Por All About Space Magazine
Publicado no Space
“foi o alfa e o ômega: a primeira, e quase a última, caminhada espacial de Leonov.” — Nicholas de Monchaux
Hoje, as caminhadas espaciais são uma parte quase rotineira da exploração espacial, mas a primeira caminhada espacial de Alexei Leonov foi tudo menos tranquila. Nascido na região de Altai, na Sibéria, em 30 de maio de 1934, ele se formou com honras em uma seleção de academias da força aérea e foi rapidamente escolhido como um dos primeiros 20 cosmonautas do programa espacial soviético. Em 1965, a União Soviética estava bem à frente dos EUA na corrida para pousar humanos na Lua: os soviéticos já haviam lançado o primeiro satélite, o primeiro animal, o primeiro homem e a primeira mulher no espaço.
Lançado na Voskhod 2, o 17º voo espacial humano do mundo, em 18 de março de 1965, Leonov fez história como a primeira pessoa a sair de sua nave espacial para uma atividade extraveicular (EVA). “A terra é redonda!”, ele exclamou. “As estrelas estavam à minha esquerda, à minha direita, acima e abaixo de mim. A luz do Sol era muito intensa e senti seu calor na parte do meu rosto que não estava protegida por um filtro”, disse Leonov em uma entrevista para Fédération Aéronautique Internationale (FAI) em 2015, ano do 50º aniversário de sua caminhada espacial.
Leonov compartilhou a cápsula de dois homens da Voskhod com Pavel Belyayev e, depois de completar uma órbita, foi liberado para começar sua caminhada histórica. Ele se arrastou para a câmara, abriu a escotilha, deslizou para fora e flutuou no espaço. A memória definidora de Leonov, como ele contaria mais tarde, era o silêncio abrangente do espaço. “O que ficou gravado em minha memória foi o silêncio extraordinário”, disse ele. “Estava tão quieto que eu podia ouvir meu coração bater. Estava cercado por estrelas e estava flutuando sem muito controle. Nunca esquecerei o momento. Também senti um incrível senso de responsabilidade”.
Por uma duração de 12 minutos e nove segundos, o cosmonauta conduziu a primeira caminhada espacial, enquanto conectado à espaçonave por uma corda de 5,4 metros. No entanto, o verdadeiro teste de habilidade de Leonov ocorreu quando ele tentou retornar a nave. Os especialistas não previram o efeito que o vácuo do espaço teria sobre o traje do cosmonauta – ele estava inflando constantemente. Como a diferença na pressão do ar fez com que o traje ficasse fora de forma, as mãos de Leonov foram empurradas para fora das luvas e os pés para fora das botas. De fato, o traje havia aumentado tanto que ele foi incapaz de retornar para câmara, o que tornou a missão mais perigosa ainda. Ele só tinha cinco minutos antes de a nave entrar na sombra da Terra e mergulhar na escuridão total.
Como último recurso desesperado, Leonov abriu uma válvula para liberar a pressão do traje. Quando o traje esvaziou o suficiente, Leonov conseguiu se espremer e fechar a escotilha atrás dele. No entanto, os problemas de Leonov estavam longe de terminar: a Voskhod 2 também pousou quase 500 km fora do curso, na tundra da Sibéria, onde as equipes de resgate não podiam alcançar ele e Belyayev por helicóptero. Por duas noites geladas e cercados por lobos, os homens esperaram em temperaturas abaixo de zero antes de finalmente serem resgatados. A União Soviética foi rápida em celebrar a missão como um sucesso, mas ela quase terminou em um desastre.
Leonov foi aclamado como um herói da União Soviética por sua caminhada no espaço, mas levaria 10 anos até que ele voltasse para o espaço. Ele serviu como comandante da missão Soyuz 19 de 1975, a primeira missão espacial soviética-americana conjunta, chamada Apollo-Soyuz. Seu comportamento amigável e seus esforços para aprender inglês impressionaram os americanos e suavizaram as percepções ocidentais sobre os cosmonautas russos.
Leonov morreu no dia 11 de outubro de 2019 em decorrência de insuficiência cardíaca aguda. Ele tinha 85 anos de idade e era o último cosmonauta sobrevivente do Programa Voskhod. Uma pequena cratera na Lua leva seu nome em sua homenagem.