Publicado na Asociación Guatemalteca de Humanistas Seculares
O Humanismo Secular é uma filosofia de vida que, sem a crença em deuses ou no sobrenatural, afirma que os seres humanos têm a capacidade, o direito e a responsabilidade de dar forma e significado as suas próprias vidas.
Os Humanistas não possuem nenhum tipo de “doutrina” oficial ou líder que os instrui sobre como viver. Muito pelo contrário, uma das bases do Humanismo é a liberdade de pensamento; portanto, abarca uma ampla quantidade de pontos de vista diferentes, ainda que sejam unidos pela ideia de que a vida merece ser vivida e que a crença em deidades e outras formas sobrenaturais de entender o mundo não é requisito para se viver bem. Isso não significa, no entanto, que não se possa fazer uma síntese de seus aspectos básicos. O Humanismo é o produto de uma larga tradição da livre emissão de ideias que têm inspirado a muitos grandes pensadores e artistas da história e da origem da própria ciência.
É bem provável que os Humanistas estejam de acordo com as seguintes afirmações, pelo menos em nível geral, ainda que alguns detalhes possam ser colocados em debate. Isso é normal no Humanismo:
Vivemos em um mundo natural.
Não existem deuses e nem agentes sobrenaturais de nenhum tipo e não existe nenhum reino e nem dimensão do “divino”. É inegável que existem fenômenos estranhos que ainda não possuem explicação e perguntas acerca do universo que ainda não possuem respostas. No entanto, ao longo da história da humanidade, cada uma dessas coisas têm sido integradas no mundo natural e explicada de acordo com as leis da natureza. Essa é uma postura filosófica que se conhece como naturalismo.
O naturalismo, usualmente, vem da mão do ateísmo (a falta de crença em deuses) ou pelo menos em alguma forma de agnosticismo (a ideia de que existência de deuses é uma questão desconhecida ou de que não é possível conhecer, ou que é uma pergunta sem sentido).
Aprendemos acerca do mundo utilizando a razão e a investigação científica.
O mundo é susceptível à investigação. Os Humanistas estão de acordo com a ideia de que podemos conhecer mais acerca do universo através do uso da razão e da investigação científica, ou de conjecturas submetidas à prova pela lógica e evidência empírica. Essa é uma posição que, geralmente, se conhece como racionalismo.
Partindo dessa posição racionalista como a melhor forma para compreender o mundo, os Humanistas valorizam o livre questionamento e rechaçam os limites artificiais da investigação. O Humanismo também personifica a ideia de livre pensamento; ou seja, valoriza o constante questionamento racional do conhecimento e não aceita argumentos de autoridade, tradições ou dogmas.
Devemos aproveitar o máximo a única vida que temos.
Por não acreditar em uma vida após a morte, os Humanistas vivem aqui e agora, e se concentram em fornecer um significado e um propósito para as suas vidas por suas próprias contas.
Viver bem não é sinônimo de hedonismo, sem restrições ou de uma vida voltada, unicamente, ao interesse próprio. Isso pode significar, no entanto, viver em uma comunidade, ajudar os outros, ser bem sucedido no que fazemos e no que gostamos de fazer, contribuir para construir uma sociedade melhor, explorar e maravilhar-se do universo em que vivemos.
A moralidade surge da natureza humana e da cultura.
Os seres humanos não são dotados magicamente de uma alma imaterial que os permite amar e pensar por um poder externo. Em vez disso, a nossa natureza de seres sociais, capazes de sentir empatia com outras pessoas e de pensar acerca das dinâmicas da vida em sociedade e da justiça é o produto de um processo de evolução natural e cultural.
O que é moralmente bom é o que promove o bem comum.
A esfera moral deve sua existência a natureza humana, incluindo:
- As necessidades e desejos que compartilhamos, e as necessidades e desejos dos indivíduos;
- As interações de uns com os outros e a nossa capacidade de deliberar sobre o que fazemos;
- As nossas ações, que afetam as outras pessoas e a nós mesmos, normativamente.
Podemos dificultar ou ajudar; fazer as pessoas miseráveis ou felizes; empobrecer as vidas dos demais ou enriquecê-las.
As respostas para as perguntas morais estão aqui nesse mundo, em nós mesmos e em nossas relações com outras pessoas, não em algum mundo sobrenatural ou nos desejos de alguma deidade.