Pular para o conteúdo

Marie Curie e outras quatro mulheres pioneiras no mundo da ciência

Publicado na BBC

O problema não é exclusivamente britânico, mas de acordo com uma pesquisa no Reino Unido, mais da metade da população não consegue identificar qualquer mulher que tenha ficado famosa por contribuição à ciência.

Entre 47% dos entrevistados que puderam identificar uma cientista famosa na entrevista realizada em 2014 pelo grupo Science Grrl, a grande maioria só conseguia nomear Marie Curie, enquanto que muitos outros entrevistados mencionavam apenas cientistas masculinos.

Curie, no entanto, nasceu em 7 de novembro de 1867. Ou seja, exatamente, há 150 anos.

Para aliviar o peso de ser a mulher mais famosa do mundo da ciência há mais de um século, convidamos você a ler sobre ela e outras cientistas pioneiras de vários continentes.

Marie Curie: a primeira com dois prêmios Nobel

Marie Curie foi a pioneira em mais de um campo.

Nascida Maria Salomea Skłodowska e conhecida mundialmente por seu trabalho sobre a radioatividade, Marie Curie foi a primeira pessoa a ganhar o prêmio Nobel em duas disciplinas diferentes.

Em julho de 1989, ela e seu marido, Pierre, anunciaram a descoberta de um novo elemento, polônio (Po), nomeado em homenagem ao seu país natal. No mesmo ano, os Curie também descobriram o rádio (Ra).

Em 1903, Curie recebeu o Prêmio Nobel de Física com seu marido e Henri Becquerel. Oito anos depois, ela ganhou um segundo prêmio Nobel, dessa vez em química.

A menor de cinco irmãos, Curie nasceu na Polônia, em 1867. Em sua juventude, Curie trabalhou por meio período para poder pagar sua educação, obtendo uma maestria em física e outra em matemática em anos consecutivos.

Após a morte de seu marido, Pierre, em um acidente, em 1906, Curie assumiu sua cátedra em Sorbonne e se tornou a primeira mulher professora da prestigiosa universidade.

Curie faleceu de leucemia, causada pela exposição prolongada à radiação a que foi exposta durante suas pesquisas, em 4 de julho de 1934.

Marie Tharp: mapeando o solo do oceano

A descoberta de Tharp confirmou a teoria das placas tectônicas.

Em 1953, a geóloga e cartógrafa oceanográfica norte-americana Marie Tharp se tornou a primeira cientista, homem ou mulher, a mapear o solo do Oceano Atlântico.

A descoberta de um poço tectônico no centro do solo oceânico não só foi revolucionária, mas também comprovou a controversa teoria das placas tectônicas.

Inicialmente, no entanto, sua descoberta foi descartada como “coisas de mulheres” por seu colega de pesquisa, Bruce Heezen.

Como as mulheres não eram admitidas nos barcos de pesquisa, Tharp teve que desenhar seus mapas com dados que Heezen trouxe de suas expedições.

Apesar de suas valiosas contribuições, Tharp continua sendo uma pessoa desconhecida, enquanto que Heezen recebe o crédito por muito de seu trabalho em comum.

A cientista, no entanto, sabia que ela trabalhava nas sombras e nunca mostrou qualquer tipo de ressentimento, pois não duvidava da importância de ter documentado a dorsal mesoatlântica.

“É algo que só se podia fazer uma vez. Não há nada maior que isso, pelo menos não nesse planeta”, disse uma vez.

Peggy Whitson: a primeira cientista-chefe da Estação Especial Internacional

A primeira cientista-chefe da Estação Espacial Internacional.

Quando Peggy Whitson estava terminando a escola secundária, a NASA selecionou suas primeiras mulheres astronautas.

O sonho começou com as transmissões das chegadas à Lua, de repente começou a parecer uma possibilidade real: Peggy também seria uma astronauta.

Enquanto crescia em uma comunidade rural de Iowa, Peggy não estava segura do que tinha que fazer para conseguir realizar seu sonho, mas seu amor pela química e biologia a levou a obter um PhD.

Embora os cientistas ainda sejam uma minoria entre os astronautas, que, em sua maioria, têm um passado militar, em 1996, Whitson foi selecionada como candidata.

Durante seu primeiro voo à Estação Espacial Internacional, em 2002, Peggy foi nomeada cientista-chefe. Ela achou genial compartilhar do título de um dos mais famosos personagens de Star Trek, o Sr. Spock.

“Eu adoro a diversidade de pesquisas que fazemos no espaço, creio que nos ajudar no futuro, quando formos explorar lugares mais distantes em nosso sistema solar e até mais além”, disse ela.

Wanda Díaz-Merced: tornando a astronomia acessível

Díaz-Merced abriu o campo da astronomia para numerosos potenciais pesquisadores.

A astrofísica Wanda Díaz-Merced começou a ver manchas quando estudava sua licenciatura na Universidade de Porto Rico.

Logo, uma retinopatia diabética a deixou completamente cega. Mas a porto-riquenha não estava disposta a abandonar a carreira de sua escolha.

Um estágio na NASA lhe deu a oportunidade de trabalhar com um método chamado de sonificação de dados, que transforma a informação coletada por satélites sobre as estrelas em ondas sonoras, em vez de gráficos.

As melhorias que Díaz-Merced fez no software permitiu que os astrofísicos pudessem interpretar os dados com mais precisão, bem como abrir o campo aos pesquisadores anteriormente excluídos por suas deficiências.

A porto-riquenha atualmente trabalha na Oficina Sul-africana de Astronomia para o Desenvolvimento, que está fazendo o mundo da astronomia acessível a uma nova geração de estudantes cegos.

“Eu não que haja segregação no campo da astronomia que eu tanto amo”, disse ao projeto 100 Mulheres (100 Women). “Quero que todas as pessoas tenham a mesma oportunidade de mostrar seus talentos”.

Rajaâ Cherkaoui El Moursli: um papel fundamental na descoberta do bóson de Higgs

El Moursli e sua contribuição à física.

Enquanto crescia, a física nuclear Rajaâ Cherkaoui El Moursli lia várias vezes a biografia de Marie Curie, e as realizações da cientista polaca a impulsionaram durante seus estudos.

Para seguir uma carreira na ciência, El Moursli teve que superar muitos obstáculos.

“O primeiro desafio foi convencer meu pai a me deixar ir à França, Grenoble, para cursar estudos de pós-graduação”, conta.

“Naquela época, a sociedade marroquina ainda era muito conservadora, e muitas mulheres não deixavam sua casa até se casarem”, explica.

El Moursli ganhou vários prêmios por seu trabalho na confirmação da existência do bóson de Higgs, a partícula responsável pela criação de massa no universo.

Ela também é responsável pela criação do primeiro programa de mestrado em física médica de Marrocos.

Quarraisha Abdool Karim: avanços na prevenção de HIV/AIDS

Karim tem contribuiído à saúde pública.

Quarraisha Abdool Karim, uma epidemóloga, especialista em doenças infecciosas, passou os últimos 25 anos pesquisando o contágio de HIV/AIDS na África do Sul e seu impacto nas mulheres.

Em 2013, Karim recebeu a principal condecoração da África do Sul, a Ordem de Mapungubwe, por suas valiosas contribuições.

Ela trabalhou em estreita colaboração com mulheres de várias comunidades em teses de prevenção de HIV.

Atualmente, Karim atua como vice-diretora científica da Caprisa e trabalha como consultora das agências das Nações Unidas.

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.