Cunhado por Charles Darwin, o termo “fósseis vivos” é usado para descrever as criaturas que tem resistido ao teste do tempo, característica essa que permite a partir desses organismos, simular a vida na Terra há muito tempo. São, portanto, organismos resistentes e resilientes que se mantiveram praticamente inalterados durante milhões de anos.
A expressão fóssil vivo é tão popular e utilizada de modo tão indiscriminado que, muitas vezes, é usada apenas para designar organismos atuais com aspecto invulgar ou grotesco e que por isso, parecem ao leigo, “primitivos”. Também nem todo fóssil vivo deve ser considerado uma espécie de pouca abundância ou isolada em ambiente remoto.
Há que salientar que estes indivíduos atuais, estes fósseis vivos, apesar de muito similares aos seus parentes conhecidos do registro fóssil não pertencem exatamente às mesmas espécies. Não são, portanto, a mesma “entidade biológica”. A nível molecular as coisas são diferentes e um fóssil vivo, é tão evoluído geneticamente como qualquer outro animal.
A dificuldade na compreensão desta diferença, entre o que se vê (anatômico) e o que “não se vê” (molecular), é o principal fator que leva os defensores das teorias criacionistas, a usar os espécimes de animais fósseis vivos como uma “prova” contra a teoria da evolução. Segundo os criacionistas, o fato de animais existentes há milhões de anos continuarem vivos e inalterados hoje em dia, é uma negação da evolução.
Entretanto, esta designação resulta do fato de, no século XIX, numa fase inicial dos estudos paleontológicos e biológicos à escala global, quando muito ainda havia por descobrir nos mares e florestas atuais, alguns destes grupos biológicos terem sido originalmente identificados com base no registro fóssil, sendo classificados como extintos, e só depois sido descobertos – vivos – na atualidade. Daí a expressão “fóssil vivo”.
Os exemplos mais conhecidos são os do celacanto (Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis), um peixe, e da metasequóia, árvore descoberta em 1943 num remoto vale da China. Outros são organismos pertencentes a espécies atuais, sem parentes próximos na atualidade, que são as únicas representantes de grupos biológicos de categoria superior com um registro fóssil abundante e diversificado. Um exemplo bem conhecido é o da árvore Ginkgo (Ginkgo biloba) e o lagarto Tuatara (Sphenodon spp), com dois representantes atuais.
O molusco nadador Nautilus, Nautilus pompilius, que se encontra no Sudoeste do Oceano Pacífico, uma criatura estranhíssima parecida com a lula, que vive numa concha como os extintos amonites. Entretanto, diferentemente das Lulas que mantém uma concha interna, o Nautilus possui uma concha externa subdivididas em câmaras que influem na flutuabilidade /movimentação.
Têm uma cabeça dotada de olhos bem desenvolvidos com braços preênseis. São nectônicos (nadadores ativos). A estrutura do olho do Nautilus é altamente desenvolvida, mas não tem uma lente sólida. Eles têm uma lente simples “pinhole”, através do qual a água pode passar. Isto representa uma fase de transição, trabalhando na possível evolução do olho
Taxonomia
Reino: | Animalia |
Filo: | Mollusca |
Classe: | Cephalopoda |
Subclasse: | Nautiloidea |
Ordem: | Nautilida |
Família: | Nautilidae |
Eram particularmente abundantes no início da era Paleozóica, quando eles foram predadores primários e desenvolveram uma grande diversidade de morfologias. As suas belas conchas inspiraram muitos artistas ao longo dos séculos, e estão entre os melhores exemplos naturais de seres vivos que apresentam a razão áurea em seu corpo, desenvolvido em forma de Espiral logarítmica.
Em Vinte Mil Léguas Submarinas, uma das obras literárias mais famosas do escritor Júlio Verne, surge o submarino Nautilus, onde vivem o capitão Nemo e a sua tripulação. A concha do nautilus também foi um dos temas escolhidos pelo arquiteto mexicano Javier Senosiain, para construir uma casa inspirada no animal.
Para ser claro, fóssil vivo não é um termo científico por si só, e não há consenso sobre a definição formal. Mas, para fins desse texto, vamos definir um fóssil vivo como uma espécie antiga que não foi extinta, não produziu novas espécies e manteve-se relativamente inalterada ao longo dos milênios. Isso não quer dizer necessariamente que estes animais pararam de evoluir. Todos os organismos têm-se continuamente adaptado às mudanças de ambientes, temperaturas, composição da atmosfera e outras condições.
Mas, para a maior parte das espécies aqui descritas, a sua instalação em nichos ambientais em que as formas morfológicas e os modos de comportamento não exigiram muitos ajustes promoveu que tenham atingido uma excelente adaptação aos seus ambientes.
Há uma crescente preocupação com a pesca predatória de Nautilus para confecção de joias, uma vez que o material da camada interna da sua concha está sendo grandemente usado como substituto da pérola. Não existem atualmente regulamentos nacionais ou internacionais que protegem esse organismo. O biólogo Peter Ward, da Universidade de Washington , diz que ” há uma matança horrível acontecendo lá fora.” A sua gama ecológica limitada e o início tardio da sua maturação sexual combinado com esta sobrepesca tem levado a investigações recentes sobre a necessidade de protegê-los.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BRUSCA, R. C. & G. J. BRUSCA. Invertebrados. Segunda edição. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro. 968 pp, 2007.
- DVORSKY, George. 12 of the most astounding ‘living fossils’ known to science. io9. Disponível em: <http://io9.gizmodo.com/12-of-the-most-astounding-living-fossils-known-to-sci-1506539384> Acessado em: 21 ago. 2016
- GANDRA, Carlos. Fósseis Vivos: o que são, as espécies e as fotos. Mundo dos Animais, 2014. Disponível em: <https://www.mundodosanimais.pt/animais-selvagens/fosseis-vivos>. Acesso em: 21 ago. 2016.
- WARD, P. D.. In Search of Nautilus. Simon and Schuster, 1988.