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Meteorito antigo sugere que Marte tinha água antes de haver vida na Terra

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

Sabemos que Marte já foi muito mais úmido do que agora, mas as questões de quando a água se formou e evaporou são muito mais difíceis de responder.

Um novo estudo agora sugere que a água estava presente no Planeta Vermelho por volta de 4,4 bilhões de anos atrás, muito antes do que se pensava.

Isso é baseado na análise de um meteorito chamado NWA 7533, coletado no Deserto do Saara e que se acredita ter se originado em Marte há bilhões de anos. A oxidação de certos minerais dentro do meteorito sugere a presença de água.

As descobertas podem retroceder a data estimada de formação de água em Marte em cerca de 700 milhões de anos, partindo do período de 3,7 bilhões de anos atrás que tem sido o consenso geral até agora. A pesquisa também pode oferecer algumas novas perspectivas sobre a formação de planetas.

“Eu estudo minerais em meteoritos marcianos para entender como Marte se formou e como sua crosta e manto evoluíram”, disse o cientista planetário Takashi Mikouchi, pesquisador da Universidade de Tóquio no Japão.

“Esta é a primeira vez que investiguei este meteorito em particular, apelidado de ‘Beleza Negra’ por sua cor escura. Nossas amostras do NWA 7533 foram submetidas a quatro tipos diferentes de análise espectroscópica, que são maneiras de detectar vestígios químicos. Os resultados levaram nossa equipe a tirar algumas conclusões emocionantes”.

Os cientistas planetários estão profundamente interessados ​​na história da água nos planetas e nas luas. Uma das grandes incógnitas é se a água aparece em um corpo planetário após sua formação, por meio dos impactos de asteroides e cometas, ou se ocorre naturalmente durante o processo de formação do planeta.

Rochas antigas como o NWA 7533 podem ajudar os cientistas a voltar no tempo e descobrir, à medida que registram eventos de impactos no planeta de origem e capturam parte da composição mineral e química da superfície de quando estes são formados.

Nesse caso, é a oxidação que é o sinal revelador da água. Com certos fragmentos dentro do NWA 7533 datados de 4,4 bilhões de anos atrás, é o registro mais antigo que temos de Marte (que pode ser o motivo pelo qual um único grama deste meteorito pode custar até US$10.000 ou R$52.437).

“Clastos ígneos, ou rochas detríticas, no meteorito são formados a partir do magma e são comumente causados ​​por impactos e oxidação”, diz Mikouchi. “Essa oxidação poderia ter ocorrido se houvesse água na crosta marciana, 4,4 bilhões de anos atrás, durante um impacto que derreteu parte da crosta”.

Uma aparição tão precoce sugere que a água realmente existia quando Marte se formou e isso, por sua vez, contribui para a pesquisa da formação planetária em geral. Com a água é possível a vida, um dos motivos pelos quais os cientistas estão tão ansiosos para rastreá-la no Universo. Para efeito de comparação, sabemos que os primeiros vestígios de vida na Terra datam de pelo menos 3,5 bilhões de anos atrás.

O estudo detalhado de Marte continua à medida que os especialistas tentam descobrir quando a água estava presente e que forma poderia ter assumido. Um estudo recente apresentou a ideia de que tanto a água líquida quanto o gelo na superfície poderiam ter existido no Planeta Vermelho ao mesmo tempo.

As descobertas da equipe também sugerem que a composição química da atmosfera marciana neste momento – incluindo altos níveis de hidrogênio – poderia ter aquecido o suficiente para que a água derretesse e existisse vida, mesmo que o Sol fosse mais jovem e mais fraco durante este período.

“Nossa análise também sugere que tal impacto teria liberado muito hidrogênio, o que teria contribuído para o aquecimento planetário na época em que Marte já tinha uma espessa atmosfera isolante de dióxido de carbono”, disse Mikouchi.

A pesquisa foi publicada na Science Advances.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.