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O asteroide de “O Pequeno Príncipe” existe e está no nosso Sistema Solar

Por Zenaida Kotala
Publicado no University of Central Florida

De fato, imitando a ficção, os cientistas europeus já descobriram vapor de água em Ceres – um planeta anão ou o maior asteroide do nosso Sistema Solar, dependendo da definição utilizada -, e sugeririam que os vulcões são a fonte. A revista Nature publicou um artigo de Michael Küppers que documentou as primeiras observações diretas de vapor de água escapando da superfície e ao redor de Ceres. “Parece que ‘O Pequeno Príncipe’ acertou o tempo todo”, disse o professor da Universidade da Flórida Central, Humberto Campins. “Brincadeiras à parte, a pesquisa da equipe é significativa porque nos dá mais pistas sobre como nosso Sistema Solar e a Terra podem ter se formado”.

Uma visão de Ceres em cor natural, retratada pela sonda Dawn em maio de 2015.

Antoine de Saint-Exupéry, um escritor francês do início do século XX, descreveu a superfície de um asteroide fictício em seu livro infantil de 1943, “O Pequeno Príncipe”. O asteroide, com dois vulcões ativos e um adormecido, era o lar do personagem central, o Pequeno Príncipe. O livro, traduzido para dezenas de idiomas, é famoso por sua história adorável e comentários sociais.

O livro, poético e filosófico, conta a história de um aviador que, durante uma pane no deserto, encontra um principezinho advindo de outro mundo, na verdade, um asteroide, identificado pelos humanos como B-612.

A Nature convidou Campins a escrever um artigo em anexo na revista que explica o significado potencial do trabalho da equipe europeia. Campins leu “O Pequeno Príncipe” quando criança e disse que era uma de suas inspirações para seguir a astrofísica como uma carreira. Hoje, Campins é um especialista internacional em asteroides.

Um tributo a Le Petit Prince, em cima do asteroide B-612, no Museu do Pequeno Príncipe, em Hakone, Japão. No Brasil, em Florianópolis, a Avenida Pequeno Príncipe leva o nome da obra, numa homenagem a Saint-Exupéry, que passou pela cidade durante sua carreira de aviador e cuja presença se tornou parte da cultura local.

Campins estava na primeira equipe a encontrar evidências de gelo em um asteroide em 2010. Ele ensina astrofísica na UCF e está inspirando uma nova geração de astrônomos, incluindo sua coautora Christine Comfort, recém-formada na UCF.

Campins também é membro da missão OSIRIS REx da NASA, que em 8 de setembro de 2016 lançou uma sonda para estudar e coletar amostras do asteroide 101955 Bennu, com previsão de volta para a Terra em 2023. Especula-se que o material trazido pelo coletor de amostras permitirá aos cientistas perceber o que aconteceu antes da formação e evolução do Sistema Solar, os estágios iniciais da formação do planeta e a fonte dos compostos orgânicos que levou à formação de vida.

Os cientistas há muito teorizam que Ceres tem muita água. Mas é somente através das observações de Küppers e seus colegas com o Observatório Espacial Herschel da Agência Espacial Europeia que a comunidade astronômica tem sua primeira evidência direta de moléculas de água ao redor de Ceres, apoiando evidências indiretas anteriores de que há água em Ceres. “Ainda não terminamos o quebra-cabeça”, disse Campins. “Estamos aprendendo muito e é provável que mais coisas sejam descobertas através de estudos adicionais sobre os mundos em miniatura que chamamos de asteroides”.

Ahuna Mons: um vulcão de gelo em Ceres com metade do tamanho do Monte Everest.
Ruan Bitencourt Silva

Ruan Bitencourt Silva