Por Katie Cottingham
Publicado na EurekAlert!
Como uma alternativa ao dinheiro emitido pelo governo, a criptomoeda Bitcoin oferece anonimato relativo, nenhum imposto sobre vendas e isenção de interferências bancárias e governamentais. Contudo, algumas pessoas argumentam que esses benefícios têm um enorme impacto ambiental, particularmente no que diz respeito à mineração de Bitcoin – o processo utilizado para proteger a criptomoeda. Agora, um novo estudo publicado na revista Environmental Science & Technology estima que os impactos ambientais passados e futuros da mineração de Bitcoin podem ser menores do que se pensava anteriormente.
Em contraste com os bancos tradicionais, que mantêm registros de saldos e transações em um local centralizado, em Bitcoin todas as transações são armazenadas digitalmente como “blocos” em uma cadeia que é mantida por uma rede de pares. Utilizando computadores especiais, os mineradores de Bitcoin competem nesta rede para resolver um quebra-cabeça matemático. O vencedor, que ganha o direito de adicionar o próximo bloco de dados à cadeia, é recompensado com uma nova moeda Bitcoin. Essa mineração requer eletricidade substancial para alimentar os computadores especiais, mas as estimativas atuais do impacto associado a esse uso de energia sofrem com a falta de dados exatos. Susanne Köhler e Massimo Pizzol queriam realizar uma avaliação do ciclo de vida para entender melhor o impacto ambiental total da mineração de Bitcoin.
Os pesquisadores estimaram o consumo de eletricidade e as emissões de dióxido de carbono em 2018 para cada etapa da mineração de Bitcoin, desde a extração de matérias-primas para fabricar o equipamento até sua produção, uso e reciclagem. Eles calcularam que a rede Bitcoin consumiu 31,3 Terawatt-hora de eletricidade e gerou 17,3 megatons de equivalentes de dióxido de carbono em 2018, que eram inferiores às estimativas anteriores. Cerca de 99% do impacto ambiental surgiu do uso de equipamentos de mineração, com contribuições mínimas de produção e reciclagem. A localização dos mineradores teve o maior impacto no meio ambiente, com áreas que utilizam principalmente combustíveis fósseis para eletricidade, como Mongólia Interior, China, contribuindo mais para a emissão de carbono do que regiões que utilizam recursos renováveis, como Sichuan, China. A análise também previu que o impacto ambiental por minerador diminuirá se o equipamento de mineração se tornar mais eficiente, o uso de fontes renováveis de energia aumentar ou os mineradores se mudarem para climas mais frios, onde menos energia é necessária para resfriar os computadores. No entanto, o número de mineradores provavelmente continuará aumentando, pelo menos a curto prazo, dizem os pesquisadores.