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Islândia realizou um experimento de 4 anos com semanas de trabalho mais curtas. Os resultados são ótimos

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

Por quatro anos, entre 2015 e 2019, cerca de 2.500 islandeses estiveram envolvidos em dois grandes experimentos para ver como uma semana de trabalho mais curta afetaria a produtividade. Agora os resultados chegaram – e os experimentos parecem ter sido um sucesso retumbante.

Alguns pontos-chave: reduzir uma semana de trabalho de 40 horas para 35 ou 36 horas não levou a nenhuma queda na produtividade ou na prestação de serviços, enquanto o bem-estar do trabalhador melhorou substancialmente em uma série de métricas, incluindo estresse e esgotamento percebido.

Desde que os testes foram realizados, cerca de 86 por cento de toda a força de trabalho na Islândia mudou para uma semana de trabalho mais curta, e há esperança dos pesquisadores por trás dos testes de que essas ideias possam ser aplicadas em outros países também.

“Em ambos os testes, muitos trabalhadores expressaram que depois de começar a trabalhar menos horas se sentiram melhor, mais energizados e menos estressados, resultando em mais energia para outras atividades, como exercícios, amigos e hobbies”, afirma o relatório publicado. “Isso teve um efeito positivo no trabalho deles”.

Uma ampla variedade de locais de trabalho esteve envolvida no período de quatro anos marcado pelos testes, de hospitais a escritórios, e mais de 1 por cento de toda a população ativa da Islândia participou. Os funcionários eram mantidos com o mesmo salário de antes, embora suas horas fossem reduzidas.

E as horas realmente foram reduzidas – os resultados publicados pela Associação pela Sustentabilidade e Democracia (Alda) na Islândia, e pelo think tank Autonomy do Reino Unido, mostraram que não houve aumento perceptível nas horas extras para a maioria dos funcionários. Reuniões mais curtas, mudanças de turno e a eliminação de tarefas desnecessárias ajudaram os trabalhadores a manter sua nova jornada.

Trabalhar quatro ou cinco horas a menos por semana, na verdade, forçou as pessoas a serem criativas na forma como faziam seus trabalhos – e embora alguns participantes dos testes tenham dito que inicialmente tiveram dificuldade para se adaptar, a maioria dos envolvidos logo se acostumou a uma nova forma de trabalhar.

“Em vez de fazer as coisas da mesma rotina usual de antes, as pessoas reavaliaram como fazer as coisas e de repente as pessoas estão fazendo as coisas de maneira muito diferente de antes, e as pessoas também cooperaram nisso”, disse um dos participantes dos testes.

Do lado do bem-estar, os envolvidos relataram menos estresse no trabalho e um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional como um todo. Nas entrevistas de acompanhamento, os participantes mencionaram benefícios, incluindo ter mais tempo para fazer afazeres e tarefas domésticas, ter mais tempo para si próprios e ser capaz de fazer mais exercícios.

O relatório publicado declara os testes na Islândia “um grande sucesso”, com gerentes e funcionários conseguindo passar menos tempo no trabalho sem realmente afetar a quantidade e a qualidade do trabalho que realizam – algo que vimos em pesquisas anteriores.

Talvez o mais revelador seja o fato da maioria dos participantes desejar continuar com a nova forma de trabalhar – algo a ser considerado enquanto os locais de trabalho em todo o mundo se reajustam ao impacto contínuo da pandemia do coronavírus.

“Tornou-se cada vez mais claro que poucos desejam retornar às condições de trabalho pré-pandêmica: o desejo de uma semana de trabalho reduzida é considerada para definir ‘o novo normal’”, conclui o relatório.

Você pode ler o relatório na íntegra no site da Alda.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.