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Mais múmias com línguas de ouro são descobertas em antiga necrópole egípcia

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

Arqueólogos descobriram várias múmias antigas no Egito com lascas de ouro onde deveriam estar suas línguas.

A descoberta auspiciosa foi feita na necrópole Quesna no centro do Delta do Nilo. Descoberto em 1989, acredita-se que o local tenha sido ocupado durante os períodos ptolomaico e romano, que se estenderam de cerca de 300 a.C. a 640 d.C.

As múmias com línguas de ouro foram desenterradas em uma extensão recém-descoberta do complexo arqueológico, onde vários outros corpos foram enterrados em três períodos de tempo diferentes no antigo Egito.

Alguns dos esqueletos desenterrados têm seus ossos vitrificados em ouro, enquanto outros foram simplesmente enterrados perto de ouro em forma de escaravelhos e flores de lótus.

As línguas de ouro são um quebra-cabeça, embora já tenham sido encontradas antes.

No início de 2021, pesquisadores que cavaram em um local de 2.000 anos no Egito descobriram um crânio com um ornamento brilhante em forma de língua emoldurado em sua boca aberta.

Múmia egípcia antiga com língua de ouro. (Créditos: Ministério de Antiguidades Egípcias)

Então, no final de 2021, múmias de um homem, uma mulher e uma criança foram novamente encontradas com línguas de ouro, datando de mais de 2.500 anos.

As três línguas de ouro de múmias de um homem, uma mulher e uma criança do antigo Egito. (Créditos: Ministério Egípcio de Turismo e Antiguidades)

Na época em que as descobertas foram feitas, o Ministério de Turismo e Antiguidades egípcio suspeitava que o ouro havia sido colocado lá há muito tempo por embalsamadores para garantir que os mortos pudessem navegar na vida após a morte.

Hoje, uma pessoa com uma ‘língua de prata’ é uma expressão que designa um orador muito eloquente, mas no Egito antigo, os especialistas acham que uma língua de ouro era necessária para ficar do lado do senhor e juiz do submundo, Osíris.

Como Hades, Osíris também viveu entre os mortos e impôs uma regra estrita de silêncio. Na verdade, o submundo no antigo Egito às vezes era conhecido como ‘a Terra Silenciosa‘, e o próprio Osíris era chamado de ‘o Senhor do Silêncio’.

Osiris aparentemente detestava barulho, e é por isso que durante os arranjos funerários no antigo Egito, acredita-se que o silêncio era imposto. Somente quando a boca de uma múmia era aberta em preparação para a vida após a morte, música ou som era tocado.

Talvez a introdução de uma língua de ouro permitisse que as múmias falassem com Osíris sem fazer barulho. Mas se for esse o caso, então por que apenas algumas múmias são enterradas com línguas de ouro?

O ouro era um material popular no antigo Egito para fazer ornamentos para ritos funerários. O elemento cintilante foi considerado a carne dos deuses, especificamente a pele do Deus Sol, Rá, e estava associado ao conceito de eternidade.

Rá era o líder de todos os antigos deuses egípcios, o criador de tudo, e ele estava intimamente unido a Osíris. Rá representava a porção iluminada pelo Sol do dia, enquanto Osíris representava as horas de escuridão.

Talvez uma língua de ouro represente uma linha para a luz, mesmo na escuridão fria do submundo. Sem mais evidências, tudo o que podemos fazer é especular.

Funcionários do ministério egípcio disseram as múmias encontradas em Quesna estão em más condições e seus segredos estão se desintegrando junto com elas.

Suas línguas de ouro estão claramente tentando comunicar algo, mas tudo o que ouvimos agora é silêncio.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.