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Novo isópode gigante das profundezas é descoberto no Golfo do México

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

No caso de uma catástrofe futura, costuma-se dizer que as baratas serão a última forma de vida que restará na Terra. Mas há outro artrópode mais misterioso vivendo nas profundezas que pode dar às baratas uma boa competição.

Um grupo de isópodes do tamanho de uma bola de futebol tem perambulado pelo fundo do mar como insetos gigantes por 200 ou 300 milhões de anos, mesmo durante o evento de extinção dos dinossauros.

Uma das maiores espécies vivas hoje, Bathynomus giganteus, pode ser encontrada em profundidades de mais de 2.500 metros. Foi capturada pela primeira vez no Golfo do México em 1879 e, como se vê, pode ser duas espécies associadas a uma.

Uma análise moderna de isópodes gigantes conhecidos que vivem no fundo do mar encontrou diferenças sutis, mas significativas, em seu DNA e morfologia (sua forma e estrutura).

Um espécime encontrado em 2017, por exemplo, tinha um corpo esbelto em comparação com outros espécimes de B. giganteus, apesar de ter sido designado inicialmente como essa espécie.

O curioso espécime foi encontrado na península de Iucatã entre 600 e 800 metros de profundidade, onde B. giganteus já havia sido encontrado antes. Mas havia algo diferente sobre este. Era um pouco mais curto em comprimento total, medindo 26 centímetros, e suas antenas eram relativamente longas.

Embora mais dados sejam necessários para confirmar a classificação taxonômica exata do espécime, os pesquisadores suspeitam que ele represente uma nova espécie separada de Bathynomus, e eles a chamaram de B. yucatanensis.

A nova espécie provavelmente passou despercebida até agora porque o número de espinhos em sua cauda coincide com o de B. giganteus – pensava-se que esse era um ponto-chave de distinção entre as espécies.

Os pesquisadores também dizem que outros espécimes do Mar da China Meridional foram erroneamente rotulados como B. kensleyi, quando, de fato, análises moleculares e morfológicas mostraram que na verdade são B. jamesi.

“É cada vez mais evidente que as espécies de Bathynomus podem ser extremamente semelhantes na aparência geral, e também que há uma longa história de identificação errônea de espécies do gênero”, escreveram os autores da análise.

Até hoje, cientistas catalogaram cerca de 20 espécies de criaturas vivas que pertencem ao gênero Bathynomus.

Embora esses animais aquáticos possam parecer semelhantes às baratas terrestres gigantes, eles também são parentes distantes de caranguejos, camarões e lagostas.

Em comparação com seus parentes, no entanto, não sabemos quase nada sobre isópodes gigantes. O que sabemos sugere que eles estão bem equipados para lidar com grandes eventos de extinção. Às vezes, eles podem ficar sem comida por anos.

Isso é provavelmente necessário nas profundezas, onde os nutrientes são raros e disputados ferozmente. Quando uma refeição fica disponível, vale a pena chegar primeiro à mesa.

Em 2019, quando os pesquisadores jogaram uma carcaça de jacaré no Golfo do México, levou apenas um dia para uma tropa de “insetos” gigantes Bathynomus, devorar a refeição. Alguns comeram tanto que começaram a tombar como se estivessem estupefatos.

Embora um jacaré possa parecer deslocado no oceano, é comum que suas carcaças cheguem ao Golfo do México por meio de rios ou tempestades.

As baleias mortas também são uma fonte de alimento conhecida para insetos gigantes isópodes famintos nas profundezas.

O que mais essas criaturas fazem enquanto esperam a próxima refeição cair é um mistério.

B. giganteus é de fato a espécie mais próxima de B. yucatanensis“, concluiu o novo paper.

“Isso indica que as duas espécies provavelmente tiveram um ancestral comum. Além disso, também pode haver outros Bathynomus spp. não descobertos no Atlântico ocidental tropical.”

Podemos estar notando esses “insetos” encouraçados gigantes agora, mas eles existem há muito mais tempo do que a curiosidade humana.

Há uma boa chance de que eles durem mais que nossa espécie. O histórico deles é certamente melhor.

O estudo foi publicado no Journal of Natural History.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.