Por Sofía Araújo
Publicado no El País
Não, os filhos de cada um dos casais seriam geneticamente diferentes. Há uma boa forma de ver isso em um mesmo casal, terem filhos geneticamente diferentes, não? Os irmãos de uma mesma família não são geneticamente idênticos. Assim seria caso duas irmãs gêmeas tivessem filhos com dois irmãos gêmeos, seus filhos não seriam iguais, como seriam diferentes os irmãos de cada um desses pares de gêmeos, a não ser que eles mesmo sejam gêmeos univitelinos.
Cada vez que se produz uma célula germinativa, um óvulo ou um espermatozoide, cuja união vai dar lugar a um novo ser humano, a probabilidade de que a combinação possa sair duas vezes iguais é infinitamente pequena, pois há muitos cromossomos para misturar. Existem 23 pares de cromossomos, e cada célula germinativa terá um desses pares, mas não terá sempre os mesmos e na mesma ordem. Por exemplo, um da mãe e outro do pai, logo dois da mãe, um do pai, etc… quer dizer, com 23 pares de cromossomos as possibilidades de combinação dão como resultado um número gigantesco. Mas, durante a formação destas células germinativas, o ovócito e o espermatozoide podem trocar material, ou seja, o que se chama de cross-linking consiste em recombinação e a partir dela sai, por exemplo, um cromossomos que era da mãe mas com um tronco do pai, e isto aumenta as probabilidades ainda mais. Ou seja, a chance de que saiam duas pessoas geneticamente iguais dos diferentes casais é tão infinitamente pequena que na prática é impossível.
A única possibilidade de que os filhos sejam geneticamente iguais é o caso de gêmeos univitelinos. Para isso, precisamos diferenciar gêmeos univitelinos (GU) e gêmeos bivitelinos (GB). Os bivitelinos são resultado de duas fertilizações, por isso são geneticamente diferentes, exatamente igual ao que ocorre a quaisquer outros irmãos. Para que nasçam GB, a mãe precisa ovular duas vezes, e ao em vez de tirar um único óvulo em um ciclo, retira dois, que são fertilizados por dois espermatozoides e, portanto, têm dois filhos ao mesmo tempo, mas eles não são geneticamente iguais. No caso dos GU, caso sejam resultado de uma única célula, isto é, um óvulo da mãe e um espermatozoide do pai, ao se encontram, é fertilizado e o que normalmente ocorre é que desse ovo surja uma pessoa. Mas as vezes há erros e esses erros podem fazer que esse novo ovo se divida mais uma vez, muito, muito cedo e por isso ambos saem dois clones, duas pessoas que são geneticamente iguais. Embora o normal é que não sejam exatamente iguais, porque o ambiente também influencia: normalmente não pesam o mesmo nem têm a mesma altura, o ambiente tem seus efeitos sobre a genética. Não somos só genes!
Mas quando eles têm filhos, as possibilidades começam novamente, todas as cartas são embaralhadas e cada uma vai separadamente. Que em um organismo como o humano, faz infinitas as probabilidades de combinação.