Por Alan David e Jéssica Carvalho
Capazes de resistir as condições abióticas extremas, onde nenhum outro organismo conhecido pelo homem sobreviveria, os tardígrados, são um grupo de artrópodes microscópicos (0,1 a 1,0 mm) semelhantes a “ursos de pelúcia”, daí o termo “ursos d’água” pela qual também são conhecidos, que colonizam os mais diversos ambientes terrestres.
Os tardígrados constituem um táxon muito pouco estudado tanto como um grupo, quanto como um sistema geral para seus subgrupos. Ainda hoje, os grupos taxonômicos de tardígrados estão basicamente distribuídos em duas classes, a Heterotardígrada e Eutardígrada. A classe Heterotardígrada é a que reúne espécies limno-terrestres (vivem em minúsculas possas de água no ambiente terrestre) e marinhas e que, comumente, apresentam uma espécie de revestimento chamado de armadura.
Já a classe Eutardígrada reúne espécies que vivem em ambientes terrestres relativamente secos, não possuindo um revestimento externo.
Todos eles possuem 4 pares de patas e todas elas com pequenas “garras” no final, que facilitam a locomoção, permitindo que se agarrem em superfícies.
A sua pigmentação varia de acordo com o habitat, enquanto os terrestres podem possuir uma pigmentação verde, marrom, amarela e até mesmo vermelha, os que possuem hábitos aquáticos possuem uma pigmentação branca.
Apesar de não possuírem sistema respiratório e circulatório, podem suportar pressões de até 75000atm, temperaturas próximas do zero absoluto até 190ºC e radiação de 5700 Grays. Devem sua resistência a um incrível mecanismo fisiológico de desligamento do metabolismo, capacitando-os a entrar em estado criptobiótico (um tipo de hibernação metabólica).A sua capacidade de entrar em estado criptobiótico pode ser causada por vários fatores.
- Anidrobiose (induzida pela perda de água);
- Criobiose (induzido pelo declínio extremo de temperaturas);
- Anoxibiose (induzido pela falta de oxigênio);
- Osmobiose (Induzido pela perda de água causada pela alta concentração de sais no ambiente).
Evitando assim o gasto energético em ambientes hostis à vida. Além disso, quando submetidos a agentes mutagênicos que afetam a integridade do seu DNA, os tardígrados conseguem reparar tais danos, que se não reparados, comprometeriam sua expressão gênica e em consequência todo seu metabolismo. Foram essas características que os permitiram sobreviver inclusive no vácuo. Muito provavelmente, enquanto lê esse texto, você está inspirando milhões desses magníficos organismos que ficam suspensos em atmosferas úmidas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- Glime, J. M. 2013. Tardigrade Survival. Chapt. 5-1. In: Glime, J. M. Bryophyte Ecology. Volume 2. Bryological Interaction. Ebook 5-1-1 sponsored by Michigan Technological University and the International Association of Bryologists. Last updated 2 July 2013 and available at <www.bryoecol.mtu.edu>.