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Estudo confirma que ‘piscadas lentas’ realmente funcionam para se comunicar com seu gato

Por Michelle Starr
Publicado na ScienceAlert

Os gatos têm a reputação de serem menos sociáveis, especialmente em comparação com os cães, mas se você acha seu amigo felino um pouco difícil de se relacionar, talvez você simplesmente não esteja falando a língua dele. Não tenha medo – uma nova pesquisa mostrou que não é tão difícil. Você só precisa sorrir mais para eles.

Não do jeito humano, mostrando os dentes, mas do jeito do gato, estreitando os olhos e piscando lentamente. Ao observar as interações gato-homem, os cientistas foram capazes de confirmar que essa expressão faz os gatos – tanto familiares, quanto desconhecidos – se aproximarem e serem receptivos aos humanos.

“Como alguém que estudou o comportamento animal e é dona de um gato, é ótimo ser capaz de mostrar que gatos e humanos podem se comunicar dessa maneira”, disse a psicóloga Karen McComb, da Universidade de Sussex, no Reino Unido.

“É algo que muitos donos de gatos já suspeitavam, então é emocionante ter encontrado evidências disso”.

Se você já passou algum tempo perto de gatos, provavelmente já viu a expressão facial deles com ‘olhos parcialmente fechados’, acompanhada de piscadas lentas. É semelhante a como os olhos humanos se estreitam ao sorrir e geralmente ocorre quando o gato está relaxado e contente. A expressão é interpretada como uma espécie de sorriso de gato.

Evidências anedóticas de donos de gatos sugeriam que os humanos podem copiar esta expressão para comunicar aos gatos que temos laços de amizade ​​e que são abertos à interação. Assim, uma equipe de psicólogos projetou dois experimentos para determinar se os gatos se comportavam de maneira diferente em relação aos humanos que piscavam lentamente.

No primeiro experimento, os donos piscaram lentamente para 21 gatos de 14 lares diferentes. Uma vez que o gato estava acomodado e confortável em um local em seu ambiente doméstico, os donos foram instruídos a se sentar a cerca de um metro de distância e piscar lentamente quando o gato estivesse olhando para eles. As câmeras registraram o rosto do dono e o rosto do gato, e os resultados foram comparados a como os gatos piscam sem interação humana.

Os resultados mostraram que os gatos são mais propensos a piscar lentamente para seus humanos depois que eles piscarem lentamente para eles, em comparação com a condição de não interação.

O segundo experimento incluiu 24 gatos de oito lares diferentes. Desta vez, não foram os donos que piscaram, mas os pesquisadores, que não tiveram contato prévio com o gato. Para um controle, os gatos foram gravados respondendo a uma condição para que não piscasse, em que os humanos olhavam para os gatos sem piscar.

Os pesquisadores realizaram o mesmo processo de piscar lentamente do primeiro experimento, acrescentando o ato de deixar uma mão estendida em direção ao gato. E eles descobriram que não apenas os gatos eram mais propensos a piscar de volta, mas que eles eram mais propensos a se aproximar da mão do humano depois que ele piscou.

“Este estudo é o primeiro a investigar experimentalmente o papel do piscar lentamente na comunicação gato-homem”, disse McComb.

“E é algo que você pode experimentar com seu próprio gato em casa, ou com gatos que encontra na rua. É uma ótima maneira de aumentar o vínculo que você tem com os gatos. Tente estreitar os olhos para eles como faria quando desse um sorriso relaxado, seguido do ato de fechar os olhos por alguns segundos. Você verá que eles respondem da mesma forma e você pode iniciar uma espécie de conversa”.

Os cães podem ser muito mais extrovertidos do que os gatos, mas para os amantes dos gatos, esta notícia não será uma surpresa. Pesquisas nos últimos anos mostraram que nossos amigos felinos estão muito mais sintonizados com seus companheiros humanos do que se supunha anteriormente, e que compará-los a cães não faz sentido.

Os gatos, por exemplo, respondem da mesma maneira aos humanos que são receptivos a eles – então, se você achar que os gatos são menos sociáveis, isso pode ser um problema seu, não do gatinho. Da mesma forma, os gatos reproduzem os traços de personalidade dos humanos com os quais convivem – isso pode estar relacionado ao motivo pelo qual os gatos parecem estar mais cabisbaixos quando seus humanos estão tristes. Eles também podem reconhecer seus nomes (embora optem por ignorá-los na maior parte do tempo). E seus laços com seus humanos são surpreendentemente profundos.

É difícil saber porquê os gatos piscam lentamente para os humanos dessa maneira. Tem sido interpretado como um meio de sinalizar intenções benignas, uma vez que os gatos interpretam o olhar fixo ininterrupto como ameaçador. Mas também é possível que os gatos tenham desenvolvido a expressão, uma vez que os humanos respondem positivamente a ela. Com animais domesticados, muitas vezes é difícil de notar.

De qualquer forma, parece ajudar a criar um vínculo. E isso é bom de saber. Aprender como melhorar nosso relacionamento com esses animais enigmáticos também pode ser uma maneira de melhorar sua saúde emocional – não apenas no ambiente doméstico, mas em uma série de situações potencialmente estressantes.

“Compreender as maneiras positivas pelas quais os gatos e os humanos interagem pode aumentar a compreensão pública dos gatos, melhorar o bem-estar felino e nos dizer mais sobre as habilidades sócio-cognitivas pouco estudadas desta espécie”, disse o psicólogo Tasmin Humphrey da Universidade de Sussex.

“Nossas descobertas podem ser usadas para avaliar o bem-estar dos gatos em uma variedade de ambientes, incluindo clínicas veterinárias e abrigos”.

Você vai tentar agora, não vai?

A pesquisa foi publicada em Scientific Reports.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.