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Os truques que as pessoas usavam para se proteger de quem acreditavam ser “vampiros”

Traduzido por Julio Batista
Original de Marianne Guenot para o Business Insider

Arqueólogos descobriram recentemente um exemplo de um sepultamento de uma “vampira” na Polônia com uma foice em volta do pescoço do corpo para evitar que ela saísse do túmulo.

Mas existem outras maneiras pelas quais os humanos impediram os “vampiros” mortos-vivos de atormentar os vivos, uma das quais foi colocar uma pedra ou tijolo em sua boca, disseram especialistas ao Insider.

Aqui estão dois exemplos de tais sepultamentos descobertos por arqueólogos e o que eles significam de acordo com especialistas.

Uma pedra para parar o “vampiro” Nachzehrer

Neste caso, o corpo de uma mulher foi descoberto em um túmulo do século 16 em Lazzaretto Nuovo, a cerca de 3 km de Veneza, Itália.

A mulher, apelidada de “Carmilla” pelos cientistas que a descobriram, foi encontrada com um tijolo na boca dentro de uma vala comum, um ritual bizarro diferente de outros sepultamento da época.

Não se sabe muito sobre sua identidade em vida, mas os arqueólogos sabem que ela morreu durante um surto mortal de peste bubônica.

“Eu tive que encontrar uma explicação para alguém realmente manipular dessa forma o corpo de uma pessoa com uma doença mortal”, disse Matteo Borrini, principal professor de antropologia forense da Universidade John Moore de Liverpool, ao Insider.

O crânio de uma mulher encontrada em uma vala comum do século 16 em Veneza tinha um tijolo colocado em sua boca para evitar que ela se banqueteasse com as vítimas da peste. Tradução da imagem: tijolo na boca (bick in the mouth). (Créditos: Reuters/Handout/Insider)

Borrini era o principal cientista na escavação. Ele realizou um exame forense cuidadoso para entender o que aconteceu.

Ele descobriu que a mulher provavelmente era considerada uma Nachzehrer, um tipo de vampiro no antigo folclore europeu.

“Não é a ideia clássica do vampiro que está saindo e sugando o sangue das pessoas. É mais alguém que está matando as pessoas da sepultura antes de poder se levantar como um vampiro completo”, disse ele.

“O que descobri foi que havia essa tradição que dizia que havia corpos que as pessoas acreditavam serem responsáveis ​​por espalhar a praga. Esses corpos não estavam completamente mortos e foram capturados por alguma influência demoníaca”, disse Borrini, descrevendo as antigas crenças.

“E eles estavam mastigando sua mortalha dentro de seus túmulos e espalhando a praga com uma forma de magia negra”, disse ele.

Colocar um tijolo em sua boca, de acordo com essas crenças, impediria o Nachzehrer de mastigar sua mortalha e, assim, protegeria os vivos da doença.

Carmilla não teria sido considerada uma vampira durante sua vida, no entanto. O trabalho de Borrini mostrou que a vala comum foi reaberta depois que Carmilla foi enterrada. Nesse ponto, seu corpo, que ainda estava envolto em uma mortalha, provavelmente não estava completamente decomposto.

Coveiros, confrontados com este corpo aparentemente ainda fresco com a mortalha decomposta ao redor da boca, podem ter assumido que o corpo estava possuído e colocado o tijolo lá.

Uma pedra para impedir que a alma espalhe doenças

Pesquisadores da Universidade do Arizona e da Universidade de Stanford encontraram outro exemplo de “vampiro”. Este foi sepultamento em um cemitério infantil no local da antiga vila romana Poggio Gramignano em Teverina, Itália.

A criança, que tinha cerca de 10 anos, foi enterrada no século V durante um surto mortal de malária. Uma pedra também foi colocada na boca da criança.

Jordan Wilson, o principal bioarqueólogo do projeto arqueológico Villa Romana di Poggio Gramignano, disse ao Insider que a pedra provavelmente estava lá para impedir que a alma da criança entrasse ou saísse do corpo.

A criança de 10 anos foi descoberta deitada de lado em um cemitério italiano do século V, que se acreditava ser designado para bebês, crianças pequenas e fetos abortados ou natimortos. (Créditos: David Pickel/Universidade de Stanford)

“Existe uma ideia muito antiga da respiração estar ligada à vida e à alma, e a boca em particular como sendo uma espécie de portal através do qual a alma sai após a morte”, disse ela.

A pedra pode ter sido uma maneira de impedir que o corpo ou o espírito da criança espalhasse a doença ou atormentasse os vivos em geral. Também pode ter sido uma maneira de manter a criança a salvo das bruxas, que se pensava serem capazes de fazer as crianças levantarem dos mortos e usar suas almas.

Vampiros como vetores de doenças

Os mitos de “vampiros” acompanham a morte de humanos há séculos.

Eram maneiras de entender o que não podia ser explicado com o conhecimento da época, como mortes misteriosas durante um surto contagioso, disse Borrini.

“Esses ‘vampiros’ começariam a caçar e matar primeiro os membros da família, depois os vizinhos e depois toda a outra aldeia. Esse é o padrão clássico de uma doença contagiosa”, disse ele.

Borrini define um “vampiro” como uma pessoa morta ressuscitando dos mortos mantendo seu antigo corpo.

Wilson, no entanto, disse que qualquer mito em que uma pessoa morta pode atormentar os vivos, seja por meio de seu espírito ou de seu corpo reanimado, faz parte do folclore “vampiro”.

“A ideia de que os mortos podem ressuscitar da sepultura em um sentido literal ou que os mortos, em um sentido espiritual, podem continuar a atormentar os vivos além da morte é algo que está essencialmente presente em quase todas as culturas e tem origens muito, muito antigas”, disse ela.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.