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Físico sugere um modelo matemático que torna a viagem no tempo “sem paradoxos” plausível

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

Ninguém ainda conseguiu viajar no tempo – pelo menos até onde sabemos -, mas a questão de saber se tal feito seria ou não teoricamente possível continua a intrigar os cientistas.

Como mostrado em filmes como O Exterminador do FuturoDonnie DarkoDe Volta para o Futuro e muitos outros, viajar no tempo criaria muitos problemas para as regras fundamentais do Universo: se você voltar no tempo e impedir que seus pais se encontrem, por exemplo, como você poderia existir para voltar no tempo?

É uma dor de cabeça gigantesca conhecida como o ‘paradoxo do avô’, mas agora um estudante de física Germain Tobar, da Universidade de Queensland, na Austrália, diz que descobriu como “adequar os números” para tornar a viagem no tempo viável sem os paradoxos.

“A dinâmica clássica diz que se você conhece o estado de um sistema em um determinado momento, isso pode nos contar toda a história do sistema”, diz Tobar.

“No entanto, a teoria da relatividade geral de Einstein prevê a existência de laços temporais ou viagens no tempo – onde um evento pode estar tanto no passado quanto no futuro de si mesmo – teoricamente virando o estudo da dinâmica de ponta-cabeça”.

O que os cálculos mostram é que o espaço-tempo pode potencialmente se adaptar para evitar paradoxos.

Para usar um exemplo nesse tópico, imagine um viajante do tempo viajando ao passado para impedir que uma doença se espalhe – se a missão fosse bem-sucedida, o viajante do tempo não encontraria nenhuma doença ao voltar no tempo para impedi-la.

O trabalho de Tobar sugere que a doença ainda se espalharia de alguma outra forma, por uma via diferente ou por um método diferente, removendo o paradoxo. O que quer que o viajante do tempo fizesse, a doença não seria detida.

O trabalho de Tobar não é fácil de ser explorado por não-matemáticos, mas ele analisa a influência de processos determinísticos (sem qualquer aleatoriedade) em um número arbitrário de regiões no contínuo espaço-tempo e demonstra como ambas as curvas fechadas de tipo tempo (como previsto por Einstein) podem se enquadrar nas regras do livre arbítrio e da física clássica.

“A matemática confirma isso – e os resultados são matéria de ficção científica”, diz o físico Fabio Costa, da Universidade de Queensland, que supervisionou a pesquisa.

Fabio Costa (à esquerda) e Germain Tobar (à direita). Crédito: Ho Vu.

A nova pesquisa suaviza o problema com outra hipótese, aquela de que a viagem no tempo é possível, mas os viajantes do tempo teriam de ficar restritos naquilo que vão fazer, para impedi-los de criar um paradoxo. Nesse modelo, os viajantes do tempo têm a liberdade de fazer o que quiserem, mas os paradoxos não são possíveis.

Embora os números possam funcionar, curvar o espaço e o tempo para chegar ao passado permanece algo indefinido – as máquinas do tempo que os cientistas elaboraram até agora são de conceitos tão elevados que elas atualmente existem apenas como cálculos em páginas.

Podemos chegar lá um dia – Stephen Hawking certamente pensou que era possível – e, se o fizermos, essa nova pesquisa sugere que seríamos livres para fazer tudo o que quiséssemos com o mundo no passado: ele se reajustaria de acordo.

“Por mais que tentássemos criar um paradoxo, os acontecimentos sempre se ajustariam, para evitar qualquer inconsistência”, diz Costa. “A gama de processos matemáticos que descobrimos mostra que viajar no tempo com livre arbítrio é logicamente possível em nosso universo sem qualquer paradoxo”.

A pesquisa foi publicada na Classical and Quantum Gravity.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.