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Nova técnica para decodificar os pensamentos das pessoas agora pode ser feita à distância

Traduzido por Julio Batista
Original de Nicoletta Lanese para a Live Science

Os cientistas agora podem “decodificar” os pensamentos das pessoas sem sequer tocar em suas cabeças, relatou a The Scientist.

As técnicas anteriores de leitura da mente dependiam da implantação de eletrodos nas profundezas do cérebro das pessoas. O novo método, descrito em um relatório publicado em 29 de setembro no banco de dados de pré-publicação bioRxiv, baseia-se em uma técnica de varredura cerebral não invasiva chamada ressonância magnética funcional (fMRI).

A fMRI rastreia o fluxo de sangue oxigenado através do cérebro e, como as células cerebrais ativas precisam de mais energia e oxigênio, essa informação fornece uma medida indireta da atividade cerebral.

Por sua natureza, esse método de varredura não pode capturar a atividade cerebral em tempo real, uma vez que os sinais elétricos liberados pelas células cerebrais se movem muito mais rapidamente do que o sangue se move pelo cérebro.

Mas, notavelmente, os autores do estudo descobriram que ainda podiam usar essa medida de indicador imperfeito para decodificar o significado semântico dos pensamentos das pessoas, embora não pudessem produzir traduções palavra por palavra.

“Se você tivesse perguntado a qualquer neurocientista cognitivo no mundo há 20 anos se isso era factível, eles teriam rido de você”, disse o autor sênior Alexander Huth, neurocientista da Universidade do Texas em Austin (EUA), à The Scientist.

Para o novo estudo, que ainda não foi revisado por pares, a equipe escaneou os cérebros de uma mulher e dois homens na faixa dos 20 e 30 anos. Cada participante ouviu 16 horas totais de diferentes podcasts e programas de rádio em várias sessões no scanner.

A equipe então forneceu a essas varreduras um algoritmo de computador que eles chamaram de “decodificador”, que comparou padrões no áudio com padrões na atividade cerebral gravada.

O algoritmo poderia então fazer uma gravação de fMRI e gerar uma história com base em seu conteúdo, e essa história corresponderia ao enredo original do podcast ou programa de rádio “muito bem”, disse Huth à The Scientist.

Em outras palavras, o decodificador poderia inferir qual enredo cada participante ouviu com base em sua atividade cerebral.

Dito isso, o algoritmo cometeu alguns erros, como trocar os pronomes dos personagens e o uso da primeira e da terceira pessoa. Ele “sabe o que está acontecendo com bastante precisão, mas não sabe quem está fazendo as coisas”, disse Huth.

Em testes adicionais, o algoritmo conseguiu explicar com bastante precisão o enredo de um filme mudo que os participantes assistiram no scanner. Poderia até recontar uma história que os participantes estavam imaginando em suas cabeças.

A longo prazo, a equipe de pesquisa pretende desenvolver essa tecnologia para que possa ser usada em interfaces cérebro-computador projetadas para pessoas que não sabem ou não podem falar ou digitar.

Leia mais sobre o novo algoritmo do decodificador no The Scientist.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.