Traduzido por Julio Batista
Original de Hannah Getahun para o Business Insider
Um esqueleto antigo e bem preservado – possivelmente remanescente de um sacrifício ritual praticado há mais de 5.000 anos – foi descoberto por arqueólogos na Dinamarca.
Pesquisadores da ROMU, uma organização que representa 10 museus na Dinamarca, estavam escavando no local de um empreendimento habitacional planejado no município de Egedal, perto de Copenhague.
Durante a pesquisa, Christian Dedenroth-Schou, um dos membros da equipe, encontrou um fêmur saindo da lama.
Depois de cavar mais fundo na terra, Dedenroth-Schou e seus colegas conseguiram encontrar quase todos os ossos de ambas as pernas, uma pélvis e uma mandíbula.
Os pesquisadores logo perceberam que se tratava de uma “múmia do pântano”, que se refere às dezenas de corpos geralmente masculinos encontrados em pântanos na Europa.
Os corpos geralmente permanecem intactos, apesar de terem milhares de anos, como resultado dos ambientes ácidos e pobres em oxigênio dos pântanos que dificultam a sobrevivência das bactérias. Este processo também é como a turfa é formada a partir do musgo esfagno.
Uma das múmias do pântano mais famosas, o Homem de Tollund, também foi encontrada na Dinamarca.
O esqueleto não está completo e “não há vestígios diretos de sacrifício”, de acordo com a ROMU, mas os arqueólogos acreditam que a múmia do pântano não foi simplesmente vítima de um assassinato impensado, mas sim de uma cerimônia ritual planejada.
Entende-se que os pântanos desempenharam um papel significativo para os povos antigos do norte da Europa pelos recursos que forneciam e eram considerados “a porta de entrada entre o mundo da humanidade e o mundo dos deuses”, de acordo com o Museu Nacional da Dinamarca.
As múmias do pântano desenterradas poderiam ter sido oferendas aos deuses entre 4.300 a.C. e 600 a.C. – ou entre o Neolítico e a Idade do Ferro.
Um machado de pederneira da Idade da Pedra, restos de ossos de animais e cerâmicas foram encontrados perto do local que o esqueleto foi encontrado em Egedal, o que levou os pesquisadores à conclusão de que os itens podem ter sido deixados como parte de um ritual.
Emil Winther Struve, o principal arqueólogo da ROMU, disse à LiveScience que o machado nunca havia sido usado, dando credibilidade à teoria de que o machado foi usado como uma oferenda, e não como uma arma do crime.
“A descoberta se encaixa em uma tradição comprovada de enterrar ritualmente objetos, pessoas e animais no pântano. Isso tem sido amplamente feito nos tempos antigos e provavelmente é uma vítima de tal ritual”, disse Struve em um comunicado à imprensa.
“Descobertas anteriores mostram que é uma área onde rituais ocorreram”.
Muito sobre o esqueleto – incluindo o sexo, onde a pessoa viveu e quando a pessoa morreu – permanece desconhecido.
Emil Struve, o líder da escavação, disse à LiveScience que havia evidências de que o corpo era do Neolítico porque “as tradições de sacrifícios humanos datam dessa época”.
O local foi drenado e os arqueólogos esperam usar a tecnologia de DNA e fazer uma escavação mais completa para encontrar o restante dos ossos quando o solo derreter na primavera do hemisfério norte.
“Você fica pensando se essa pessoa ficaria feliz em ser encontrada ou se preferia ter descansado em paz”, disse Dedenroth-Schou em um comunicado à imprensa, traduzido do dinamarquês.
“Afinal, não sabemos muito sobre a religião deles. Talvez estejamos destruindo uma noção de vida após a morte. Mas, ao mesmo tempo, temos a importante tarefa de garantir que os restos mortais de uma pessoa não sejam apenas desenterrados com um escavadeira e acabar em uma grande pilha de terra.”