Todos temos uma crença meio hollywoodiana acerca do que ocorreria caso um ser humano entrasse em contato com o vácuo do espaço. A culpa não é nossa, essa é a imagem que os filmes passam para nós. Mas o que, afinal, aconteceria caso um ser humano fosse exposto ao vácuo do espaço sem proteção?
Para a infelicidade da maioria dos diretores de cinema, o corpo não explode e nem entra em ebulição instantânea. Aliás, se a pessoa não tentasse segurar a respiração, ela teria chances de sobreviver algo em torno de 30 segundos sem danos permanentes. Já o fato de segurar o ar nos pulmões poderia ocasionar danos muito maiores. É o mesmo motivo pelo qual mergulhadores tem de cuidar ao retornar à superfície. Quando estão submersos, o pulmão se contrai por causa da pressão. Quando começam a emergir, o pulmão começa a voltar ao tamanho normal. O problema ocorre por causa da própria água! Os gases – no caso, dentro do pulmão do mergulhador – tendem a se dissolver nos líquidos quando existe uma diferença de pressão razoável. Ao emergir, a diferença de pressão diminui e o gás diluído começa a formar bolhas de ar nas veias da pessoa. Fora isso, experiências com animais comprovam que a pessoa não congelaria, morreria ou perderia a consciência instantaneamente.
Até porque outros seres humanos já entraram em contato com o vácuo na história. Jim LeBlanc, em 1965, estava testando trajes espaciais nas câmaras de vácuo da NASA quando, por um defeito em seu traje, iniciou-se uma despressurização. LeBlanc ficou inconsciente em 15 segundos. A sorte é que a equipe foi rápida e conseguiu salvá-lo a tempo, sem deixá-lo com nenhuma sequela permanente.
Uma coisa parecida aconteceu com Joe Kittinger, o precursor dos saltos da estratosfera. Kittinger estava em um balão de hélio, indo para uma altura de 30 quilômetros quando sua luva falhou em pressurizar sua mão direita. A mão, por sua vez, iniciou o mesmo processo dos mergulhadores, criando bolhas de ar. O resultado: sua mão expandiu até chegar em duas vezes o tamanho, levando três horas para voltar ao normal.
No entanto, até agora, somente três pessoas morreram devido à exposição ao vácuo. Em 1971, a Soyuz 11, que carregava três astronautas russos, sofreu um processo de descompressão durante a reentrada, quando ainda estava no espaço. O acidente resultou na morte dos três tripulantes. Quando a equipe de solo chegou ao local de pouso, encontrou os três em um estado que foi definido como “pareciam estar dormindo”.
Agora, sem qualquer tipo de roupa espacial, o que a exposição ao vácuo causaria além da privação de oxigênio e pressão? Caso o indivíduo estivesse na sombra, a temperatura iria cair bruscamente. Mas dos três tipos de trocas de calor (condução, convecção e radiação), apenas a radiação ocorre no vácuo, além de ser muito lenta. Literalmente, você morreria antes de congelar. Agora, se o indivíduo se postasse olhando para o Sol, as queimaduras devido à falta de filtração dos raios UV (por não existir atmosfera), seriam absurdas.
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