usadas para endurecer o queijo antigamente eram extraídas do intestino de bovinos, mas hoje são fabricadas com o uso de bactérias geneticamente modificadas. Talvez a partir de agora nós possamos usar um método de fabricação parecido para limpar nossa bagunça.
Veja aqui o estudo que foi publicado na revista Science.