Por Kristin Houser
Publicado no Futurism
Cérebros de lagarto
Sabemos que elas são capazes de regenerar suas caudas (e espinha dorsal). Mas, pelo visto, lagartixas são capazes de regenerar seus cérebros também, de acordo com pesquisadores da University of Guelph. Isso é legal para lagartixas, mas pode ser legal para nós também; pode sinalizar uma nova área de pesquisa para o tratamento de degeneração e lesões cerebrais humanas. Os pesquisadores publicaram esse estudo mês passado no periódico Scientific Reports.
Devido ao fato de que lagartixas podem regenerar várias partes de seus corpos, os pesquisadores suspeitaram que poderia ter algo interessante acontecendo nos seus cérebros também. Eles injetaram lagartixas-leopardos com um marcador químico que eles poderiam detectar no DNA de quaisquer células recém-formadas. Isso permitia que eles observassem células novas enquanto elas surgiam no cérebro das lagartixas.
Eles encontraram muito mais do que eles esperavam. Os pesquisadores também foram capazes de identificar um tipo de célula tronco que regularmente se transformava em neurônios (células cerebrais) no córtex medial do animal, uma parte do cérebro que desempenha a mesma função do hipocampo em seres humanos (o hipocampo é uma área profundamente relacionada com a memória). Essa é a primeira vez que cientistas descobriram que células tronco estavam envolvidas na formação de novos neurônios no cérebro de lagartixas.
Lagartos = Pessoas?
Lagartos tem uma relação muito mais próxima com humanos do que anfíbios ou peixes, que são os objetos da maioria dos estudos de regeneração, disse a pesquisadora principal do estudo, Rebecca McDonald, em um comunicado de imprensa. Portanto, a descoberta que lagartixas regeneram seus cérebros pode mudar a maneira como estudamos o cérebro humano, talvez de forma mais profunda que estudos passados sobre regeneração.
“Os achados indicam que cérebros de lagartixas estão constantemente renovando células cerebrais, algo que seres humanos são notoriamente ruins em fazer,” disse Matthew Vickaryous, coautor de McDonald no estudo. “O próximo passo nessa área de pesquisa é determinar porque algumas espécies, como lagartixas, conseguem substituir células neurais enquanto outras, como humanos, não conseguem”.
Lagartos ≠ Pessoas
Mesmo se descobrirmos porque humanos não conseguem regenerar células neurais como lagartixas fazem, isso não significará que saberemos como mudar a nossa biologia para imitá-los. Ainda assim, dada a notável complexidade do cérebro humano, qualquer nova compreensão do seu funcionamento interno é um passo rumo a melhores tratamentos para lesões, doenças e degeneração.