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Pesquisa mostra que o ritmo do coração pode detectar diferenças nos sintomas da menopausa

A transição para a menopausa e pós-menopausa compreende uma vida útil relacionada a mudanças biológicas, psicológicas e sociais que ocorrem no período reprodutivo e não reprodutivo das mulheres. Esse período é caracterizado pela presença de sintomas e repercussões da menopausa em diferentes órgãos e sistemas, incluindo a regulação autonômica cardíaca.

Os principais sintomas da menopausa incluem sintomas vasomotores, que surgem do hipoestrogenismo fisiológico devido à insuficiência ovariana progressiva. Esses sintomas têm sido relacionados à ação do sistema nervoso simpático e parassimpático.

A pesquisa publicada na PLOS ONE com pesquisadores da UNESP/Marília, da Faculdade de Medicina do ABC (Santo André), do Centro Universitário Uninorte (Acre), da Universidade de São Paulo e da University of Limerick (Irlanda do Sul), teve como objetivo avaliar o ritmo do coração por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) na transição da menopausa e sintomas pós-menopáusicos com diferentes intensidades. A intenção era verificar se o ritmo do coração pode fornecer informações sobre a intensidade dos sintomas da menopausa.

Este estudo transversal foi realizado em Rio Branco, Acre, de outubro de 2016 a julho de 2017. Foram analisadas mulheres com mais de 40 anos divididas em dois grupos de acordo com o período reprodutivo e não reprodutivo: 1) o grupo de transição da menopausa (MT, n = 71) foi caracterizado por ciclo menstrual irregular (ausência de pelo menos dois ciclos menstruais em 6 meses) e presença de sintomas da menopausa; 2) grupo pós-menopausa (PM, n = 38), caracterizado por ausência de ciclo menstrual por 12 meses, conforme definido pela North American Menopause Society. Foi utilizado o Índice Menopausal Kupperman-Blatt para medir a intensidade dos sintomas da menopausa.

Foi observado que a VFC foi menor no grupo com sintomas moderados/intensos em comparação com o grupo com leves sintomas, indicando maior comprometimento do controle autonômico do ritmo do coração nas mulheres com sintomas moderados/intensos.

Desta maneira, os resultados da pesquisa sugerem que os sintomas somáticos da menopausa têm uma estreita relação com o ritmo do coração. Além disso, o ritmo do coração apresentou associação significativa com transição da menopausa e sintomas pós-menopáusicos. Esses dados sugerem que o ritmo do coração analisado por meio da VFC pode ser capaz de detectar a intensidade dos sintomas na menopausa e na transição da menopausa, colaborando para métodos diagnósticos.

Referência

  • Martinelli, Patrícia Merly, et al. “Heart rate variability helps to distinguish the intensity of menopausal symptoms: A prospective, observational and transversal study.” PloS one 15.1 (2020): e0225866. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0225866
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br