Pular para o conteúdo

Olfato tem relação com depressão

O nervo olfatório é o primeiro par e nervo craniano, o qual prolonga suas fibras até o sistema límbico, que é formado por diversos neurônios que processam nossos sentimentos.

O transtorno de depressão e distúrbio de olfato são quadros crônicos que afetam a qualidade de vida do ser humano. Achados na literatura científica mostraram que o limiar olfativo, a discriminação olfativa e a identificação olfativa foram influenciados pela depressão. Além disso, os sintomas de depressão pioram com a gravidade da perda olfativa. Foi demonstrado também que a bulbectomia olfativa, como método conhecido, pode induzir depressão em um modelo animal. Em áreas cerebrais relacionadas à depressão, incluindo hipocampo, córtex frontal e hipotálamo, a rotatividade de serotonina e dopamina diminui nos ratos com remoção do bulbo olfatório.

Dentro desse contexto, pesquisadores da Shanghai Yangpu Mental Health Center, China, publicaram um artigo na Scientific Reports, levantando a hipótese de que a disfunção olfatória é mais provável de estar associada problemas de humor na depressão.

Foram avaliados 48 pacientes com depressão não tratados e 33 voluntários pareados por sexo e idade saudáveis para formar o grupo controle.

O Teste de Identificação de Cheiro Chinês (CSIT) foi desenvolvido para avaliar o sistema de função olfativa humana. O CSIT possui confiabilidade teste-reteste de 0,92 e foi validado com base no teste de identificação Sniffin ‘Sticks 16 e no teste de identificação de cheiro da Universidade da Pensilvânia.

O CSIT foi testado em uma sala silenciosa, com ventilação adequada e sem odor. Os sujeitos foram obrigados a evitar comer alho e beber álcool no café da manhã ou se expor antecipadamente a cheiros fortes no jardim, cozinha ou outras áreas da casa. O processo foi organizado das 8:00 às 11:00 da manhã.

Os resultados sugeriram que as pontuações totais do CSIT e da função olfativa eram discrepantes entre os grupos controle vs. Depressão. Além disso, o tratamento antidepressivo alcançou os objetivos esperados ao comparar o CSIT e o teste olfatório antes e após o tratamento de três meses.

Deste modo, a pesquisa indica que problemas olfatórios podem repercutir em quadros de depressão.

Referência

  • Wang, F., Jin, J., Wang, J. et al. Association between olfactory function and inhibition of emotional competing distractors in major depressive disorder. Sci Rep 10, 6322 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-63416-7
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br