Pular para o conteúdo

Efeitos das medidas de distanciamento social sobre o surto da COVID-19 na Alemanha

Desde março, o Imperial College of London tem reforçado para a Organização Mundial da Saúde, sobre a recomendação das medidas de distanciamento social para controlar a pandemia. Recentemente, uma pesquisa publicada na Science analisou o impacto dessas medidas.

O estudo teve como base uma classe estabelecida de modelos para surtos epidêmicos. O modelo Susceptible-Infected-Recovered (SIR) especifica as taxas que os compartimentos populacionais mudam ao longo do tempo, ou seja, quando pessoas suscetíveis se tornam infecciosas e quando pessoas infecciosas se recuperam. De modo específico, os cientistas combinaram o modelo SIR (e generalizações) com a inferência de parâmetros bayesianos.

Foi observado que os pontos de mudança na taxa de disseminação da doença afetam os números de casos confirmados com um atraso de cerca de duas semanas (atraso médio de notificação de 11,4 dias. Dessa forma, foi possível relacionar os pontos de mudança inferidos com as três principais intervenções governamentais na Alemanha. Houve uma redução clara da taxa de disseminação relacionada a cada intervenção governamental e a adaptação simultânea do comportamento individual. As principais medidas foram: cancelamento de grandes eventos com mais de 1000 participantes (em torno de 9 de março); fechamento de escolas, creches e a maioria das lojas (em vigor em 16 de março) e; proibição de contato e fechamento de todas as lojas essenciais (em vigor em 23 de março).

Em vista dos dados analisados, ficou nítido os efeitos positivos das intervenções mencionadas sobre o controle da epidemia na Alemanha.

Referência

  • Dehning, Jonas, et al. “Inferring change points in the spread of COVID-19 reveals the effectiveness of interventions.” Science (2020). DOI: 10.1126/science.abb9789 
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br